PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

79% querem caras novas nas eleições de 2018

2017-08-05 17:00:00

“A política tradicional, os partidos e os atuais políticos estão em forte queda no imaginário dos eleitores”. A conclusão é da pesquisa Ideia Big Data (IBD), instituto que atua no Brasil, EUA e Índia. Foram realizadas 10.063 entrevistas com eleitores de 37 municípios brasileiros. A margem de erro estimada é de 1.75%.

Alguma novidade nisso? Não, nenhuma. O desgaste da política, dos políticos, dos partidos, do sistema político e até das instituições políticas como o Congresso e os poderes executivos brasileiros vem há anos sendo detectado por diversas pesquisas. Mas há uma importante e sintomática novidade nas conclusões do IBD.


Caras novas. É essa a sentença fundamental ditada pelos eleitores que a pesquisa detectou. 79% concordam com a afirmação “gostaria muito de ver os cidadãos comuns (de fora da política), como professores, empreendedores, funcionários públicos concursados, trabalhadores da indústria, profissionais liberais, entre outros, candidatos em 2018”.
 

Vejam a seguir outras conclusões da pesquisa que foi realizada entre os dias 11 e 25 de julho.
 

- Os partidos continuam num processo de desgaste de credibilidade: 77% dos entrevistados destacam que votam na pessoa e não se importam com o partido político – na região Nordeste, esse percentual chega a incríveis 90%.
 

- Também nessa linha, 72% responderam que não se importam se uma política pública é de direita ou esquerda, desde que torne sua vida melhor. Aqui se expressa um saudável pragmatismo dos eleitores que coloca no gueto a histeria da polarização.
 

- 81% afirmam acreditar que movimentos fora da política entendem bem melhor os seus problemas.
 

- A maioria (57%) defende que pessoas envolvidas na Lava-Jato, mesmo que não tenham sido condenadas, não merecem seu voto.
 

- 52% defendem que “somente quem nunca foi candidato (a) a nada pode realmente trazer a renovação necessária”. A região Sul é a que mais acredita nesta afirmação (60%), seguida pelo Sudeste (55%), e o Centro-Oeste (52%). No Nordeste, esse percentual cai para 44% e, no Norte, 45%.
 

- Quanto ao partido, 59% gostariam que o próximo presidente não pertencesse ao PMDB, PSDB e nem PT.
 

CURRÍCULO DE RESPEITO
Há tempos, venho apontando aqui que a consequência da podridão, do desgaste, da crise política, da crise de representatividade e da recessão será a busca dos eleitores por novos perfis na política. E notem: pelo que diz a pesquisa do IBD, nem importa muito qual o partido, mas sim o nome que for apresentado.
 

É evidente que as circunstâncias deixam o flanco aberto para aventureiros e oportunistas de toda ordem. Porém, tanto a política nacional quanto os eleitores já não são tão imaturos quanto os de 1989, quando o País fazia sua primeira eleição após a ditadura.
 

É improvável que boquirrotos tenham chances reais de vencer. Porém, para que haja uma vacina, é necessário que os partidos e as composições partidárias entendam que precisam apresentar nomes que misturem duas características: sejam novidades no âmbito político e proprietários de currículos de qualidade.
 

LINHAS CRUZADAS
Nos bastidores, a política do Ceará fervilha, mas silenciosamente. O governador do Estado, Camilo Santana, só não disputará a reeleição se um improvável fator prevalecer: Cid Gomes (PDT) querer disputar o cargo novamente. Camilo cederia o lugar. Ainda no PT (não há hoje indicativos de que mudará de sigla), o governador trabalha para ter uma aliança ainda mais abrangente do que foi a de 2014. Fala-se em Beto Studart, presidente da Fiec, para a vice. Filiado ao PSDB, o empresário queria mesmo era ser candidato ao Governo, mas foi suavemente descartado por Tasso Jereissati. Studart tem um partido para chamar de seu: o PSC.
 

CENTRO-DIREITA
Vejam o que há de oposição no Ceará: PSDB, PMDB, DEM, PR e PSD. Este último, controlado pelo grupo político de Domingos Filho, que já foi cidista de quatro costados. Esse conjunto de siglas espera os desdobramentos da política nacional para decidir o que fazer em 2018. Há uma tendência de que saiam juntos na eleição presidencial de 2018. Se assim for, reproduzirão aqui a mesma aliança. Dividido, o PSDB, líder natural do grupo, pode perder seu posto para o DEM, que saiu fortalecido e articula uma nova denominação a partir da adesão de um punhado que se prepara para deixar o PSB: Batismo: Centro Democrático.
 

PRA ÚLTIMA HORA
Tasso Jereissati continua dando mais atenção aos problemas nacionais do PSDB do que ao futuro de seu partido no Ceará. Sem sua expressa orientação, nada acontece no partido. É a velha e frondosa mangueira de sempre: nem ervas daninhas prosperam em sua sombra. E nada indica que será diferente nos próximos meses. O tucano continuará na presidência (interina) nacional do partido até dezembro. Até lá, trabalho duro para tentar unir o partido, indicar um nome para concorrer à presidência e se dedicar à construção de alianças. E o Ceará?
 

ESPERADO
O PT, partido do governador, está mais interessado em manter Camilo Santana na sigla e manter-se com seus cargos (mesmo de pouca significância) no Governo. A sigla optou por pouco movimento no Ceará. A coisa só vai ferver quando for a hora do posicionamento do governador na disputa presidencial. Mas os petistas sabem bem: Camilo é cidista e vai apoiar Ciro Gomes.
 

A TEMPO
A PEC do fim das coligações está pronta para ser lida na próxima semana na comissão especial da reforma política da Câmara dos Deputados. O fim das coligações proporcionais impedirá que candidato nanico consiga vaga entre os eleitos por causa da boa votação dos partidos que compuserem alianças. Ou seja, os partidos podem se aliar para eleger um governador, mas cada um terá que se virar sozinho para eleger deputados estaduais e federais. A dúvida é se a medida, se aprovada até outubro, já valeria para 2018. Tomara que sim.
 

NÃO SE EMENDAM
Michel Temer distribuiu emendas a rodo para se safar na Câmara dos Deputados? A coisa não é bem assim. Reportagem da Folha (sexta-feira) apontou que, na média, cada parlamentar que votou com Temer teve liberados R$ 3,4 milhões. Já os contra tiveram R$ 3,2 milhões liberados. Mas há casos como o de Alice Portugal (PCdoB) que, em seu voto, disse que os pró-Temer foram comprados por emendas. A comunista baiana teve nada mais, nada menos que R$10,5 milhões liberados. Na média, petistas (R$ 3,85 milhões) receberam liberações de emendas maiores que os tucanos (R$ 3,53). Pelo visto, os números desmentem a conversa fiada largamente esplanada até por jornalistas.

Fábio Campos

TAGS