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Quando a notícia vira gato por lebre
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Quando a notícia vira gato por lebre

 

Tânia Alves

 

Requentado é um termo pejorativo em jornalismo. Significa aquilo que já foi publicado e aparece como se fosse algo novo. Aplica-se muito quando se quer atingir determinados objetivos, às vezes nem sempre de boa-fé. Pois uma coluna do O POVO está se especializando em trazer informação requentada. Só que o plágio, coisa que é vedada no O POVO, se aplica ao próprio colunista – isto é, ‘plágio’ dele mesmo. Na quinta-feira passada (23/11), identifiquei que duas notas editadas, naquele dia, na coluna “Adriano Nogueira”, já haviam sido publicadas na página na internet Tapis Rouge (www.tapisrouge.com.br), assinada pelo colunista.

 

O colunista só teve o trabalho de copiar duas notas da página virtual e colar no espaço que ele mantém na editoria de Economia do O POVO. A primeira, sobre o Prêmio Equilibrista, havia sido postada na internet no dia anterior (quarta-feira) com o mesmo título e texto. A segunda, sobre a pré-estreia do filme “Os parças”, fora publicada na página do colunista na web dois dias antes. Com o mesmo título e texto. Ficou esdrúxulo. Na sexta-feira, o caso se repetiu com mais duas informações, que estavam na rede no dia anterior, sendo replicadas sem qualquer mudança na página de Economia.

Outro caso que não se encaixa dentro dos padrões de jornalismo do O POVO foi detectado com o mesmo colunista. No domingo passado, já havia alertado à Redação que notas sobre o mesmo assunto estavam sendo publicadas no espaço do colunista na Editoria de Economia e, poucos dias depois, apareciam na coluna social dele no caderno People. O Guia de Redação recomenda que os colunistas devem ficar atentos à utilização excessiva de alguns personagens. Coisa que, neste caso, não se levou em consideração.

Enviei mensagem à Redação para saber que providências seriam tomadas para evitar que essas inadequações se repitam. Recebi de Clóvis Holanda, editor-chefe de Conteúdo Social e Relacionamento do O POVO, a seguinte resposta: “Vamos analisar sua ponderação, reforçar os procedimentos para que as notas não sejam mais repetidas e conversar com o colunista”.

É bom que os procedimentos indicados pelo editor sejam postos em prática. Sei que é natural hoje em dia que colunistas mantenham espaço na web e ainda escrevam colunas no impresso. Também é comum o replicar de notas da rede para o impresso e vice-versa. Faz parte do novo modelo de informação. Mas nas empresas de notícias que são sérias, como O POVO, a fonte inicial deve ser citada e o texto refeito. Exceção para o caso de notícias produzidas por agências.

Colunista publicar nota em plataforma digital e ele mesmo copiar no impresso, com o mesmo texto e título igual, não é comum por aqui. Vira uma informação preguiçosa, sem qualidade. É uma prática pouco ortodoxa, que não engrandece o jornalismo que O POVO faz há quase 90 anos. Com notícia requentada e copiada, o impresso está entregando gato por lebre.

 

DESTAQUE E QUESTIONAMENTO
A Operação Expresso 150, que investiga suposto esquema de venda de decisões judiciais no Ceará voltou a ser manchete do O POVO na quinta-feira passada (23/11). Naquele dia, o assunto ganhou desdobramento na editoria Política (ver fac-símile da página 15) a partir da denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que atingiu três desembargadores, e mais 11 pessoas – entre elas, oito advogados. A Operação Expresso 150 é uma pauta que O POVO tem acompanhado sistematicamente sempre de forma eficiente, como foi a cobertura da semana que passou.

Neste ano, por exemplo, o assunto foi manchete do jornal em, pelo menos, mais três ocasiões: dia 17 de abril (“PF diz que desembargadores tentaram esconder patrimônio”); dia 14 de junho (“Nova fase da operação afeta dois juízes”); e 29 de agosto (“MP quer barrar auxílio moradia de desembargador afastado”). A cobertura tem primado pelo aprofundamento do tema como devem ser as coberturas jornalísticas.

A forma como o jornal destacou o assunto na capa do O POVO naquele dia, porém incomodou um leitor, que se manifestou. A manchete dizia: “Três desembargadores são denunciados por corrupção”. Na linha fina (frase colocada logo abaixo do texto) estava escrito: “Lista ainda tem advogados, empresários e até mulher de magistrado”. Por causa desta frase, o leitor escreveu: “Em tempos de defesas diversas contra o machismo, a manchete de hoje coloca por terra quase todos os esforços que este veículo de comunicação faz sobre o tema: artigos, colunas, editoriais etc”. Ele questionou o motivo de colocar no título a mulher de um dos denunciados e deixar de fora o namorado de outra. “Para quê ressaltar a ‘mulher’ e deixar o ‘marido’, quando, na mesma edição, página 5, há uma reportagem sobre revisões acerca de feminicídio e pensões”. Ele se referia à manchete da página de Brasil daquele dia: “Feminicídio - AGU quer suspender direito do autor a benefícios”. Faz sentido.

 

PARA ACIONAR A OMBUDSMAN
Os leitores das diversas plataformas do O POVO podem entrar em contato com a ouvidoria pelo WhatsApp (85) 988 93 98 07; por email (ombudsman@opovo.com.br) e telefone fixo (3255 6181). O leitor pode ainda visitar a ombudsman se necessário. Basta ligar e agendar.

 

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