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O destaque à Marielle
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O destaque à Marielle

 

A morte da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) tem sido motivo de uma série de publicações na imprensa por todo o País. É um crime cuja repercussão não se restringiu tão somente ao Rio de Janeiro, pelas características como ocorreu e pela batalha ideológica por que passa o Brasil. Assim, as coberturas jornalísticas têm sido comentadas sob diversos olhares – e, consequentemente, posicionamentos políticos e ideológicos.

 

Há quem comente que houve um exagero midiático na comoção que se espalhou pelo País. Há quem diga que a intensidade da cobertura tem sua razão.


No O POVO, a notícia da morte da vereadora foi publicada no dia seguinte, na versão impressa, em um texto curtíssimo, em que se informava o fato, sem muitos detalhes, alegando não haver mais dados até o fechamento da edição. Na sexta, o jornal estampou o assunto em capa temática, investindo em reportagem, análises e opiniões dos jornalistas da Casa.


No domingo passado, a edição finalmente se estendeu a outras vozes, contextualizando as lutas da ativista, explicando a mobilização das pessoas nas ruas e apresentando, de forma mais aprofundada, o discurso da vereadora. Dar destaque ao caso, expondo a gravidade da situação, é uma maneira de não minimizar o fato. O jornal, ao investir em análises, prezando pela pluralidade das opiniões, reforça sua cobertura e contribui para formar melhor.


Comentários de ódio


Em meio à onda de horror que se dispersa também pelos meios digitais, uma das piores formas de constatar a disseminação do ódio é ler os comentários em certas matérias. Na semana que passou, o professor de Filosofia Jarbas Vasconcelos entrou em contato incomodado com tais mensagens deixadas por leitores nas matérias nas plataformas do O POVO.


Há muita propagação do ódio e até apologia ao crime, ele reclama. “Independentemente do aspecto político, isso me incomoda muito. Escrevem que as pessoas merecem morrer, que morreram porque defendem bandido, justificam a morte. E não falo só por causa da vereadora, não. Mas o jornal acaba servindo como instrumento desses grupos que promovem o ódio”, afirma.


O incômodo de Jarbas é deparar com os comentários deixados ao fim das matérias, que deveriam ser um espaço para confronto de argumentos e troca de opiniões. O que existe hoje é bem diferente disso.


Como leitor do O POVO, ele atesta: “Há muitos perfis falsos. Estou evitando ler, porque, se a gente vai se opor, é linchado publicamente. Parece haver uma banalidade do mal. Isso é um perigo”. De fato, não é saudável. Se é para trocar xingamentos, ofensas e acusações agressivas, o espaço não faz sentido ao fazer parte de um conteúdo jornalístico.


O jornalista Érico Firmo, coordenador do Digital e editor do O POVO Online, explica que os comentários são feitos a partir do cadastro do Facebook. Ou seja, a partir do seu perfil no Facebook, você pode acessar a matéria e escrever o comentário. Ele acrescenta que é feita a moderação nas mensagens dos leitores, mas nem todas são contempladas. “Infelizmente não temos condição de fazer a moderação de todos os comentários, pelo volume de interação. O que existe é, em temas específicos, comentários serem acompanhados mais de perto e apagados quando ofensivos. Mas não conseguimos passar nem perto de dar conta de tudo”, diz.


É compreensível que a quantidade não permita o acompanhamento de todos os comentários, mas O POVO não pode liberar xingamentos e toda sorte de desrespeito em seus produtos. Em vez de promover uma discussão relevante acerca do tema, participações ofensivas devem ser banidas. O respeito à troca de ideias e a qualidade dos argumentos são o principal valor de um bom debate – não a intensidade de suas ofensas.


Ausência


Estou de férias nesta semana que se inicia, mas retornarei logo, no início de abril, quando responderei às mensagens que forem enviadas. A coluna não será publicada no próximo domingo.


Até a volta!

Daniela Nogueira
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