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Dentro do limite aceitável
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Dentro do limite aceitável

 
Duas matérias publicadas recentemente no O POVO Online resultaram em dúvidas sobre o conteúdo. Os leitores questionaram se as informações veiculadas nas postagens eram fruto de informe publicitário, ou publieditorial como se chama hoje. O primeiro caso ocorreu com o texto “Barbearia de Fortaleza oferece pizza grátis aos seus clientes no Dia da Pizza”, editado no dia 8 de junho passado. Após perguntar se os jornalistas do O POVO achavam que nenhum leitor perceberia que ali estava uma matéria paga, ele escreveu: “Nada contra, mas anúncio disfarçado de matéria redacional, sem nenhuma identificação de ‘informe publicitário’ é ético?” O segundo caso se deu com a publicação da matéria “Outback vai dar dois chopes aos clientes de Fortaleza na semana de Dia do Amigo”, postada em 14 de junho passado. “Isso só pode ser matéria paga”, disse outro usuário.

No primeiro caso, após insistir por três vezes solicitando uma resposta para enviar ao leitor, recebi esta semana, esclarecimento da editora-adjunta do portal O POVO Online, Silvia Bessa. Ela explicou que a matéria da barbearia não era publieditorial e ressaltou que, se assim o fosse, estaria sinalizada. “O que temos, de fato, é oferecido mais matérias sobre restaurantes e promoções. Acompanhando pelas ferramentas que medem nossa audiência, percebemos que são conteúdos que despertam interesse em nossos leitores. Pensamos, assim, estar oferecendo serviço, ainda que de alguma forma beneficie quem promove ou faz disso comércio”. Ela esclareceu mais: “É exatamente isso que fazem todos os jornais ao divulgarem eventos como shows e livros, por exemplo. Ou mesmo os cadernos de gastronomia ao apresentarem restaurantes, chefs e pratos. Não me parece menos ético o que temos feito”. No caso do restaurante, quem respondeu foi a editora de Agenda Cultural e Serviços, Camila Holanda.

Ela também descartou conteúdo pago e explicou que a publicação se deu por ser algo curioso e de interesse público. “Não foi uma matéria publieditorial (ou paga). Se o fosse, com certeza, haveria uma etiqueta na matéria mostrando que é ‘publi’. Não temos o hábito de esconder matéria publieditorial. Nem motivos para isto”.

É fato que notícias que trazem informação como as duas citadas pelos leitores já viraram rotina nos portais de notícias. Elas se destinam a um público específico que gosta e procura promoção. Faz parte das mudanças que aconteceram no jornalismo online. Estas informações vão ficando cada dia mais presentes nos noticiários. É a nova casquinha do sorvete, é o alfajor argentino que chegou por aqui, é a churrascaria que está dando desconto. É preciso, no entanto, tomar cuidado para não deixar os leitores confusos, como ocorreu nos dois casos citados.

Os conteúdos criticados pelos leitores estão no limite do aceitável, pois podem ser considerados de serviço. O ideal é que, em casos como o Dia da Pizza, por exemplo, a publicação não se restrinja a um único estabelecimento, mas se faça um apanhado com as promoções dos restaurantes. Do mesmo modo, outras casas, além da citada na matéria, poderiam também estar apresentando promoções para o Dia do Amigo. Juntá-las seria ótimo para o leitor. O serviço ficaria mais completo.

Vale dizer ainda que, no jornalismo, é imprescindível ser transparente. O Guia de Redação e Estilo estabelece regras claras para conteúdo de informe publicitário no impresso. Entre outras coisas, ele não pode apresentar cópia ou semelhança com o projeto gráfico do jornal, “para impedir a confusão no leitor entre espaço publicitário e espaço editorial”. Ainda, conforme o Guia, deve ser sinalizado, no alto da página, que é um informe publicitário. “Além disso, deve ser evitada qualquer forma de interferência, por parte de anunciantes do jornal, no conteúdo editorial do O POVO, mesmo em projetos especiais que contenham patrocinadores”. Porém, o Guia necessita de atualização para se adequar ao jornalismo que inclui outras plataformas.

O ESSENCIAL E O ACESSÓRIO


Na quinta-feira passada (20/7), O POVO trouxe como manchete a seguinte notícia: “Cadeirante que testemunhou em caso de extermínio é executado” (ver fac-símile). A forma como a manchete foi apresentada recebeu críticas de um leitor. Ele escreveu: “Que manchete é esta, a relevância está na condição de ‘cadeirante’ ou de testemunha? Dá a impressão de que ser cadeirante é mais relevante do que ser a testemunha. Caso diferente foi o cadeirante, trocador de ônibus, que morreu após queimaduras nos ataques a ônibus meses atrás, ganha relevância ao fato de não ter sido socorrido a tempo. Não é o caso da manchete de hoje.”

O leitor fez uma avaliação acertada. A notícia sobre a morte da testemunha não fazia alusão que o assassinato do rapaz tenha ocorrido pela condição dele de cadeirante, mas, sim, lembrava que ele havia sido ameaçado de morte após ter sobrevivido a uma tentativa de homicídio por grupo de criminosos. A vítima chegou a integrar o Programa de Proteção de Testemunhas Ameaçadas no Estado do Ceará (Provita-CE).

Esta foi a linha essencial da narrativa. No conteúdo, ser cadeirante era acessório.

PARA ACIONAR A OMBUDSMAN


Os leitores das diversas plataformas do O POVO podem entrar em contato com a ouvidoria pelo WhatsApp (85) 98893 9807; por email (ombudsman@opovo.com.br) e telefone fixo (3255 6181). O leitor pode ainda visitar a ombudsman se necessário. Basta ligar e agendar. 

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