Guias para sobreviver a esta semana
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Guias para sobreviver a esta semana

2018-09-30 00:00:00

É bem provável que nenhuma outra eleição presidencial tenha sido tão ansiosamente aguardada como a do próximo dia 7 de outubro. Falta uma semana. É o próximo domingo. Mas repare. A ansiedade nem parece pelo desejo de votar em um nome no qual se acredita, mas pelo não voto em outro.

 

Aquela vontade expressa em tom de repulsa de movimentos de Não, em vez de Sim; a cobrança por uma posição alheia, mas nem tanto de autocrítica; o protesto contra veículos e institutos de pesquisa, a menos que números, pautas e angulações lhe soem positivas. Sim, é fácil entender o porquê do desassossego daqueles que desejam apenas que estes dias passem logo. Um bom atenuante nem seria se fingir de alienígena, mas montar um breve guia de sobrevivência.

 

Começaria por apoucar o tempo no asfixiante ambiente das redes sociais (aquela gravidade aonde o homem flutua) e por mais os pés nos chão da realidade. A terra firme na qual se pode enxergar melhor, sem a limitação das escotilhas ou das matilhas de militantes domesticados - uma espécie que se reproduz como Gremlins.

 

Livre dos bordões e das hastags obrigatórias, por certo haverá atmosfera mais propícia para tomar decisão. Sim, não é fácil, mas é o mínimo. Buscar ar puro, naturalmente, não implica ao final embuçar as escolhas. Assuma-as se for capaz de lidar com as patrulhas. Elas estarão no trabalho, numa fila de cinema, numa esquina ou numa mesa de bar.

 

Com militante nem vale a pena discutir. Melhor manter saudável distância. No máximo, se assim for possível, mude o rumo da prosa. Tente falar de música. Quer dizer, se incluir Anitta, Preta Gil, Daniela Mercury e Ivete Sangalo a pauta será a patrulha. Bem, quando a chuva passar, quando o tempo abrir, abra a janela.

 

Melhor agir como fazem jornalistas não seguidores de partidos ou de ídolos, mas apenas profissionais cujo ofício é contar histórias ou emitir opiniões. Para estes, um contingente do qual é honroso integrar, as leviandades, os julgamentos irascíveis e toda a sorte de insensatez são apenas detrito.

 

Este sangue frio deve compor o procedimento do eleitor comum. Por comum, tome-se aquele que vota pelo desejo de participar do processo, que se permite sonhar sem medo de ser acusado de ingênuo e, melhor, que não acredita em ingenuidades.

 

"MACARTISMO AMBIVALENTE"

O Macartismo, a perseguição aos comunistas nos anos 1950 nos Estados Unidos, suscitada pelo senador Joseph McCarthy - daí seu nome - ressurge no Brasil em uma versão, digamos, ambivalente. Neste lado Sul da América, a caçada é mútua entre comunistas e bolsonaristas, seja lá o que forem estes dois tipos.

 

Olhando de longe, vê-se muita raiva mútua, antes de mais nada. Mas há boa gente em ambos os lados. Não é justa a generalização, ainda que indícios sempre devam ser considerados. Entre os que gritam contra os tais "comunistas", sugerem que tomem um avião para Cuba e até dançam uma coreografia no calçadão, há um universo de revoltados com os desatinos da Era petista no Poder.

 

Do jeito deles, simplista é verdade, acreditam no capitão como herói capaz de pacificar as ruas e delegar direitinho a economia. No meio, há donos e trabalhadores que só cansaram do PT por conta da tragédia na economia. Sem o fracasso da chamada nova matriz econômica dilmista, estariam de boas fazendo sarradas no ar. Quem os inventou também foi o fiasco da dita Esquerda.

 

E a dita Esquerda? Segue a mesma cartilha e fuzila quem encontra pela frente nas fileiras do #EleSim. Movida pelas sandices cometidas pelo deputado - e não são poucas - dedicam mais energia à derrubada do inimigo do que ao seu candidato, ainda que o prefeito não reeleito seja hoje o mais provável opositor em um possível 2º Turno. A rigor, pratica tudo aquilo que mais condena, o preconceito. Viramos isso.

 

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