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A preocupação do leitor com a verdade
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A preocupação do leitor com a verdade


Estudo divulgado recentemente apontou que o Brasil é o país mais preocupado com notícias falsas. De acordo com o Relatório sobre Notícias Digitais (Integra), que faz parte do Instituto Reuters, dos brasileiros entrevistados, 85% afirmaram se importar com a possibilidade de as notícias estarem manipuladas.

A pesquisa, divulgada na segunda quinzena de junho, analisou 37 países. Depois do Brasil, estão na lista Portugal (71%), Espanha (69%), Chile (66%) e Grécia (66%). É interessante que os meios de comunicação, O POVO inclusive, tentem interpretar as informações que os dados divulgados trazem.

Inicialmente, é explícito um aspecto amplamente divulgado – a questão da polarização no âmbito político presente nos países que lideram essa lista. Os próprios pesquisadores indicaram que processos políticos colaboraram para essa percepção. No entanto, um fato não pode ser ignorado – a Alemanha, que passou por eleições em setembro de 2017, apareceu com 37% de seus habitantes preocupados com a possibilidade de uma notícia ser falsa. Os alemães não estariam tão receosos assim com o assunto?

Ora, o país alemão aprovou uma lei, em prática neste ano, que institui multas milionárias às plataformas que não retirarem com rapidez um conteúdo ilegal, como mensagens de ódio ou notícias falsas. Na prática, joga a responsabilidade para as empresas de redes sociais. (Muitas vezes, esquecemo-nos de que são empresas privadas que têm a seu dispor todo o conteúdo que fornecemos.) Enquanto isso, no Brasil, vários projetos de lei caminham tentando encontrar, senão soluções, meios de minimizar os possíveis danos.

 

Por Daniela Nogueira

 

Redes sociais

As próximas eleições, de outubro, serão fundamentais para mostrar aos meios de comunicação como lidar com as notícias falsas. E não só ao jornalismo, mas a várias outras áreas, como à justiça. É evidente a necessidade de providência urgente acerca do tema.

A propósito do jornalismo, é válido observar a declaração dos pesquisadores do Relatório sobre Notícias Digitais em relação ao estudo aqui citado. “Quando olhamos para os resultados do nosso estudo, descobrimos que, quando consumidores falam sobre ‘fake news’, eles estão preocupados também com mau jornalismo, práticas de caça de cliques e enviesamento”, afirmaram à Agência Brasil. Os leitores (entendemos aqui como os consumidores/produtores de informação em geral) estão muito mais exigentes hoje em dia. E mais do que isso – muito mais atentos ao que é verídico e ao que aparenta ser falso. Ao confiável e ao desonesto. Ao que interessa e ao caça-cliques.

Não adiantam as publicações desesperadas em busca tão somente do engajamento nas redes sociais e da potencialização do alcance nas estatísticas se aquele fato não é relevante para grande parte do público. Rigoroso como é, o usuário de hoje entenderá do que se trata e poderá até clicar na notícia, induzido pelo título, mas se sentirá enganado quando ler a informação que não interessa ao grande público.

Vale lembrar que o mesmo relatório global divulgou que o índice de pessoas que se informam pelas redes sociais diminuiu em mercados considerados importantes do ponto de vista mundial, como Estados Unidos, Reino Unido e França. A mudança na forma matemática de as notícias aparecerem na linha do tempo das redes sociais pode ter contribuído para isso.

Mesmo assim, o Brasil ainda é o local em que o Facebook aparece com maior popularidade como fonte de notícias (66%), seguido pelos Estados Unidos (45%). Ainda em relação aos entrevistados brasileiros, quase metade (48%) afirmou que usa o WhatsApp para acessar conteúdo de natureza jornalística.

Isso é um dado importante também para O POVO, que disponibiliza envio de lista de notícias para seus leitores pelo WhastApp e poderia fazê-lo de modo mais regular. Além disso, deveria investir em mais conteúdo e outros recursos, como infográficos, além dos vídeos que já envia, adaptando para essa ferramenta, quando possível, o material que publica no impresso e em outras redes sociais. É uma ferramenta com alto poder de alcance e compartilhamento, de fácil visualização, mas que ainda é pouco aproveitada pelo jornal. 

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