Logo O POVO+
Igualdade de salários: meio bilhão a mais na economia
Foto de Neila Fontenele
clique para exibir bio do colunista

Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

Igualdade de salários: meio bilhão a mais na economia

economia
NULL (Foto: )
Foto: NULL
[FOTO2]

A primavera brasileira começa quente, dividida por bandeiras morais e econômicas, aquecidas pela emoção da proximidade das eleições. O lado bom disso tudo é a visibilidade de discussões consideradas até de menor importância por alguns grupos, em função de tantos debates essenciais, como a manutenção das contas públicas, das aposentadorias e da saúde, e as questões ligadas à insegurança.

 

Um desses debates que ganha visibilidade é sobre as diferenças de gênero. A questão é tão séria que virou uma das bandeiras da ONU. Na plataforma 50-50, que está no centro da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, esse é um dos desafios.

 

O Instituto Locomotiva divulgou estudo sexta-feira, em São Paulo, durante o evento Mulheres na Política, promovido pelo jornal El País, em que mostra a relevância dessa tarefa. No Brasil, existem 107 milhões de mulheres. Pelo estudo, a população feminina movimenta 1,8 trilhão de reais por ano e, se houvesse igualdade salarial entre gêneros, entrariam potencialmente por ano mais R$ 484 bilhões na economia.

 

Brasil 1|

 

UM PAÍS FEMININO

 

O Brasil não é a ilha Paraíso da personagem de quadrinhos Mulher Maravilha, mas é preciso uma tomada de consciência da relevância do papel político e econômico feminino. A análise do Instituto Locomotiva é a seguinte: se a população brasileira feminina fosse um país, ela representaria o 13º maior em população do mundo. Portanto, não há explicação racional plausível para as diferenças salariais.

 

Brasil 2|

 

AUMENTO DAS DIFERENÇAS

 

Pesquisa da consultoria Catho com a participação de 17 mil respondentes apontaram que mulheres ganham menos do que homens em quase todas as categorias de níveis hierárquicos consultados, com diferença média de 36% a mais para os homens, diante do mesmo cargo e da mesma formação profissional.

 

O mais grave é que algumas funções ainda aumentaram a diferença salarial em 2018 em comparação a 2017. Pelos dados da Catho, entre profissionais graduados, as diferenças salariais passaram de 34% a 36%. Para os cargos de analista, aumentaram os abismos nos salários de 17% a 28%.

Felizmente, em alguns níveis hierárquicos, as diferenças salariais entre homens e mulheres foram reduzidas; esse foi o caso de funções como supervisor, coordenador, líder e encarregado, que caíram de 22% para 16% (ver quadro).

 

Brasil 4|

 

PROCESSO DE AMADURECIMENTO

 

Na avaliação de Annette de Castro, a lei brasileira já impede a desigualdade por gênero. Segundo a executiva, muitas empresas talvez não tenham consciência das anomalias internas e ainda estão construindo novos processos. "Nas multinacionais, as regras são bem claras, mas esse é um processo de maturidade das empresas", acrescenta. 

 

COTAS NOS CONSELHOS DAS ESTATAIS

[FOTO1] 

A líder do Grupo Mulheres do Brasil, Annette de Castro, destaca que há uma construção de conquistas. Uma das bandeiras do movimento, o estabelecimento de cotas para executivas nos conselhos das estatais, já foi aprovado no Senado.

 

Ela afirma que essa bandeira se restringe às empresas públicas, em função do entendimento de que as companhias privadas devem ter suas próprias decisões sobre o assunto.

Foto do Neila Fontenele

Trago para você o fato econômico e seu alcance na vida comum do dia a dia. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?