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Notícias falsas - como denunciar?
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Notícias falsas - como denunciar?

 

O POVO anunciou, no fim de junho, que estrearia em um programa de checagem de informações, junto com 23 outros veículos de imprensa de todo o País. A ideia é monitorar, verificar, checar e contrapor as notícias falsas, que gostam de chamar de "fake news" por aqui, em uma iniciativa que anima os entusiastas em busca da notícia correta. A ação empolga também os leitores, visto que O POVO é o único veículo do Ceará a integrar o grupo da imprensa que tem participado dos trabalhos. Isso significa que os leitores passam a ter acesso a um material qualificado, correto e responsável.

Desde o início deste mês de agosto, algumas matérias têm sido publicadas no jornal impresso com o selo do Projeto Comprova. Na versão online, no portal, também há notícias com o crivo do projeto.

Nas matérias de apresentação, O POVO sempre se preocupou em mostrar todas as informações de como o leitor pode entrar em contato caso queira denunciar alguma notícia ou sugerir verificação de alguma informação que considere suspeita.

Todas as formas de contato são sites e links do projeto, além de um número de aplicativo WhatsApp de São Paulo, ao qual os responsáveis nacionais do projeto têm acesso.

No portal do O POVO, nada hoje faz menção a formas de contato com o projeto de verificação tão relevante para a contribuição ao combate das "fake news". Não foi criado um espaço específico para o projeto. Não há um canal de fácil acesso e visibilidade. Não há um banner que chame a atenção do leitor usuário. Nas redes sociais, também não existem informações sobre as formas de comunicação. No jornal impresso, não vi mudança para atrair o leitor a denunciar, sugerir ou informar uma notícia falsa.

Contatos

Quanto ao contato via aplicativo WhatsApp, só existe mesmo o número com DDD 11, que é mantido pela coordenação do projeto. Imagino que seja realmente interessante para a coalização centralizar as informações e, de alguma forma, compartilhar com os jornalistas participantes do projeto e dividir os trabalhos. Cabe ao projeto decidir pela melhor forma de fazer isso.

No entanto, é incumbência de cada veículo escolher a melhor forma de comunicar um serviço tão importante aos seus leitores. Certamente não é como O POVO tem feito. Como eu posso saber se uma notícia que recebi pelas redes sociais, sobre as eleições, é mesmo verdadeira? Como sugerir que verifiquem se um link ou um vídeo que vi na internet com um candidato em quem vou votar é falso? Muitos dos leitores têm que recorrer a uma das matérias já publicadas para saber como denunciar.

Com o período eleitoral já vigente, não se pode perder tempo nem esperar que uma grande notícia viralize pelas redes sociais ou prejudique alguém para que alguma atitude seja, finalmente, tomada pelo jornal. Alguns dos 24 veículos da coalização já se estruturam e esboçam, em suas primeiras páginas na internet, formas de contato para verificação de notícias falsas. Deve-se mirar nessas boas experiências.

Jornalismo de serviço

 

Gosto sempre de repetir que "jornalismo de serviço" soa redundante, visto que oferecer a informação de que o outro necessita ou pode necessitar em algum momento nem deveria ser uma parte específica da instituição, mas uma utilidade primeira da profissão. Um serviço social em construção, pois. O jornalismo cumpre esse papel quando alerta, quando orienta, quando denuncia.

O POVO publicou uma sequência de denúncias, nos últimos dias, que tem repercutido para o bem e para o mal. Para o bem, porque é uma denúncia grave, séria, responsável. Para o mal, porque é uma história infeliz. Na sexta 17, a partir de matérias assinadas pelos jornalistas Carlos Mazza e Jáder Santana, o jornal manchetou "Motorista frauda app e é investigado por 4 estupros". Mostrou, em matéria exclusiva, a prisão do homem acusado, além do depoimento de uma das vítimas - uma história dolorosa, aterrorizante, emocionante.

Com a publicação da matéria, mais vítimas apareceram e medidas foram tomadas pela empresa do aplicativo de transporte.

A sequência teve fim, mas se espera que o jornal continue atento ao caso. É animador perceber que infelicidades como essas, de interesse público, podem vir à tona e findarem a partir da contribuição de uma verdadeira prática de jornalismo de serviço investigativo.

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