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Por dentro das colunas
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Por dentro das colunas

A coluna de jornal é certamente uma das seções mais lidas da edição. Há leitores cativos de determinados espaços, que são, muitas vezes, preferidos devido à identificação do leitor com o colunista, com a forma como escreve ou com o assunto de que trata. São leituras rápidas, mas de informação precisa. 

 

Em alguns casos, o que diferencia a coluna de um artigo de opinião é tão somente sua diagramação, visto que a disposição do texto muda, mas o conteúdo opinativo enquanto gênero jornalístico é o mesmo. Em outros casos, a coluna é feita de notas, que têm o objetivo de informar eventos exclusivos, inéditos e interessantes ao público leitor.

 

Em qualquer veículo jornalístico, no O POVO inclusive, a coluna é tido como um espaço privilegiado, nobre, estruturado sob uma finalidade cara de contar os bastidores dos eventos em que se dão as notícias com uma explícita manifestação da opinião de quem a escreve. São muito lidas por diversos segmentos. Por isso, os assessores de imprensa disputam tanto a publicação de uma nota. Por isso, muitos leitores têm nas colunas a primeira leitura. É lá onde encontrarão o que não verão em lugar algum do jornal.

 

Lugar subjetivo que é, a coluna tem sua escrita intimamente ligada à personalidade do seu redator. Isso não significa dizer, porém, que ele não deva obedecer aos critérios jornalísticos básicos de produção de conteúdo e de conduta que baseiam todo e qualquer comportamento profissional do jornalista.

 

Interesses? 

 

Autoelogios, fotos de si mesmo, louvações constantes às mesmas empresas e pessoas, procedimentos extremamente questionáveis como expressões preconceituosas e machistas são alguns dos exemplos encontrados facilmente em algumas colunas do O POVO.

 

Leitores frequentes não têm muita dificuldade em identificar os colunistas que assim agem. Na semana que passou, recebi comentário de um deles sobre o tema. "Os colunistas não disfarçam. Aliás, as colunas estão contaminadas. Bajulação!", queixou-se. O leitor citou uma lista de políticos e empresas que são elogiadas constantemente nas colunas do O POVO.

 

Ressalte-se que não há problema algum em enaltecer feitos praticados por pessoas físicas ou jurídicas. É interessante até, visto que se denuncia e se reclama tanto que chega a ser surpreendente ler boas notícias. O que chama a atenção é a constância exacerbada das mesmas figuras nas mesmas colunas sempre com um tom laudativo.

 

Construtoras, concessionárias de veículos e restaurantes são constantes em algumas colunas. Que exclusividade e interesse tem para o leitor de coluna saber do preço e do cardápio recém-lançado de determinado restaurante? Ou de saber do lançamento do carro nada popular que chegou recentemente à badalada concessionária alencarina? Em outras, operadoras de planos de saúde são sempre as mais bem avaliadas. Sem falar nos políticos que são eleitos, por pesquisas não citadas, os melhores de todos os tempos.

 

O Guia de Redação do O POVO é claro ao informar: "O colunista não pode utilizar o espaço das colunas para promoção de interesses particulares. Também deve ficar atento à utilização excessiva de alguns personagens. Nas duas situações, cabe à direção de Redação alertar o colunista e adotar as medidas cabíveis para casos reincidentes".

 

O leitor Ireleno Benevides é um dos críticos frequentes de algumas colunas no O POVO. "Entendo que a produção das notícias tem a ver com o meio onde o colunista convive. Ou os colunistas sociais são bem nascidos ou se identificam com a classe dominante. Mas a Sonia Pinheiro mescla com alguma revelação importante, com notas de literatura, ciência, até de política. Faz um colunismo mesmo. Há outros que só escrevem coisas elementares ou preconceituosas. "É um machismo revestido de bom-mocismo", comenta.

 

Para ser publicada, a coluna passa pelo crivo de editores da Redação. A coluna não é um nicho pessoal, em que cada redator escreve o que quiser. O POVO precisa ter mais zelo com um espaço tão valioso. Ao mesmo tempo, por mais que haja certa projeção pública ao encabeçar o espaço, o colunista precisa se lembrar de que ali também se faz jornalismo.

 

por Daniela Nogueira

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