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Eleição ocorrerá com economia em crescimento

2017-09-17 00:00:00

Definitivamente, o desempenho da economia se descolou da crise política. O desastrado Rodrigo Janot deu uma inestimável colaboração para que o cenário se desenhasse dessa forma. Em sua semana de despedida do cargo de procurador-geral da República, Janot ofereceu uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer. Resposta da bolsa de valores na sexta-feira passada: pontuação recorde.
 


Em vez de enfraquecer Temer, a denúncia baseada em muitas delações e nenhuma investigação fortaleceu as posições políticas do presidente. Pelo menos foi essa a leitura dos operadores do mercado financeiro, sempre muito sensíveis ao ramerrame da política.
 


O noticiário de economia deu a seguinte explicação: “Segundo operadores, a melhora dos indicadores econômicos do País e a percepção de que o governo deve ganhar força para aprovar a reforma da Previdência impulsiona o mercado de ações”. É claro que a artilharia de Antônio Palocci dirigida a Lula também contribuiu com o otimismo do mercado.
 


Da forma como as coisas caminham, o País vai terminar 2017 com algum crescimento econômico e vai entrar 2018 com expectativa de um novo ciclo de avanços nos indicadores. Já há apostas no mercado de uma evolução do PIB em torno de 3% em 2018. Nada mal para um País que foi empurrado para uma recessão histórica.
 


Atentem: salvo surpresas de grande envergadura no campo, digamos, político-criminal, as eleições de 2018 tendem a se dar em um clima de euforia econômica. Se assim for, Temer não será um peso morto na disputa. Mesmo que mantenha altos índices de impopularidade, o presidente manterá capacidade de influir nos bastidores da política e, principalmente, conduzir o PMDB para o palanque que lhe for conveniente. Salvo surpresas, salvo surpresas.

CONVERSAS
 

A política do Ceará ainda vive a expectativa das surpreendentes conversas entre Camilo Santana (PT), Roberto Cláudio (PDT) e Eunício Oliveira. Um trio, como é clássico na política, conduzido pelo instinto de sobrevivência. Portanto, que se lixem os pudores. Como costuma dizer uma velha raposa da nossa política, é melhor esperar janeiro para fazer o balanço e contar nos dedos de uma só mão os que sobreviveram à avalanche das investigações. Só aí os políticos vão tomar decisões mais concretas. Por enquanto, prevalece
a ideia de que conversar não tira pedaço.

EFEITO COLATERAL
 

Fora do foco da imprensa nacional, os executivos da Queiroz Galvão e da Galvão Engenharia negociam suas difíceis delações premiadas. Juntas, as duas empresas possuem o maior volume de obras públicas do Ceará. Portanto, os efeitos das possíveis novas delações na política da terra do sol podem até ser avassaladores.

VEM PRA CAIXA
 

O que há com a Caixa Econômica Federal no Ceará? Nos últimos anos, a estatal foi envolvida em várias investigações e operações da Polícia Federal. Na sexta-feira passada, veio à tona o caso mais recente. Operação batizada de “Marco Zero” cumpriu seis mandatos de busca e apreensão em Sobral. A suspeita é de fraudes que giraram em torno de R$ 3 milhões. Café pequeno diante das outras operações relacionadas à CEF no Ceará. Em todos os casos há envolvimento de funcionários, inclusive graduados, da instituição. Que coisa.
 

ESQUELETOS
 

Embora se esforce para encontrar saídas, o governador Camilo Santana está levando para o ano da sucessão problemas que se relacionam muito mais com a gestão de seu antecessor e padrinho político, Cid Gomes, do que com a gestão do (ainda) petista. São reluzentes e caríssimos exemplares o Centro de Formação Olímpica e o Acquario. O primeiro é um elefante branco sem utilização. O segundo, um esqueleto inacabado. O fato é que o governador será duramente cobrado na campanha. No caso do aquário da Praia de Iracema, Camilo tentou convencer empresários a assumir a construção e operação do estrupício em troca de
projetos imobiliários no entorno. A coisa não andou.

DRAMA DE SEMPRE
 

O CFO e o Acquario são os menores dos problemas de Camilo Santana. O que mais tira o sono e a tranquilidade do governador é o retorno, com todo o vigor, dos altos índices de homicídios. Só em Fortaleza, o número de homicídios subiu 82,7% de janeiro a agosto deste ano em comparação ao mesmo período de 2016. No âmbito do Estado, o crescimento foi de 41,3%. A árdua tarefa de Camilo é chegar na fase de campanha eleitoral com números em queda numa proporção que lhe permita emplacar um discurso verosímil e que, ao mesmo tempo, não encoraje a oposição (se houver) a explorar o tema.

DORIA-LÁ
 

Atenção: quem teve a oportunidade de se reunir com alguma área administrativa da Prefeitura de São Paulo saiu com a certeza de que João Doria é candidato a presidente da República com ou sem o
apoio do governador Geraldo Alckmin.
Com ou sem o apoio do PSDB.

 

Ou seja, Doria prosseguirá nem que tenha de candidatar-se pelo DEM. Há notórios movimentos nesse sentido. Para que os leitores tenham uma ideia da determinação de Doria, quando há alguma ação administrativa importante, os secretários da Prefeitura são orientados a envolver o vice-prefeito, Bruno Covas, de apenas 37 anos.
 


Portanto, não descartem a possibilidade de duas candidaturas presidenciais disputando uma mesma faixa do eleitorado. No caso, Alckmin e Doria. Não deixa de ser um fato positivo para a esquerda ou para a candidatura de Ciro Gomes (PDT). Porém, caso um dos dois chegue ao segundo turno, tome-se como certo que um apoiará o outro.

QUESTÃO LOCAL
 

A possível divisão do PSDB terá, é claro, efeitos na política do Ceará. Tasso Jereissati é, até aqui, defensor da candidatura presidencial do governador de São Paulo. Porém, não é impeditivo que os partidos que possivelmente venham a se dividir em torno de Alckmin e Doria na disputa nacional, saiam juntos no Ceará com uma só candidatura a governador. Tasso está em viagem aos Estados Unidos. Seus potenciais aliados esperam a volta do senador para
iniciar a tomada de decisões.

Fábio Campos

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