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O papel de Cid no projeto Ciro
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O papel de Cid no projeto Ciro

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A esquerda do futuro que Ciro Gomes (PDT) pretende arquitetar, o "pós-Lula", passa necessariamente e de maneira crucial por Cid Gomes (PDT). Será a segunda vez que o ex-governador cearense buscará empreitada nacional. A primeira durou 77 dias. Ele foi indicado ministro da área que seria prioridade do segundo mandato de de Dilma Rousseff (PT), a Pátria Educadora. Foi demitido em 18 de agosto, depois de bater-boca em rede nacional, com Eduardo Cunha (MDB-RJ), no plenário da Câmara dos Deputados. A presidente não queria se indispor com o então presidente da Câmara e disse que não teria como manter Cid. Ele foi demitido. Nove meses depois, Cunha abriu processo de impeachment contra a presidente. No ano seguinte, a presidente foi destituída; o ex-presidente da Câmara foi preso, e assim permanece.

 

O entrevero com Cunha é exemplar do que se pode esperar de Cid no Senado. Pelo estilo pessoal e o contexto político, é de se esperar que ele seja uma das estrelas da legislatura.

 

A projeção de Ciro

Cid será a mais relevante voz de Ciro. Precisará demarcar espaço na oposição, ao mesmo tempo em que se diferencia do PT. Precisará fazer barulho. Seus gestos, discursos e silêncios serão vistos como extensões da atuação de Ciro. Não parece ser papel que o incomode.

 

O estilo Cid

Cid é muitas coisas que Ciro não é: disciplinado, metódico. Lembra do mandato de deputado federal do irmão mais velho? O ponto mais baixo da carreira política. Um vexame. Um zero absoluto. Faltou a quase metade das sessões. Não apresentou um único projeto de lei, unzinho pra contar a história. Cid deve ser bem diferente, a levar em conta a história política, a visibilidade que terá e o papel estratégico para o projeto político do grupo.

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Mas também tem muitas semelhanças com o irmão. O temperamento é explosivo, Cunha bem sabe. Normalmente, tem fala mansa, procura se apresentar como moderado, conciliador. Mas não leva desaforo para casa. Quando o bicho pega, só seus ex-secretários sabem como fica a fera.

Uma coisa é certa: será animado.

 

O papel de Mauro

Uma curiosidade é sobre o destino de Mauro Filho (PDT). Ele foi eleito pela primeira vez para a Câmara dos Deputados, onde o pai foi o mais assíduo orador por anos. Mauro é a pessoa há mais tempo em cargos no Governo do Ceará. Conhece os números por dentro. Foi secretário de Finanças de Ciro na Prefeitura; do Planejamento e, depois, do Governo, na gestão de Ciro no Estado. Nos dois últimos governos Tasso Jereissati (PSDB), foi presidente da Comissão de Orçamento. No governo Lúcio Alcântara, foi secretário da Administração. Nos governos de Cid Gomes e Camilo Santana, foi secretário da Fazenda.

 

Pelo histórico de quem tanto gosta e conhece o Executivo, Mauro é cotado para voltar à administração Camilo Santana. Foi eleito para seis mandatos na Assembleia Legislativa, mas só exerceu mesmo dois. Durante os outros quatro, passou a maior parte do tempo licenciado para ocupar cargos no Executivo. Fará isso de novo?

 

Bom para o governo Camilo seria. Como disse, Mauro conhece as finanças do Estado como talvez ninguém na história do Ceará. Mas não acho que seja o melhor para o deputado.

 

Mauro se projetou nacionalmente na campanha de Ciro. Concedeu muitas entrevistas e, muito pressionado, saiu-se muito bem ao explicar as propostas polêmicas do candidato. Chega com visibilidade e reputação, fundamentais para sobressair entre os outros 512. Tem potencial para ser na Câmara, para Ciro, um pouco do que Cid será no Senado. Como detalhe de que, tecnicamente, é mais qualificado que o irmão de Ciro.

 

Para ele e para o grupo, Mauro faz melhor se for para Brasília. Ocorre que haverá, também, pressão para Camilo Santana convocar integrantes da bancada federal para o secretariado, de modo a abrir vaga para suplentes. E não são propriamente numerosos aqueles em condições de ocupar cargo administrativo. Isso pode ser fator extra para levar Mauro de volta ao governo. Convenhamos, uma miudeza se for isso que pesar.

 

Foto do Érico Firmo

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