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A disputa que os vereadores não evitarão
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A disputa que os vereadores não evitarão

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A coisa está bem confusa na Câmara de Vereadores de Fortaleza, quando se trata de projetar o cenário da disputa pela sucessão do presidente Salmito Filho (PDT), que transfere ação política para Assembleia, a partir de 2019, e com isso deixa vaga a cadeira que ocupou nos últimos dois biênios. Pode-se dizer, a essa altura, que a ideia de um nome de consenso está praticamente descartada e que dificilmente será possível evitar uma disputa. Nomes sobram, alguns em campanha aberta e sem esconder os objetivos, enquanto outros preferem fazer de conta que não estão de olho na eleição interna do próximo dia 3 de dezembro, até sendo enfáticos na negativa. Jogo de cena, pode acreditar.

Dois jogadores de destaque são o prefeito Roberto Cláudio e o próprio Salmito, que ainda poderá votar e tenta manter sua influência na definição do sucessor. O esforço da busca pelo consenso estreitou as conversas recentes entre os dois, mas o clima entre eles é de muito desânimo em relação às chances de tudo acontecer sem briga. O Paço (de onde RC despacha) gostaria de um quadro de mais calmaria, pela consciência que há de que tais situações deixam inevitáveis resquícios e problemas para administração posterior. É o que ainda se tentará evitar até o momento final.

Uma das coisas certas, para agora, é que o nome do vereador Elpídio Nogueira, que deixou a Secretaria de Turismo para voltar à Câmara e buscar apoio para suceder Salmito, encontra fortes resistências e terá mais dificuldades para se viabilizar. É o que explica o retorno ao Legislativo, simultâneo, também de Antonio Henrique, que comandava a Secretaria Regional 3, mesmo fazendo parte de um mesmo agrupamento político, organizado em torno do deputado José Sarto. O que mostra consciência de que a opção preferencial de Sarto pelo irmão Elpídio enfrentaria dificuldades para ser viabilizada, devido a circunstâncias de momento no ambiente da Câmara.

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Pesa também a favor de Henrique a simpatia silenciosa que ele tem do prefeito Roberto Cláudio, que fez promessa de não interferir, respeitando a independência dos poderes, mas, sabe-se, é tudo da boca para fora. Na hora do "vamos ver" indicará seu preferido e muitos votarão olhando para onde o seu dedo apontar.

Um aspecto interessante no enredo que levará à escolha do futuro comandante do legislativo da quinta maior capital brasileira é a existência dos não candidatos que acabam incluídos nas inevitáveis listas especulativas que se formam próximo à data da eleição. Na última sexta-feira, O POVO publicou uma delas, com três vereadores que correriam por fora. Dois deles, Gardel Rolim (PPL) e Doutor Portinho (PRTB) gastariam aquele dia inteiro para ocupar todos os espaços disponíveis para tornar público que não tinham qualquer intenção de disputar a presidência da Câmara, livrando-se de constrangimentos que dizem ter sido criado pela situação. Em pelo menos um dos casos, uma sugestiva filiação esperada para os próximos dias no PDT arranhará o sentido real de verdade na negativa de pretensão presidencial. É que o sucessor de Salmito sairá da legenda, quase que inevitavelmente.

Amigo do fortão

Um dos personagens novos do cenário político que se rearruma no Ceará, Adairton Júnior, o secretário do PSL regional, é muito ligado a Gustavo Bebbiano, que vem a ser aquele fortão que aparecia sempre perto de Jair Bolsonaro na campanha e que deve acompanhá-lo ao Planalto, como seu chefe de Gabinete. É, tirando os três filhos dele, a pessoa mais próxima ao presidente eleito.

Candidato ideal

Bebbiano assumiu interinamente a presidência nacional do PSL durante a campanha, a pedido de Bolsonaro, e queria o amigo cearense como candidato ao governo do Estado. Adairton contornou a sugestão e foi responsável pela indicação de Hélio Gois, advogado como os dois, para aventura eleitoral. Assim é que nos garantiu, sem querer, um dos fatores de animação da campanha local.

Quem fala por ele

Um aspecto notado por alguns no almoço da última sexta-feira, entre empresários locais e interlocutores no Ceará do futuro governo federal: onde estavam o Capitão Wagner, eleito deputado federal, e Luis Eduardo Girão, futuro senador? A verdade, mesmo que se negue muito, é que há uma troca silenciosa de cotoveladas na briga para se mostrar como a voz de Bolsonaro entre nós.

De folga, pode?

Barros Alves, o servidor da Assembleia acusado da prática de misoginia em suas redes sociais, se diz absolutamente tranquilo com tudo que tem acontecido. Considera que não errou, porque usou o computador pessoal, de casa, em horário de folga, para, na emoção da vitória de Bolsonaro, escrever em tom de desabafo: "as mulheres de respeito deste imenso Brasil votaram ELE SIM. As vadias..."

Questão de carapuça

No cálculo que o próprio apresenta, 90% dos servidores da Assembleia estão do seu lado. Na sua avaliação meio peculiar do episódio, que já lhe custou afastamento do gabinete do deputado Heitor Férrer (SDD) e de programa que apresentava na FM Assembleia, o problema é de quem "vestiu a carapuça". Garante que toda a situação, até agora, não lhe tirou um minuto de sono.

Novo endereço

Servidor concursado há 38 anos, ligado à taquigrafia da Casa, Barros Alves está lotado, hoje, no gabinete da deputada Doutora Silvana (MDB), única que saiu em sua defesa. Gesto isolado, mas suficiente para mantê-lo tranquilo quanto às pressões internas que enfrenta. Por conhecê-lo, de antes, continuarei a lamentar a indisposição que mantém para qualquer gesto de arrependimento.

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