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Morte dos adolescentes: caso que precisa ser aprofundado
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Morte dos adolescentes: caso que precisa ser aprofundado

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Tânia Alves

 

A execução de quatro adolescentes retirados de dentro do Centro de Semiliberdade Mártir Francisca, na Sapiranga, foi manchete do O POVO (ver fac-símile), do Diário do Nordeste e do O Estado na terça-feira passada (14/11). Não podia ser diferente pela crueldade e pelo modo que se deu a ação de bandidos, afrontando o poder do Estado. Porém a cobertura que O POVO fez naquele dia e na quarta-feira passada foi alvo de manifestações de leitores que cobraram mais aprofundamento do assunto. Ainda na terça-feira, um leitor enviou mensagem classificando como uma “decepção” a cobertura. “A matéria não tem fontes. Não tem dados. Não tem detalhes, reações. Por que os quatro foram escolhidos em meio a quarenta? O assunto ganhou dois minutos e 40 segundos no Jornal Nacional”. Ele sugeriu: “O POVO poderia fazer alguma coisa. Cobrar da Polícia. Não basta noticiar. Tem que cobrar”.

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O assunto era grave demais para não ter um aprofundamento mais eficiente. No comentário interno enviado para a Redação, também na terça-feira, destaquei como ponto forte da notícia o fato de ter denunciado que a ameaça aos internos já era do conhecimento do Judiciário e do Estado. Falhou, no entanto, ao deixar de conter uma ambientação mais substanciosa. Assim como insistir em cobrança mais efetiva das ações do poder público, pois os jovens mortos estavam sob proteção de um organismo estatal.

 

Na quarta-feira (15/11), a suíte do assunto mostrou dados de mortes dos adolescentes no Ceará, conteúdo produzido a partir de estatística do Governo do Estado. Falas do governador Camilo Santana e do secretário da Segurança, André Costa, foram inseridas na cobertura. Além disso, informava que um suspeito havia sido preso. Nesse dia, outro leitor cobrou aprofundamento sobre a responsabilidade do Estado diante da informação de que a Vara de Execuções Penais havia pedido reforço na segurança para o Centro de Semiliberdade, e a Secretaria da Segurança não havia tomado conhecimento, segundo o próprio secretário da pasta. Na quinta-feira (16/11) e sexta-feira (17/11), o assunto desapareceu do noticiário do O POVO, o que fez o primeiro leitor se manifestar novamente. “O POVO esqueceu a Chacina da Sapiranga? Engoliu a história de que prendeu um suspeito?”

 

A timidez, que não é o espírito do jornalismo do O POVO, tem aparecido em algumas coberturas por aqui ao longo deste ano. O assassinato dos quatro adolescentes ainda tem pontos que precisam ser esclarecidos. As falhas das autoridades necessitam ser apuradas para que haja correção. Ainda é tempo do O POVO entrar com mais verticalidade na cobertura do assunto. O jornalismo só tem sentido se enxergar e retratar a dor dos mais fracos. Além disso, vale lembrar: a credibilidade do O POVO, construída ao longo de quase 90 anos, foi estabelecida pela independência e pela capacidade que ele tem de aprofundar e cobrar das autoridades.

 

FALHA RECUPERADA
Na terça-feira e quarta-feira passadas, O POVO foi cobrado por leitores que desejavam ler sobre a operação Cadeia Velha, desencadeada no Rio de Janeiro. A ação envolveu deputados estaduais do PMDB – entre eles, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, que foi levado coercitivamente para depor. Atingiu ainda o empresário Jacob Barata Filho, conhecido como “Rei do Ônibus”, que teve prisão decretada.

 

No dia em que a operação foi desencadeada, recebi de um leitor mensagem cobrando uma boa cobertura do fato no dia seguinte no O POVO. Ele lembrou que Jacob Barata Filho havia sido preso e que empresas de ônibus que atuam no Ceará têm o empresário como sócio. “É necessária cobertura forte sobre isto.” Só que ela não veio. Na quarta-feira, após a cobertura se restringir a uma nota Breves, na Radar, outro leitor cobrou: “E a operação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro fechando o cerco ao PMDB? O Diário do Nordeste tem vindo mais completo”.

 

De fato, os leitores têm razão. A informação, que no dia anterior esteve em destaque em vários portais de notícias, se resumiu no O POVO a cinco linhas que deixavam o conteúdo incompleto. Para quem não acompanhou o noticiário em outra plataforma, era impossível entender o teor.

 

Na sexta-feira, no entanto, a cobertura da Operação Cadeia Velha se tornou mais extensa a partir de desdobramento do caso – Tribunal Regional Federal da 2ª Divisão decretando a prisão de deputados suspeitos, entre eles, o presidente da Alerj. Uma matéria principal e duas coordenadas foram editadas sobre o assunto na editoria Política. A partir deste caso, vale insistir: embora seja um jornal muito voltado para o regional, O POVO não pode prescindir de ficar atento aos acontecimentos que têm alcance significativo do País. Foi o caso daquela operação da PF.

 

PARA ACIONAR A OMBUDSMAN
Os leitores das diversas plataformas do O POVO podem entrar em contato com a ouvidoria pelo WhatsApp (85) 988 93 98 07; por email (ombudsman@opovo.com.br) e telefone fixo (3255 6181). O leitor pode ainda visitar a ombudsman se necessário. Basta ligar e agendar.

 

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