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Bastidores quentes de uma campanha morna
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Bastidores quentes de uma campanha morna

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Têm sido dias intensos no comitê do senador Eunício Oliveira (MDB), candidato à reeleição. Parte verdade, parte fofoca, mas o certo é que sinais de resistência à campanha entre candidatos à Assembleia e Câmara Federal no arco de aliança governista criaram tensões internas, cobranças à equipe uma ordem geral de intensificar mais ainda as ações. A coisa andou tensa, muito tensa. O que está parecendo, mesmo que ainda não existam números claros indicando nada nesse sentido, é que não acontecerá o passeio que era esperado quando fechou-se o acordão com a turma do governador Camilo Santana, do PT, e com o grupo de Cid Ferreira Gomes, do PDT e que assumiu a outra posição para a disputa. Parecia que a briga pelas duas vagas acabava ali, mas a história pode não ser bem essa.

A campanha de Eunício admite problemas, diz que a maioria deles esteve concentrada nos primeiros dias, em áreas localizadas do PT e do PDT. Hoje, porém, dá-se tudo por resolvido, até causando estranheza as informações que pipocam sobre candidatos que aqui e acolá omitem o emedebista quando falam da eleição para o Senado.

Há relatos até mais incisivos, indicando gente que, após manifestar apoio entusiasmado a Cid Gomes, ao falar na segunda opção aponta o pedido em direção a Luis Eduardo Girão, do Pros e candidato da oposição, de outro palanque e outro envolvimento eleitoral. Local e nacional.

Nos últimos dias, falou-se nos casos de Bruno Pedrosa, que tenta reeleição à Assembleia, e Eduardo Bismarck, que disputa o primeiro mandato à Câmara, como exemplos de gente da base que anda trocando de nome na hora em que fala aos seus eleitores sobre a disputa no Senado e a possibilidade de dois votos. Como resposta do emedebista, muitos vídeos, choros e argumentos para negar que as insubordinações estejam acontecendo. Ou, pelo menos, contestar que "continuem acontecendo".

Certo mesmo para quem toca a estratégia eunicista é que a emoção estará garantida até o final da campanha. Até pela necessidade de administrar outros problemas à vista, sendo um deles a necessidade de compatibilizar a agenda de candidato com a do presidente do Senado. O problema maior está, nesse tocante, naquela história de linha de sucessão, obrigando-lhe a uma escapada rápida ao exterior sempre que Michel Temer deixa o País, sob pena de perder a elegibilidade para 2018.

Eis a má notícia para Eunício: entre os dias 24 e 26 próximos, no quente da campanha, vai Temer e sua trupe para Nova York, naquele tradicional compromisso anual que tem todo chefe de Governo brasileiro de abrir a Assembleia da ONU. Ou seja, o senador cearense precisará largar suas atividades de candidato e o próprio território nacional por três dias, em plena reta final, para se esconder da lei eleitoral. Uma chance e tanto para os adversários e, muito certamente, eles não deixarão de aproveitá-la.

O DEDO DO ACUSADOR

Causa calafrios especiais no deputado Gony Arruda (PDT), na busca de se saber as razões de sua inesperada decisão de desistir de tentar reeleição, a simples pronúncia perto dele do nome de Zezinho Albuquerque, também pedetista. Por razões que não esclarece muito, é a ele que atribui boa parte da responsabilidade pela perda dos colégios eleitorais que lhe fez sair da disputa.

DO ACUSADO, COM CARINHO

Balela, dizem fontes próximas a Zezinho. O presidente da Assembleia, na verdade, estaria com folga de apoio e tem "cedido" alguns colégios para candidatos aliados do PDT, seu partido, e, até, do PP. Quanto à saída de Gony Arruda, quem deverá ser fortemente beneficiado por ela é o pedetista Tin Gomes, que herda uma parte grande dos espaços que o deputado deixa livre.

O VOTO DOS IMPARCIAIS

Uma modalidade nova de corpo-a-corpo chama atenção do pessoal de imprensa que tem ido às ruas na versão 2018 do processo eleitoral. É muito comum que candidatos, na cara de pau, abordem jornalistas para pedir o voto deles, ignorando que a maioria está ali cumprindo missão profissional. Muitas vezes, até, envolvendo gente com quem não se guarda qualquer simpatia pessoal ou ideológica.

SENADORA EM CAMPANHA

Outro dia foi a senadora Kátia Abreu, candidata a vice-presidentes da República na chapa do cearense Ciro Gomes, que, após participar de ato da campanha em Fortaleza, dirigiu-se aos repórteres para, singela e diretamente, pedir um voto de confiança na dupla, digitando o 12 em 7 de outubro. "Posso garantir que com a gente não haverá censura", prometeu.

DE BICOS CALADOS

O silêncio absoluto em público contrasta com o barulho captado no ambiente interno tucano após a entrevista do senador Tasso Jereissati aos jornais Valor e Estadão, no meio da semana. Muitas conversas cruzaram o País numa troca de ideias que, acreditemos, em boa parte dos registros dava razão ao político cearense no apelo por uma autocrítica do PSDB em relação aos erros cometidos desde 2014.

DE BOCAS ABERTAS

O pessoal do Tasso diz que as ligações que lhe chegaram, até ontem, pelo menos, eram todas de apoio. Até porque, suas críticas vêm de algum tempo, lembrando-se o polêmico programa na linha do mea culpa da época em que o senador cearense presidia a executiva nacional e que teria irritado profundamente gente da cúpula. Especialmente Aécio Neves, hoje exilado em Minas e quase sem voz no partido.

Foto do Guálter George

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