Porque são tempos de Copa do Mundo, até os menos interessados no esporte mais conhecido do País têm recebido, há alguns dias, informações mais variadas sobre futebol e Rússia, em muitas combinações possíveis. É inevitável não falar de futebol, mesmo a mais de 14 mil quilômetros de distância. Uma satisfação extrema para os aficionados pelo assunto. Uma lamúria sem fim para quem não gosta do tema ou acha exagerada a cobertura.
Noticiar a Copa do Mundo é algo justificado em nossa realidade pela factualidade do evento que se impõe, pelo interesse público notório, pela diversidade dos assuntos que a competição mundial traz consigo. Os jornais têm, no entanto, de procurar meios de inovar o noticiário. Primeiro, porque há uma comparação evidente – o evento anterior realizado no Brasil. Segundo, porque somos um país de apaixonados.
Ao O POVO, finalmente, a Copa chegou, já não sem tempo – após edições em que a contagem regressiva para o Mundial surgia esporadicamente na capa do jornal, acompanhada pelo mascote, e as páginas internas de Esportes traziam matérias de agências sem identificação gráfica do evento ou um material preparado exclusivamente para a edição.
O jornal tem publicado, todos os dias, o suplemento “Esportes Especial Copa”, especificamente para tratar dos assuntos afins à competição. É um caderno em formato tabloide que, além do relato dos jogos e de outras temáticas relacionadas ao contexto do país russo, apresenta análise de jornalistas da Casa e de convidados, números do Mundial e a queridinha tabela da Copa, publicada com atualização dos jogos.
Por Daniela Nogueira
O desafio de inovar
O caderno da Copa tem sido uma edição colorida, atraente, que pode ser manuseada à parte do restante do jornal – o que não dá para fazer com as páginas de Esportes normalmente, que são publicadas no primeiro caderno do impresso. Além disso, no dia 7 de junho, O POVO havia publicado o “Guia Copa do Mundo”, traçando um panorama das seleções, por grupos, detalhando os estádios-sede do evento, esmiuçando os principais nomes de cada time e projetando perspectivas.
Copa do Mundo não é só futebol, como se sabe. E, com a melhor das intenções, creio, de chegar àqueles que não gostam do assunto e a fim de conquistar esses leitores, é necessário investir em novas matérias, em abordagens diferentes para que o leitor possa, de algum modo, se sentir contemplado nesse ambiente. No entanto, algumas pautas surradas ainda insistem em ressurgir a cada quatro anos. Como a lista dos jogadores mais bonitos da Copa! Uma leitura agradável visualmente, por certo, mas que se mostra um tanto questionável quando analisamos dois conceitos relevantes na mídia tradicional – jornalismo e entretenimento. Até que ponto a busca pelos cliques se sobrepõe às pautas mais informativas diante de um leque plural de assuntos no contexto da Copa?
Em alguns textos da editoria de Esportes, permite-se ser mais leve, alguns até têm uma abordagem mais divertida. Talvez seja um meio de romper com tanta tensão em certos momentos de emoção. Mas definir o valor-notícia de um fato é algo essencial, é o que vai determinar se aquele acontecimento tem o valor suficiente para se tornar uma notícia. E como toda decisão, é algo subjetivo. Assim, estar diante um evento como a Copa é uma época ímpar para experimentar sugestões criativas de um modo mais lúdico até, mas sem perder seu caráter jornalístico, sem nos esquecermos do que é notícia e, principalmente, do que não deveria ser.
Nas redes sociais, O POVO tem investido em vídeos e podcasts, causando uma reação positiva com a audiência. Os comentários dos jornalistas e as informações repassadas por eles nesses meios são de larga importância para a promoção da discussão, especialmente para o público que acompanha as notícias esportivas. Muitas vezes, os leitores da internet interagem com os jornalistas e comentaristas não apenas para obter informações, mas também para compartilhar opiniões. Hoje, trabalha-se com convergência de mídias, unem-se as plataformas para disseminar o conteúdo, estimulam-se os canais de participação com o público. Em época de interatividade, o jornalismo precisa estar mais perto do público e, sobretudo, não se esquecer de trazê-lo para a sua cobertura.
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