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Política local e o fim de semana decisivo
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

Política local e o fim de semana decisivo

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O fim de semana será de agitação na capital cearense. Não apenas pela convergência acidental entre Fortal, Halleluya e Sana, mas por causa das convenções partidárias de PSDB, Pros e PSL, além do encontro de tática eleitoral do PT. O evento petista, que faz as vezes de convenção, reúne delegados da sigla num auditório para decidir o futuro da legenda no Estado.

 

Me concentro no PT, que tem muitas pendências a resolver. A primeira e principal delas: o partido vai reclamar a segunda vaga ao Senado na chapa governista? Se sim, cria um problema para o governador Camilo Santana (PT), que, como já fez questão de demonstrar, tem preferência por Eunício Oliveira (MDB).

 

Nessa hipótese, o chefe do Executivo precisaria lançar mão de uma sofisticada engenharia intra-partidária caso não deseje sacrificar o aliado de última hora, a quem vem acenando com promessas de casamento em troca de liberação de verbas federais.

 

Se, pelo contrário, a resposta da legenda for não, abre-se então o caminho para o presidente do Congresso tentar a reeleição. E essa via também é incerta. Fora de uma coligação formal, Eunício teria de explorar a proximidade com o governador e o tour que a dupla fez pelo Interior recentemente.
É suficiente para garantir a recondução à Casa?

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Num caso como no outro, é uma decisão a que o PT não chegará sem fissuras internas e choques de alas do partido. Embora não pareça à primeira vista, a cartada é também de alto risco para Camilo, que banca praticamente sozinho o presidente do Senado, inclusive a despeito da contrariedade já evidenciada pelo grupo dos Ferreira Gomes – em sua última passagem por Fortaleza, Ciro, bem à sua maneira, cuidou em manifestar novamente o seu veto ao senador.

 

Nos últimos dias, todavia, Camilo tem emitido sinais de que a relação com Cid e Ciro permanece a mesma. Ora, o simples fato de que aliados do governador precisem afirmar reiteradamente que tudo está normal é o primeiro sinal de anormalidade.

 

A situação de Eunício não é mais confortável. No melhor dos cenários, vai para a corrida eleitoral contando unicamente com o apoio indireto do governador. No pior, nem isso.

 

A VEZ DOS TUCANOS

No domingo, é a vez de o PSDB se reunir para selar a chapa que vai enfrentar o conglomerado de 24 partidos administrado por Camilo. Na cabeça da composição tucana, nenhuma novidade: General Theophilo. O candidato vem de périplo no interior cearense. A seu lado, terá a companhia do Pros do deputado estadual Capitão Wagner. E só.

 

Não se enganem, porém. Campanha é como Copa do Mundo. Uma caixinha de surpresas.

 

CIRO FAZENDO “CIRICES”

Depois de dizer que jamais se encontrou com partidos do centrão para negociar apoio – ele talvez não, mas seus assessores, sim –, Ciro voltou à carga nessa quinta ao afirmar que representa candidatura antagônica à de Lula. Isso mesmo.

 

Objeto de análise do colega Gualter George neste mesmo espaço ontem, as vertiginosas alterações de pontos de vista de Ciro às vezes o favorecem, sobretudo quando confrontado em sabatinas e entrevistas. No mais das vezes, porém, essa capacidade de oscilar drasticamente tem operado contra o candidato.

 

É o que pareceu. Dias atrás, numa entrevista a um canal de TV do Maranhão, quase prometeu que soltaria o ex-presidente petista se fosse eleito. Menos de 48 horas, agora na Assembleia Legislativa de São Paulo, desdisse o que havia afirmado pouco tempo antes.

 

Honestamente, já não sei mais em que momento o pedetista disse o quê contra quem. A impressão é de que cada declaração agora é apenas a tentativa de correção de algo dito lá atrás, que, por sua vez, retifica um mal-entendido anterior, este resultado de um destempero ocasional pelo qual Ciro está constantemente tendo de explicar. Espero que o eleitor não tenha perdido o fio da meada.

 

Foto do Henrique Araújo

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