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Datafolha pode enterrar Alckmin
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

Datafolha pode enterrar Alckmin

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Pesquisa é pesquisa, costumam desconversar os pré-candidatos quando querem fingir naturalidade e engabelar o nervosismo diante do eleitor. É o caso de Geraldo Alckmin (PSDB). A nova rodada do Datafolha que chega aos jornais hoje ainda ou nas primeiras horas deste domingo tem o poder de enterrar ainda mais a candidatura do tucano ou de reanimá-la.

 

Se permanecer no mesmo patamar de agora ou cair um ponto porcentual que seja, o apoio ao ex-governador de São Paulo vai se erodir mais, a ponto de se tornar insustentável, forçando o partido a uma decisão: substituí-lo enquanto é tempo ou ir até o fim sob risco de não chegar ao segundo turno da disputa eleitoral. Num caso como no outro, uma escolha de Sofia.

 

Na última semana, porém, o PSDB emitiu sinais de que pode rifar o atual presidente nacional da legenda. Primeiro, com informações de bastidores segundo as quais Alckmin andaria inusualmente destemperado, o que sugere que a pressão indireta de João Doria pode estar pesando em seus ombros. Depois, com o lançamento do manifesto do centrão, cujos efeitos sobre a meia dúzia de candidaturas ligadas a esse miolo ideológico foi perto de zero.

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Em sua defesa, Alckmin tem repetido que a campanha começa pra valer no horário eleitoral. É outra dessas meias verdades que candidatos mal colocados nos levantamentos de intenção de voto repetem com sorriso amarelo. E o do ex-inquilino do Palácio dos Bandeirantes tem essa coloração.

 

Mas a nova sondagem do Datafolha não interessa somente a Alckmin. Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSC) estão de olho na pesquisa, que pode apontar tendências de movimentos para as próximas semanas.

 

 

Há dois cenários possíveis: um, a derrocada das candidaturas governistas (além de Alckmin, Henrique Meirelles, do MDB, e Rodrigo Maia, do Democratas). Dois: a polarização entre Bolsonaro e Ciro, que pode ter ultrapassado Marina e se aproximado do ex-capitão do Exército.

 

 

A pesquisa embute ainda um elemento adicional: é a primeira feita depois da greve dos caminhoneiros e do caos que se seguiu no País, com desabastecimento e uma guerra travada entre governo federal e entidades patronais em torno do pacote de bondades como a redução do diesel e o tabelamento do preço do frete.

 

A RELAÇÃO ENTRE CAMILO E O PT

O governador do Ceará Camilo Santana (PT) faltou a todos os eventos de lançamento da pré-candidatura do ex-presidente Lula à Presidência até agora. Primeiro, no Ceará, duas semanas atrás, quando trocou a agenda do partido por uma caravana no Cariri ao lado dos irmãos Ferreira Gomes. Lá, falou sobre realizações do Estado e subiu no pau de Santo Antônio, cuja festa se realizava naquele fim de semana.

 

A segunda falta de Camilo foi ontem, em Minas Gerais, onde se reuniram lideranças da sigla para o anúncio oficial de Lula como postulante da legenda ao Planalto.

 

Entre os governadores petistas, Camilo foi o único ausente. Estava em Russas, no interior do Ceará, inaugurando um campinho de futebol ao lado do deputado federal Genecias Noronha (SD). Aliado de última hora do Palácio da Abolição, o parlamentar votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e contra as duas denúncias que tinham Michel Temer como alvo – as acusações acabariam barradas pela Câmara dos Deputados.

 

Camilo tem sinalizado que está disposto a deixar de lado resoluções do partido para não contrariar interesses do grupo ao qual é ligado. Dentro do PT, há hoje um cisma incontornável que até pode se transformar em fratura durante a campanha eleitoral, mas que, por enquanto, não tem impedido que os dois lados nessa disputa intrapartidária estejam juntos.

 

Nem todos os governadores da sigla endossam a tese da candidatura Lula, mas todos estavam em Minas ontem. Menos Camilo.

 

Pode demorar ainda, mas o chefe do Executivo cearense e o PT logo chegarão à conclusão de que precisam de uma DR. Antes ou depois das eleições? Depende de dois fatores: um, a manutenção de Lula como postulante. Dois: a segunda vaga na chapa para o Senado.

 

Devolvo a coluna a Érico Firmo. Espero ter acertado no emprego das vírgulas e apresentado um cardápio à altura dos comensais.

 

Foto do Henrique Araújo

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