Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Resultado de estudo apresentado por consultoria, a proposta de enxugamento da máquina apresentada pelo governador Camilo Santana (PT) é, à primeira vista, mais razoável que o de Jair Bolsonaro (PSL). Não há, ao menos, nenhuma excentricidade do quilate de juntar Cultura, Esportes e Bolsa Família sob um mesmo comando, de questionável capacidade para o cargo tivesse apenas uma das atribuições.
A incorporação dos gabinetes de governador e vice-governador pela Casa Civil cria uma única e poderosa estrutura de gerenciamento. Unifica coordenação administrativa e articulação política. De certo modo, retoma o modelo da antiga Secretaria de Governo, a toda-poderosa Segov da era Tasso Jereissati (PSDB), que teve os comandos de Sergio Machado e, depois, Assis Machado. Ao tomar posse em 2007, Cid Gomes (PDT) transformou a Segov em Casa Civil e transferiu a articulação política para o gabinete. Com Camilo, a coisa nunca funcionou bem assim.
A incorporação da Secretaria de Políticas sobre Drogas pela Secretaria da Saúde faz todo sentido. Não faz sentido pensar uma ação desarticulada da outra.
Também faz sentido que a pasta da Agricultura, Pesca e Aquicultura seja um braço da Secretaria do Desenvolvimento Econômico. A motivação da existência das pastas é de natureza econômica. Os setores haverão de protestar. Já escrevi que criar uma pasta específica cria a ilusão de que a área é prioridade e tem autonomia. Se isso é verdade ou não, depende da decisão política. Depende do orçamento. Um segmento pode ter recursos sem secretaria própria, assim como pode ter secretaria mantida à míngua. Resta ver como irá funcionar.
A transformação da Secretaria da Justiça em Administração Penitenciária é realista. O que a pasta faz é, exatamente, gerir presídios e presos.
Quanto à nova Secretaria da Proteção Social, Justiça e Direitos Humanos, ela reúne atribuições que eram do Trabalho e Desenvolvimento Social, parte do que estava na Justiça, além da área de direitos humanos e segmentos sociais. Órgão que fica fortalecido. Falta ficar mais clara, exatamente, a abrangência das atribuições.
Idas e vindas
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Coisa curiosa é como esse desenho do governo é marcado por idas e vindas. Camilo retorna ao modelo de Secretaria de Esporte e Juventude. Era assim na época de Lúcio Alcântara e Cid criou pasta apenas para o Esporte.
Já a Agricultura ligada ao Desenvolvimento Econômico remete ao modelo que Cid adotou e que Camilo mudou, voltando à estrutura anterior. No segundo governo Cid, foi criada secretaria específica para Pesca, mas não para Agricultura. Pasta essa que, por sua vez, foi das mais relevantes durante a era Tasso.
Mérito do governador
Boa medida de Camilo, apesar de toda a pressão e das críticas, é manter a autonomia da Controladoria-Geral de Disciplina (CGD) dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário. O modelo de independência em relação à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) desagrada os profissionais de segurança e pode ter seus equívocos, mas teve resultados fundamentais num Estado que teve, por exemplo, chacina na qual os suspeitos são todos policiais. Todos.
Logo após a desastrada ação de Milagres, ainda por esclarecer, seria sinalização aterradora o fim da CGD independente.
As armas e as mortes
Sempre que há episódios como o do atirador na catedral de Campinas, os defensores da proliferação de armas afirmam que o que faltou foi ainda mais gente armada. Alguém para reagir e matar o atirador.
Por esse raciocínio, então, a solução é ir armado para a igreja. Já pensou que beleza?
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