A atual onda de ataques perdeu força, embora siga intensa. Na quinta-feira, foram 45. No domingo, 23. Entre quinta e domingo, a redução foi de 50%. Os números são do Ministério da Justiça e Segurança Pública, contabilizados pela Força Nacional.

 

Ainda é muita coisa. A onda de violência não foi debelada. Esta é não apenas a maior série de atentados criminosos que o Ceará viveu. É também a mais prolongada. As estratégias unem métodos terroristas e de guerrilha. Uma pessoa sozinha, em qualquer lugar, pode cometer um desses ataques. Por isso são tão difíceis de coibir e são tão persistentes.

 

Os ataques diminuíram com a chegada da Força Nacional e o reforço do policiamento. Está mais difícil cometer os atos de violência, então, o pavor se torna a arma mais eficaz de que dispõe o crime nesse momento. Desde ontem, o objetivo desses grupos é impor paralisia nos serviços, no comércio, na vida cotidiana. Apavorar a população é a arma do momento. Pode ser mobilizada sem gastar nem 100 ml de gasolina.

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Diálogo é possível e bem-vindo

 

Bastante madura e sensata a postura do deputado Capitão Wagner (Pros) diante da crise que a segurança do Ceará atravessa. Ligou para o governador Camilo Santana (PT) para relatar problemas, apoiou aquilo que considera acertos e elogiou a escolha de Mauro Albuquerque para secretário da Administração Penitenciária. Não deixou de apontar que há problemas. Mas, entendeu a gravidade do momento. "Tiveram erros, mas não está na hora de nós fazermos oposição e tripudiarmos em cima desses erros. Está na hora de nós nos unirmos".

 

Sim, o momento é sério demais para futrica, para querer tirar proveito político. É ofensivo para a população explorar eleitoreiramente uma onda de violência. Muita gente pode ficar horrorizada com a ideia de o opositor ligar para o governador para apontar problemas. Mas, ora bolas, se o objetivo é resolver o problema, o que haveria de errado em conversarem? Por birra, orgulho?

 

E, olha, Wagner é um opositor duro, ferrenho. Ser capaz de conversar com adversário não faz dele menos opositor. Ademais, o fato de reconhecer acertos tem como grande efeito prático valorizar as críticas que fizer. Afinal, mostra não ser alguém que critica só por falar mal.

Ciro diz que apoiou Haddad.

Que conversa é essa?

 

Na contundente entrevista ao El País, Ciro Gomes (PDT) disse que apoiou Fernando Haddad (PT) no segundo turno no Ceará. "Haddad teve 70% dos votos no segundo turno aqui no Ceará. Portanto eu apoiei o Haddad. O que eu não faço mais é campanha com esta quadrilha. É bem diferente. Se eu achasse que ia fazer diferença, eu engolia de novo, como engoli lá atrás. 

 

Agora, me obrigar, por uma solidariedade ao campo progressista... o Haddad é progressista, sem dúvida. Mas o PT é uma força corrupta".

 

Haddad teve 70%, venceu em todos os municípios, mas não por causa de Ciro. Camilo Santana (PT) fez campanha decidida. Cid Gomes (PDT) fez declaração de apoio que mais ajudou Jair Bolsonaro (PSL) que Haddad. Mas, declarou apoio ao petista. Ciro foi para a Europa. Voltou na véspera da eleição, fez declarações diversas contra Bolsonaro. Mas, não declarou voto em Haddad. Então, é desfaçatez reivindicar que a votação do petista no Ceará tenha relação com seu apoio. Verdade, se Ciro faz campanha contra, Haddad não teria o mesmo desempenho. Daí a ele ter dado apoio vai longo caminho.

 

Ciro pregou voto contra Bolsonaro. Pode-se argumentar que meia palavra basta para bom entendedor. Hoje, porém, as pessoas não estão entendendo nem palavra toda, nem mesmo se desenhar.