Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Enquanto circulava pelo Interior ao lado do governador Camilo Santana (PT), Eunício Oliveira (MDB) se tornava alvo de aliados do prefeito Roberto Cláudio (PDT). O assunto foi tornado público no sábado, em artigo publicado pela secretária Águeda Muniz. Ela reclamou do impasse para autorizar empréstimo de 150 milhões de dólares do Banco Mundial.
"Sabe-se que o projeto esteve na Casa Civil da Presidência da República por mais de 120 dias aguardando somente o encaminhamento para o Senado. Surpreendentemente, o Fortaleza Cidade Sustentável sofreu, neste mês, um revés inusitado: enquanto o tempo normal para liberação desses projetos é de 24 ou 48 horas, o processo de Fortaleza foi devolvido ao Ministério da Fazenda sem nenhuma justificativa técnica e contrariando todos os ritos normais", escreveu Águeda.
Ela questionou: "Haveria alguma justificativa política, tendo em vista que o Senado Federal é presidido, hoje, por um cearense que já havia se comprometido com a aprovação da matéria?"
Pois sim: aliados de Roberto Cláudio identificam que o projeto emperrou devido a movimento de bastidor de Eunício. Na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa, parlamentares cobraram o senador. Hoje, os vereadores devem aprovar requerimentos ao presidente do Senado e ao ministro da Casa Civil pedindo explicações. Amanhã, a Assembleia vota texto de mesmo teor. Na Câmara dos Deputados, André Figueiredo (PDT) apresentou requerimento à Casa Civil. A pressão é intensa.
Enquanto isso, Eunício percorre o Ceará com Camilo. Em entrevista ontem, no lançamento da rádio O POVO CBN Cariri, o governador voltou a lamentar o quanto o Ceará perde, na opinião dele, por Eunício não ter sido reeleito. A crise se instaurou entre o prefeito e o senador. Mas, não é replicada com Camilo.
A ser verdade que Eunício estaria por trás da dificuldade na liberação do empréstimo, o senador estaria associando o prefeito - e grupo Ferreira Gomes, portanto - à sua derrota na tentativa de se reeleger. E não faria a mesma associação a Camilo.
É fato que os Ferreira Gomes não tiveram a mesma postura do governador em relação à campanha de Eunício. Longe disso. Sobre Roberto Cláudio, Eunício tem ingrediente extra: foi apenas o quarto colocado na Capital, na disputa pelas duas vagas. Atrás de Cid Gomes (PDT), Eduardo Girão (Pros) e Mayra Pinheiro (PSDB). Girão, que ficou com a segunda vaga, teve três vezes e meia os votos de Eunício em Fortaleza. No resultado geral do Estado, Girão ficou à frente do emedebista por 0,16 ponto percentual. Um bairro de Fortaleza poderia ter feito diferente.
Fortaleza paga
Tudo bem, mas Fortaleza nada tem com isso. O dinheiro do Banco Mundial deve ser usado em despoluição da orla, urbanização de parques e lagoas, ecopontos?
Os aliados de Eunício dizem que ele não tem culpa. Que o empréstimo nem mesmo ao Senado chegou. Parou na Casa Civil antes de ser enviado ao Congresso. Pode ser, mas, o presidente do Senado sempre se vangloriou dos recursos que atuou para liberar. Não dá para fazer pose de impotente. Se quiser, tem influência para intervir a favor.
Leia o artigo de Águeda neste link: http://bit.ly/fortalezasust
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Roberto Cláudio na articulação
O curioso é que o prefeito Roberto Cláudio foi um dos primeiros incentivadores da reaproximação de Eunício com Camilo. Na época, governador e prefeito enfrentavam dificuldades com o governo Michel Temer (MDB). Havia quem dissesse que Eunício atuava para atrapalhar a liberação de recursos.
Verdade ou mentira, ambos falam como as coisas se tornaram mais fácil quando Eunício se tornou aliado e passou a agir decisivamente em prol das duas administrações.
Curiosa é a distinção nessa relação. Na segunda-feira, Camilo e Eunício visitaram obra da barragem Lago de Fronteiras, em Crateús. A autorização para os trabalhos foi dada pelo próprio Eunício, em julho de 2017, em ocasião na qual assumiu a Presidência da República, na ausência de Temer.
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