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A visão de segurança do general
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A visão de segurança do general

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Escolhido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e pelo ministro indicado Sérgio Moro para comandar a Secretaria Nacional de Segurança, o general Guilherme Theophilo ficará responsável por encaminhar soluções para a área mais desafiadora das políticas públicas no Brasil. E, de longe, a mais crítica no Ceará. Durante a última campanha eleitoral no Estado, o recém-ex-tucano deu sinalizações de sua visão para a área.

 

As metas de Theophilo para o Estado eram ambiciosas. A primeira delas: "Reduzir em 50% os homicídios até o final do mandato", indicava o programa de governo. Uma tarefa e tanto. Ousadia é positiva e, mais que isso, necessária nesta área. Para fazer isso, prometia dobrar o número de delegacias 24 horas, aumentar em 50% o contingente da Polícia Civil, impor trabalho nos presídios, criar programa de disk denúncias premiadas. Algumas muito parecidas com o que o governador Camilo Santana (PT) já vem fazendo. Nada soava tão profundo para mudança tão drástica quanto pretendida.

 

Porém, o que o general sinalizava de mais ousado era algo um tanto genérico e até meio bobo. Prometia seu programa de governo: "Transformar o Ceará em uma ilha de segurança". Além de abstrata, a proposta era inexequível. O Ceará é hub pelo qual Brasil e Europa se interligam. Turistas, mercadorias e também drogas e armas passam pelo Estado. Facções criminosas transnacionais estão enraizadas no Ceará. O problema não seria possível de ser solucionado isoladamente. São Paulo não conseguiu resolver o problema do PCC. Menos ainda o Rio de Janeiro em relação ao Comando Vermelho. Improvável que, com qualquer governo, o Ceará conseguisse se livrar de ambas sozinho.

 

Para além das ilhas

 

Felizmente, como secretário no âmbito federal, o general não precisará - nem poderá - se limitar a "ilhas de segurança". Seu papel será construir uma relação conjunta e pactuada.

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Mais que falar grosso

 

A campanha do general teve como mote a ideia da "moral". Da "autoridade e comando" como soluções para o Estado. A linha havia sido dada por Tasso Jerissati (PSDB), que classificou o governo Camilo Santana como "frouxo". A postura combina com o estilo Bolsonaro, mas vejo problemas.

 

Reduz a questão à personalidade do governante. Ao estilo. Mais importante é 

o plano de ação. Trata como se fosse muito simples problema bastante complexo. Comando firme é mesmo imprescindível, mas não é solução por si. 

 

No caso do Ceará, a crise vem desde a época de Tasso, pelas mãos de quem o general se tornou político. De lá para cá, é verdade, piorou muito. Piorou inclusive com Tasso.

 

Nesse período de 21 anos, foram dez secretários, de tudo quanto perfil: seis delegados da Polícia Federal, três generais e um oficial da Polícia Militar. A solução, claramente, não é dar murro na mesa.

 

O papel do Ceará

 

O Ceará foi, depois do Rio de Janeiro, o principal motivador da criação do Ministério da Segurança Pública, agora transformado em Secretaria Nacional, sob o guarda-chuva do ex-juiz Sérgio Moro. Michel Temer (MDB) anunciou que criaria a pasta em 17 de fevereiro. Três semanas antes, em Cajazeiras, ocorreu a maior chacina da história do Ceará, no Forró do Gago, para espanto de todo o País. No dia seguinte ao anúncio de Temer, foi revelada a morte de líderes nacionais do PCC, no Ceará. O governador Camilo Santana cobrou  publicamente a participação do Governo Federal na solução para a violência. Foi nesse contexto que o Governo Federal decidiu instalar no Ceará o Centro de Inteligência do Nordeste.

 

Ainda que sem status de ministério, o órgão que o general irá comandar nasceu da compreensão de que as facções criminosas se tornaram problema nacional. E de que o Ceará é um dos principais focos do problema.

 

Grande parte do trabalho do general passará pela interlocução com Camilo Santana, criticado com dureza pelo general em campanha, em particular sobre a "coragem" e a "autoridade". Em que pese o tom da campanha, a forma como Theophilo se mostrou em campanha foi a de alguém que não criou arestas e se mostrou disposto a dialogar. Não dá sinalização alguma de que deixará de haver abertura.

 

REunião

 

Jair Bolsonaro (PSL) vem mantendo encontros com partidos na tentativa de melhorar a articulação política, alvo de críticas mesmo de aliados durante o período de transição.

Foto do Érico Firmo

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