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O novo redesenho do O POVO
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O novo redesenho do O POVO

 

Daniela Nogueira

 

Como parte das celebrações dos 90 anos do O POVO, uma série de mudanças gráficas e editoriais está sendo lançada. Se você estiver lendo o jornal na versão impressa, deparou com um formato diferente – berliner – que será adotado aos domingos. Nos demais dias, o tamanho permanece, o standard. Na quinta-feira passada, 17, os leitores se surpreenderam com um novo jornal, que, desde a marca (mais sólida), anunciava que a mudança estava sendo impactante. Ao folhear as páginas, a ideia era de que tínhamos em mão outro jornal.



Com valorização das fotos, imagens bem maiores, mais espaços em branco e alteração de seções, O POVO apresentava seu redesenho e justificava as modificações como um atendimento às novas formas de consumir a informação. De fato, o jornal está mais arejado e colorido. Mais bonito. Os colunistas estão mais destacados. Além disso, o comprometimento é de que haverá mais investimento nas reportagens e nas análises, ao trazer mais opiniões.



Como toda mudança, o choque inicial gerou várias reações nos leitores. Foram diversas mensagens e ligações para comentar a novidade. Alguns, assinantes e demais leitores de décadas, asseguraram que nunca haviam visto no O POVO modificações tão radicais. Elogiaram a nova forma do jornal, mas houve muitos que se incomodaram. Alguns acreditam que o jornal perdeu texto ao investir mais em imagens. Outros se indignaram com a retirada inicial de serviços como a programação do cinema e o resultado da loteria. Há ainda os que, leitores de fim de semana, se queixaram da mudança do caderno Ciência&Saúde, que passa a ser veiculado às segundas. Como lidar com tanta mudança de repente?.

 

 

O protesto dos leitores

Paulo Roberto Clementino Queiroz, membro do Conselho de Leitores, elogia a disposição das fotos e o desenho do jornal, “com cara de domingo”. Mas teve a impressão de que tem menos texto. E sentiu “estranheza” quanto à diversidade dos assuntos na mesma página. “Até que ponto vale a pena mudar tudo de uma vez só? O jornal vai ter fôlego todo dia?”, pergunta.


Eliso Loiola foi um dos vários incomodados com a retirada da programação do cinema, que deixa de existir no jornal impresso e passa a ser veiculada no site. “Achei um absurdo reservar um espaço tão grande para o horóscopo e mandar o cinema para o portal”, opina.


Israel Carneiro observou que o jornal está mais bonito e com “uma qualidade gráfica impressionante”. Mas se queixa do Guia Vida&Arte (agora às quintas, e não mais às sextas) e do Ciência&Saúde (agora às segundas, e não mais aos domingos). Israel é um dos muitos assinantes de fim de semana – que pagam pelos jornais de sexta a domingo. Perderá a versão impressa dessas duas leituras. Anota: “Mudar dias habituais de cadernos e colunas quebra um hábito que muitos têm: abrir o jornal e saber que irá encontrar a coluna ou o caderno que consome. Perco um conteúdo que aprecio por conta de caprichos do jornal”.


É extremamente necessário e legitimamente válido que o jornal passe a reforçar o jornalismo investigativo, apresentando matérias sofisticadas visual e editorialmente e mais críticas. É o que se espera do (sempre) novo jornalismo. Mas uma parte da instituição jornalística que se deve considerar é o jornalismo de serviço. Existem até aqueles que dizem que o termo é uma redundância – afinal, todo jornalismo é de serviço. Faz sentido. Porém aqui se enfatizam os textos de caráter utilitário, as informações de utilidade imediata – entre elas, o cinema e a loteria. Com a loteria, o protesto foi tão incisivo que ela passou a ser publicada dois dias após a retirada. Ainda não tem lugar certo, mas voltou a existir no jornal.


Queixas sob análise

Erick Guimarães, diretor-adjunto da Redação, conta que todas as observações dos leitores são analisadas e que ajustes estão sendo feitos. Ressalta que as mudanças não foram aleatórias – basearam-se em estudos teóricos e enquetes com os leitores. Justifica a retirada do cinema a partir do baixo índice de leitura, constatado pelas pesquisas, e destaca a criação da página “Cinema&séries”, que aprofunda o tema. A ida do Guia Vida&Arte para quinta é uma forma de ajudar o leitor a se programar antes para o fim de semana, diz.


Toda mudança provoca um abalo, principalmente quando é um produto ao qual estamos tão acostumados. Mas não se deve ignorar os apelos do leitor. A grita de um pode refletir o incômodo de vários. São questionamentos que precisam ser levados à reflexão e à análise. Mudar para se adaptar aos tempos é imprescindível, mas isso implica modificar o hábito já enraizado dos padrões de consumo do público. O POVO disponibiliza vários canais de comunicação com o leitor e não deve se opor a refazer ajustes conforme a demanda, sob o risco de comprometer sua relevância e sua sobrevivência em meio ao interesse coletivo.

 

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