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Sazonalidade_regionalismo. O Ceará e as estações de frutas
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Gastronomia vida & arte

Sazonalidade_regionalismo. O Ceará e as estações de frutas

Siriguelas, sapotis, cajaranas, pitombas, jacas, atas e muitas outras frutas são um convite a desbravar nossos sabores
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BIA LEITÃO
vidaearte@opovo.com.br
 

De forma muito comum e desinformada afirmamos que aqui, no nosso estado, não existe quase nada que diferencie uma estação climática de outra. Falamos apenas em dois períodos bem marcados, o chuvoso (que corresponde ao verão e outono) e o seco (inverno e primavera). As sazonalidades de frutas e verduras, porém, seguem uma lógica climática que vai para além da nossa percepção pueril. Sim, de fato, não é à toa que nos autodenominamos Terra do Sol, o calor e o sol à pino o ano inteiro nos dão uma ideia de constância climática que pouco nos deixa enxergar suas mudanças sutis. Mas o fato é que a natureza local, também conhecida como terroir, se encontra nas pequenas nuances de tempo e clima e, mês a mês, temos novos sabores a brotar nas árvores e roças.
 

Segundo Câmara Cascudo, em sua magistral obra “A história da alimentação no Brasil”, as frutas não eram consideradas refeições. Elas surgiam como gulodices ou auxílio à digestão. Índios e negros, em princípio, não cultivavam frutas. As mesmas eram obtidas por coleta e algumas sumiram para sempre, sendo constantemente substituídas por outras. Segundo ele, adoradoras natas de frutas são as crianças. Onde tem criança solta, tem criança em cima de pé de árvore a colher frutas.
 

A questão que gostaria de levantar aqui neste espaço é trazer um olhar sensível para as nossas frutas de época. Não apenas o público consumidor em geral, mas porque não nos menus dos restaurantes? Não precisamos estar muito atentos para perceber que temos lindas siriguelas espalhadas pelos sinais da cidade. No mercado São Sebastião, sapotis, cajaranas, pitombas, jacas, atas e goiabas perfumam os corredores. Há poucos meses era caju para todo lado, hoje não se encontra um.
 

Nossos menus, nossas mesas, podem e devem estar sensíveis ao que a nossa terra e clima oferecem. Está aí, bem aí, nosso sotaque marcante e parte do nosso maior respeito ao cozinhar no Ceará.
 

SORVETE DE SAPOTI DA MINHA MÃE

INGREDIENTES_

400g de leite condensado
400g de creme de leite
500g de polpa de sapoti

PREPARO_
 

Retire as sementes do sapoti. Bata o leite condensado, o creme de leite e o sapoti no liquidificador. Coloque num refratário e leve ao congelador. Ao longo do processo de congelamento, bata algumas vezes no liquidificador, isso vai deixar o seu sorvete muito mais cremoso.


LIVRO
 

“A história da alimentação no Brasil”, de Câmara Cascudo, aborda, dentre outros temas, a introdução das frutas na alimentação do povo brasileiro
 

ALQUIMISTA
 

Este registro é minha homenagem in memorian ao alquimista das frutas, o querido Juarez, que tanta magia fez ao transformá-las em sorvetes. Seu sorriso e bigode fartos sempre farão parte da memória afetiva de sabor em Fortaleza. Gratidão demais!

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