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À espera de Camilo, deputados se mexem
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

À espera de Camilo, deputados se mexem

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A disputa pelo comando da Assembleia está em aberto, observada a partir do momento político atual. É padrão dos últimos tempos que o Executivo aponte um favorito e este aspecto prevaleça sobre todos os outros, alguns de peso mais interno, levando o ungido à vitória. Há seis nomes que se movimentam pelo posto, sendo que dois deles assumem a dianteira e, a preço de agora, parecem ter os projetos considerados de maneira mais séria: um é Zezinho Albuquerque, a quem interessa emplacar o quarto mandato presidencial consecutivo, e o outro é Sérgio Aguiar, exatamente o adversário derrotado por ele dois anos atrás, numa eleição que deixou resquícios e, no limite, pode ter levado à ideia ação nascida no Palácio da Abolição que impôs o fechamento do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

O episódio na aparência ficou para trás, Sérgio está de volta aos braços do governismo, o pai dele (Francisco Aguiar) cumpre quieto a aposentadoria forçada de conselheiro do extinto TCM, e o deputado reelegeu-se com consagradores 100.925 votos, mas, é assim na política, o que aconteceu de desgastante lá atrás continua ali, a lembrar algo, e pode ajudar numa necessidade futura de desempate. A fidelidade de Zezinho é um dado relevante para agora e, na perspectiva de como Camilo pretende interferir no processo, o ajudaria a decidir na orientação à bancada. É bom ponderar, falamos de um governador reeleito e que mostrou força também com a votação do seu candidato à presidência no segundo turno. Está, para usar um termo da moda, empoderado.

A ajuda que deu para outros deputados se elegerem, quatro pelo menos, conforme seus próprios cálculos, está sendo guardada como argumento para ser usado mais adiante por Zezinho Albuquerque, caso se acirre a briga pelo cargo. Destaque-se que a presidência do parlamento estadual tem grande potencial de ser ainda mais estratégico para o governador diante dos tempos difíceis que são esperados pela mudança radical que acontecerá com a chegada de Jair Bolsonaro e sua turma ao Palácio do Planalto.

Enfim, há outros nomes que fazem movimentos se dizendo aptos à disputa, como José Sarto, Tin Gomes, Evandro Leitão e, até, o deputado-estreante Salmito Filho, cumprindo seus últimos dias de mandato como vereador em Fortaleza. Todos do PDT, assim como Zezinho e Sérgio, integrantes da base, mas com muito menos cacife para uma briga, como é costume dizer entre os deputados, de cachorro-grande.

UM VAI, OUTRO VEM (?)

Enquanto Eunício embala as coisas para deixar o Congresso, após 20 anos de mandatos consecutivos, o cearense que segue no Senado, Tasso Jereissati, vê o nome crescer de importância na Casa. Com renovação de 85% das cadeiras em disputa na eleição de 2018 e um grupo remanescente cheio de "poréns" na biografia, o cearense já começa a ser considerado para uma mesa diretora futura.

QUEM QUER, TEM PROBLEMAS

Ainda é em tom baixo, quase um murmúrio, mas são reais as chances de o movimento ganhar força. Até como hipótese de suceder Eunício Oliveira na presidência. Alternativas como Renan Calheiros, que diz ter apoio para voltar ao comando do Senado, enfrentam resistências naturais que podem pavimentar mais ainda o caminho do tucano. Por enquanto, aparentemente alheio a tudo.

O VOTO QUALIFICADO

Profundo conhecedor das estranhas políticas da OAB do Ceará, que presidiu por duas vezes, Paulo Quezado costuma servir de bússola para alguns colegas quando chega o período de disputa pelo órgão. Como acontece agora. Para quem quiser saber, ele anuncia voto em Roberta Vasques na atual campanha. Não é garantia de vitória, longe disso, mas costuma ser uma opção considerada.

A PRIMEIRA PUNIÇÃO

A mesa diretora da Assembleia avisa que o caso do servidor Barros Alves não está finalizado com seu afastamento do gabinete do deputado Heitor Férrer (SDD), determinado pelo próprio parlamentar. A tendência é que seja aberto um processo administrativo e a hipótese de demissão não está, de todo, descartada. Claro que como desfecho de uma longa investigação interna.

FORA DO AR E DE SINTONIA

Barros Alves também já foi afastado do programa "Manifesto Cultural", que apresentava na rádio FM Assembleia. Grupo de servidoras pressiona pela demissão, enquanto outro, mais compreensivo, admite o excesso e sugere algo intermediário. A única voz feminina que saiu em defesa dele, até agora, foi da deputada Doutora Silvana (PR). Estranhamente, num discurso em que pedia mais tolerância.

(MAU) SINAL DOS TEMPOS

Para lembrar uns e informar outros: Barros Alves, eleitor de Jair Bolsonaro, chamou de "vadia" pelas redes sociais quem votou em Fernando Haddad, do PT. Algo assustador em qualquer circunstância e que chama mais atenção ao envolver uma pessoa que parecia incapaz de tal atitude para quem o conhecia de antes (eu, inclusive). O ambiente intoxicado politicamente talvez ajude a explicar, mesmo que não justifique.

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