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Terror no Ceará desafia novos governos
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Terror no Ceará desafia novos governos

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O que Fortaleza vive desde o fim da noite de quarta-feira é uma onda de ataques com métodos terroristas. Mais uma. São tantos ataques sucessivos que já são encarados quase como rotina os ônibus incendiados e estruturas públicas destruídas. Desta vez, quase foi colocado abaixo o viaduto de uma rodovia federal, em importante ponto de conexão entre várias regiões do Estado, bem próximo a posto da Polícia Rodoviária Federal. O crime chegou a novo patamar de ousadia. Concessionária de veículos também foi incendiada.

Os ataques a esta altura são desafio para o governo Camilo Santana (PT) que recomeça e para a gestão Jair Bolsonaro (PSL) que se inicia. Trata-se de afronta às novas administrações, desafio escancarado. Não há alternativa que não seja resposta firme, imediata, forte e, nem seria necessário dizer, dentro da estrita legalidade - sem isso, Estado e criminosos se confundem numa só coisa.

 

Sobretudo para o Governo do Ceará, a pressão é tremenda e a reação é inadiável. Ou governador, secretário da Segurança Pública e o novo secretário do Sistema Penitenciário dão resposta agora ou demonstrarão fraqueza difícil de remediar. Tipo de coisa que, no início de mandato, define rumos de um governo. O sucesso ou o fracasso podem ser definidos em marcos inaugurais como este. Eles estão sendo testados pelos maiores inimigos que podem ter pela frente. É preciso ação decidida e rápida.

 

O desafio afrontoso que tenta se impor como Estado paralelo

As facções criminosas tentam se impor como Estados paralelos. Buscam controlar territórios tanto quanto possível. Preservar privilégios em presídios. Reagem furiosamente quando alguém sinaliza que irá confrontá-las.

Já foi assim quando a Assembleia Legislativa aprovou o bloqueio de sinais de celulares em presídios, medida nunca colocada em prática. Em 5 de abril de 2016, um mês após a aprovação da medida, treze quilos de dinamite foram recolhidos de um carro estacionado ao lado da Assembleia Legislativa.

 

Muitas ações são anunciadas e têm sido implantadas a cada uma dessas grandes ocorrências. Sob influência de episódios de violência no Ceará, foi criado um Ministério da Segurança Pública - que agora se tornou Secretaria Nacional vinculada ao ministro Sergio Moro e sob gestão direta do general Guilherme Theophilo, que concorreu a governador do Ceará contra Camilo. Iniciativa também do governo Michel Temer (MDB), foi instalado em Fortaleza, no mês passado, o Centro Integrado de Inteligência do Nordeste. Que, aliás, tem agora ótima oportunidade de dizer a que veio.

 

Recém-empossado no cargo, o novo secretário da Administração Penitenciária sinaliza linha dura. Os ataques seriam reação à postura dele. O lado positivo é a indicação de que as medidas pretendidas mexem nos calos e incomodam. É óbvio que fustigar, impor restrições à ação de líderes criminosos provocará reações. O poder público precisa se resguardar para garantir que a população sofra menor impacto possível.

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Simbólico

Coube ao Ceará ser o primeiro teste para a gestão de Sergio Moro no novo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

 

E, também, a primeira necessidade de interlocução imediata entre o governo Bolsonaro e um governador do PT.

 

É simbólico, mas o motivo é lamentável.

 

Data emblemática

Camilo Santana tem seu 3 de janeiro a lamentar.

 

Em 2012, a data marcou o ápice da greve da Polícia Militar. Foi quando o governo Cid Gomes cedeu para encerrar a paralisação.

 

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