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RC em parceria com setor privado

2017-08-03 01:30:00

Não faz tempo, ouvi de um interlocutor a seguinte sentença: prefiro os gestores públicos convivendo com crises de recursos do que com cofres abarrotados. Com dinheiro sobrando, as chances de fazer bobagens irrevogáveis são imensas. Com pouco dinheiro, o administrador obriga-se a ser austero no trato dos recursos. Assim, a possibilidade de gastar errado, de forma amadora e invertendo prioridades, cai drasticamente.

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O raciocínio é o seguinte: com poucos recursos, o bom gestor apela à criatividade e ao profissionalismo. Sem sobras de caixa, corta gastos desnecessários, enxuga a máquina, trabalha a eficiência na oferta dos serviços públicos e vai à busca de recursos no setor privado, estabelecendo parcerias e privatizando serviços que não são atividades fins do setor público.


Nesse sentido, há algo acontecendo em Fortaleza. Na última segunda-feira, o prefeito Roberto Cláudio lançou um conjunto de ideias que denominou de Fortaleza Competitiva. Um batismo que já diz muito. O fundamento das propostas, que ainda serão apresentadas no fim de agosto, é “desenvolver um ambiente de inovação e geração de oportunidades na cidade, além de induzir o crescimento de empresas na Capital”.


Segundo o prefeito, o Fortaleza Competitiva terá quatro eixos fundamentais: regulamentação e incentivos, arranjos público-privados, desburocratização e capacitação do mercado de trabalho. “Em momentos de crise como o que estamos passando, é papel do governo criar políticas para estimular a economia local, porque não há cidade no futuro sem uma economia forte, geradora de empregos e receita”, disse.

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Trocando em miúdos, a gestão de RC articula parcerias público-privadas. Certamente, em projetos de recuperação urbana. O eixo Praia de Iracema-Centro provavelmente compõe o rol de possibilidades de grandes negócios nessa área. É uma forma inteligente de atrair a iniciativa privada para recompor o tecido urbano em áreas degradadas.


Como ressaltado com ênfase em sua fala no lançamento do Anuário do Ceará, o prefeito apontou como desafio, no âmbito do Fortaleza Competitiva, a proposta de tornar a capital cearense na cidade “mais desburocratizada do País” até o fim do ano. É uma meta e tanto.


A burocracia é um dos mais conhecidos obstáculos à dinâmica das relações econômicas. A burocracia é um entrave que cria um campo fértil para pequenas e grandes corrupções, dificulta a instalação de novos negócios, únicas formas de gerar empregos e melhorar a arrecadação de impostos da cidade. Na maioria das vezes, são soluções fáceis e baratas que dependem quase que exclusivamente de integração tecnológica.


A crise econômica que assola o País não é apenas por culpa da imperícia dos gestores públicos na área econômica, mas também pelo uso equivocado dos recursos públicos que, em determinado período de anos, jorrou generosamente em função de uma conjuntura favorável. Porém, os gastos foram providenciados como se não houvesse amanhã e o dinheiro fosse colhido em árvores.


No Ceará, há exemplos de roldão de uso inadequado de recursos públicos, com obras de necessidade questionável, excessivamente caras e de manutenção dispendiosa que suga recursos de outras áreas primordiais.


Atentem que, até aqui, as obras da Prefeitura de Fortaleza não seguem essa linha. Pelo contrário. Nota-se que o processo de decisão é dotado de técnica e do planejamento. Coisa rara entre nós. Há muito do conceito liberal na gestão de RC.

 

Adriano Nogueira

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