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Bolsonaro: história é enrolada e explicação não convence
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Bolsonaro: história é enrolada e explicação não convence

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A família presidencial está às voltas com o tipo de situação que costuma ser comum na segunda metade do mandato. Não me recordo de alguém já chegar à Presidência com tanta história mal explicada. A cada dia surgem conversas de fluxos de dinheiro não declarados e incompatíveis com os rendimentos. O principal envolvido, Fabrício Queiroz, mantém o silêncio daqueles que não têm resposta cabal a dar. Enquanto isso, faz sangrar um presidente que nem tomou posse.

 

As respostas sinuosas da família Bolsonaro são mais complicadas porque a questão moral é pilar fundamental para a sustentação do futuro governo. 

 

Existe enfrentamento ideológico ao PT, mas o fundamento do discurso é ético. 

 

Não fosse a corrupção, a Lava Jato, Bolsonaro não seria eleito presidente. Ele é produto da, legítima, indignação.

 

O símbolo de tudo isso, Sergio Moro também sofre abalo. Foi mudando o discurso no decorrer dos dias. Aos primeiros questionamentos, deu as costas na esperança de esquecerem o assunto. Neófito na política, parece não ter entendido ainda que não funciona desse jeito. (Em vários momentos, foi o PT que tentou a tática avestruz em relação ao cerco de Moro. Não deu certo). 

 

Depois, disse que assunto deve ser esclarecido, mas não é seu papel tratar disso. As movimentações financeiras da família presidencial foram apontadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que estará subordinado a Moro.

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O futuro ministro acrescentou que também não deve interferir em caso concreto. Ao anunciá-lo, Bolsonaro afirmou que Moro pegaria corruptos não mais com vara de pescar, mas com rede de arrastão. Essa pescaria parece que será em tese, não em casos concretos.

 

Culpas e responsabilidades

 

Comentei em várias das últimas colunas sobre a tragédia em Milagres e recebi vários comentários. Alguns meros destempero, sem conseguir articular um sujeito com um predicado que seja de argumentação. Pegaram o rumo da lixeira. Dialoguei com aqueles que a isso se propuseram. Um aspecto insistente: cobraram que seja dito que a culpa do que ocorreu é dos criminosos.

 

Ora, mas isso é evidente. Claro que a situação foi provocada pelos criminosos. Porém, são criminosos, caramba. Não tem nem o que discutir. Os assaltantes que permanecem vivos devem, claro, ser julgados e presos. Outros oito estão mortos. Restringir a culpa a eles é bem conveniente.

 

Dizer que a culpa é dos mortos e dos criminosos é alardear o óbvio. Restringir a discussão a isso é deixar de encarar a complexidade da situação. É diversionista.

 

Afinal, por ser a culpa pela situação dos criminosos isso significa que os policiais poderiam chegar lá e fazer qualquer coisa? Que nada que eles fizessem estariam errado? Não importa saber se houve precipitação? Se não houve erro de estratégia? Se não houve erro de inteligência ao não identificar a presença de reféns? Não interessa saber da arma de quem partiram os tiros que mataram os reféns? Essas perguntas incomodam? As respostas a elas incomodam?

 

A investigação deve ser criteriosa, rigorosa e justa. Os policiais - como qualquer pessoa - são inocentes até que se prove o contrário. Devem ter o benefício da presunção de inocência e da ampla defesa. Com todas as garantias resguardadas. Direitos humanos são isso e existem para isso. Devem ser investigados e julgados com justiça.

 

Não se pode é fingir que nada aconteceu e varrer a história para baixo do tapete. Não é justo com as vítimas e nem mesmo é correto com os policiais. 

 

Se eles agiram corretamente de fato, hão de ser os primeiros a querer ver tudo esclarecido e ter provada a razão que tiveram.

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