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A ambiguidade em títulos
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A ambiguidade em títulos

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Na tarefa diária de fazer jornalismo, os títulos têm uma importância ímpar para o sucesso de uma matéria. Bons títulos que apresentem de maneira clara o conteúdo da matéria é uma arte. Às vezes, até mesmo a troca de uma palavra de lugar ou o uso inadequado dela podem mudar o entendimento para quem faz a leitura. Um leitor tem apontado, insistentemente, ao longo deste ano, títulos com sentido ambíguo no O POVO. Elenco algumas observações dele sobre o assunto.

No dia 9 passado, ele escreveu sobre a manchete “Janot pede prisão de Joesley, diretor da JBS e ex-procurador”: “Do jeito que foi escrita, a manchete diz que o Joesley é diretor da JBS e também ex-procurador”. No dia 17 de agosto, uma chamada na capa informava: “Interior do Ceará tem 18 zonas eleitorais extintas; Fortaleza ganha quatro”. Ele observou: “A partir do que está escrito, poder-se-ia fazer as seguintes perguntas: por que o Ceará não se desfez destas 18 zonas extintas? E por que será que Fortaleza ganhou quatro zonas extintas?”


No dia 8 de agosto, na editoria Brasil, o título destacava: “Justiça suspende processo por homicídio de acidente em Mariana”. Mais uma vez ele apontou: “Do jeito como está escrito, ficou a dúvida: o acidente de Mariana cometeu ou sofreu o homicídio? Matou ou morreu?” O leitor ainda deu a sugestão de como poderia ser: “Poderia ter sido assim: Suspenso o processo por homicídio resultante do acidente em Mariana”. Em outra ocasião, no dia 29 de julho, a partir de um título “Presos acusados de praticar estelionato no Ceará e outros três estados”, ele observou: “Como está escrito, significa que presos foram acusados, ou seja, que os acusados já estavam presos”.

Entendo que a insistência do leitor em apontar ambiguidades nos títulos é uma maneira de cobrar mais atenção com eles. É nossa obrigação, como jornalistas, oferecer títulos precisos e coerentes mesmo que o espaço para escrevê-los seja delimitado por colunas e caracteres.

PERGUNTAS NÃO RESPONDIDAS
 

Uma matéria publicada no O POVO Online, com o título “Lula não responde a todas as perguntas em depoimento a Moro”, na quarta-feira passada (13/9), foi motivo de questionamento de leitor que escreveu: “Por que não respondeu? Por que a matéria não citou as prováveis perguntas não respondidas?”. Ele tem razão. A matéria postada no portal no mesmo dia em que o ex-presidente prestou depoimento ao juiz Sergio Moro estava incompleta. O texto, talvez ainda escrito durante o depoimento, deixou de informar quais as perguntas ou pelo menos o assunto que Lula não respondeu.

Ao longo do texto, a matéria fazia uma contextualização imprescindível, mas, ao não esclarecer sobre as perguntas, deixou a informação incompleta. Se o conteúdo destacou que o ex-presidente não respondeu todas as perguntas, era preciso citá-las. Até mesmo para o leitor saber se ele ficou em silêncio ou se deu resposta não condizente. Era de se esperar que, no dia seguinte, no impresso, a informação voltasse com mais detalhes. Mas isso não aconteceu. Mais uma vez, só citação sobre perguntas não respondidas, sem que se aprofundasse o assunto.
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A IMPORTÂNCIA DA REPORTAGEM
 

O POVO publicou na segunda-feira passada (11/9) o caderno especial “As águas de Francisco – Expectativa e realidade na peleja da espera” (ver fac-símile) que retoma o assunto sobre a transposição das águas do rio São Francisco. Com um projeto transmídia (impresso, webdocumentário e especial no Portal), mostra o quanto é importante o impresso apostar em matérias que primam pela profundidade. O quanto é importante, às vezes, dar aos repórteres mais tempo para apuração de um assunto. Com as redações enxutas, este é um desafio.

O caderno conta sobre a transposição a partir da percepção de quem já recebeu as águas do São Francisco e de quem ainda sonha com elas. Os textos conseguem reunir informação sobre a situação da obra mesclando com personagens densos. A apresentação gráfica é bem diferente e contou com esculturas em argila formando desenhos ao longo do caderno. Para completar, um webdoc que percorre o rio por meio das cidades por onde ele passa. Foi um bom momento da semana.

ATENTOS ATÉ A CAMPANHA
 

Leitores estão atentos até mesmo a anúncios institucionais publicados no O POVO. Foi o que aconteceu na semana que passou com a publicação de uma peça da campanha que destaca ser O POVO o único jornal do Ceará que circula todos os dias. Na mensagem enviada, ele classificou o conceito como “inteligente”, mas apontou uma imprecisão: “A ideia era mostrar fatos históricos que, se acontecessem hoje, seriam notícia no O POVO. Só que aí cometeram o erro de elencar fatos ocorridos aos domingos. A final da Copa de 70 foi num domingo na hora do almoço. Já o homem pisou na Lua às 17h30 de Brasília de um domingo”.

Ele lembrou que fatos ocorridos aos domingos são noticiados na segunda-feira no impresso. “A boa ideia da campanha, pra fazer sentido, precisaria elencar fatos ocorridos aos sábados”. O detalhe para o qual o leitor chamou atenção é verdadeiro. Os dois acontecimentos citados por ele e reproduzidos na campanha ocorreram em domingos.

 

Por Tânia Alve

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