Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Camilo Santana (PT) teve de exercitar a conciliação para montar aliança tão ampla e precisará demonstrar esse talento ainda mais para administrar ambições no novo mandato. Não apenas pelos aliados que entraram. Eunício Oliveira (MDB) e Genecias Noronha (SD) são dois que estão agora e não estavam há quatro anos. Domingos Filho estava, afastou-se e voltou. Problema maior será administrar as ambições de quem já estava.
A última eleição para a Assembleia Legislativa já provocou a maior crise que Camilo teve de administrar. Sérgio Aguiar e Zezinho Albuquerque (ambos do PDT) se enfrentaram numa eleição que levou à extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e transformou Domingos Filho, citado acima, em inimigo jurado do governo. Àquela altura, porque ele já é governista de novo.
Aquela eleição já foi difícil e há muitas ambições pelo comando da Assembleia Legislativa, função que Zezinho exerce há três mandatos. Antes dele, só um parlamentar havia sido presidente três vezes - Almir Santos Pinto, entre as décadas de 1950 e 1970. Quatro mandatos não têm precedente. Zezinho gostaria de ficar, mas ele mesmo sabe que há muita gente de olho em sua cadeira.
Para a sucessão municipal em Fortaleza, não há nome natural, o que faz surgirem muitas ambições. Com uma complexidade a mais: Capitão Wagner (Pros) foi eleito como deputado federal mais votado e é forte nome para a Prefeitura. No eventual contexto de um governo Jair Bolsonaro (PSL), sabe-se lá qual o cenário para a disputa municipal. Com o detalhe de que o candidato do PSL teve expressiva votação de 34% na Capital, até bem próximo dos 40% de Ciro. Não será sucessão nada fácil.
Em breve também começarão movimentos para suceder o próprio Camilo. Roberto Cláudio já é apontado como nome natural, mas há mais gente interessada na vaga e isso passará necessariamente pelo desempenho do prefeito ao tentar emplacar sucessor.
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Camilo, Ciro e a opção do PT
Camilo Santana (PT) disse coisas interessantes à Folha de S.Paulo:
1) Fernando Haddad precisa se afastar da marca do PT. Colocar-se como alguém acima do partido. A fala tem dois sentidos, ao menos. Por um lado, a constatação do desgaste do PT. Se Jair Bolsonaro (PSL) for eleito - e é o favorito - será pela força do antipetismo. Por outro, sugere que Haddad faça o que o próprio Camilo faz. Com 79% dos votos no Estado, o petista certamente teve votos de muitos eleitores de Bolsonaro. Anteontem mesmo, estava jantando e cometi a indiscrição de escutar o relato da mesa ao lado. O rapaz dizia que havia votado em Camilo por ter abstraído o PT. Por considerá-lo bom gestor. O governador sempre foi considerado mais Ferreira Gomes que petista. Nesta eleição, sai menos Ferreira Gomes, sem ter ficado mais petista.
2) Outra coisa que Camilo disse foi que, caso o PT tivesse decidido apoiar Ciro Gomes (PDT) para presidente, o pedetista talvez tivesse vencido no primeiro turno. Pela força do PT e pela possibilidade de Ciro agregar mais, na opinião dele. Uma opinião ousada. É impossível saber, na verdade. É fato que Camilo defendia Ciro como candidato há muito tempo. Com Haddad de vice, aliás. Outra coisa que é fato: pela rejeição e o antipetismo, Haddad aparentemente terá mais dificuldades no segundo turno do que Ciro teria. Aliás, escrevi em 15 de setembro: Bolsonaro e Haddad são adversários dos sonhos um do outro (leia neste link: bit.ly/bolsonarohaddad). Haddad queria ir ao segundo turno contra ele para ter alguma perspectiva. Conseguiu. Mas, talvez, o PT tenha colocado no segundo turno o candidato contra o qual Bolsonaro tem mais chances.
A postura de Ciro
Ciro Gomes foi sondado para ser vice de Lula, lá atrás. Na opinião de um graduado nome do PT nacional, caso tivesse aceito a proposta, Ciro poderia preparar o terno de posse. Porque ele teria assumido a candidatura posteriormente. E, com menos rejeição que um petista, teria mais chances - mesma leitura de Camilo.
Essa mesma fonte relata ter ouvido de Lula: "Caso Ciro tivesse tido conosco (petista) a mesma postura que o (Roberto) Requião teve, seria inevitável apoiar Ciro".
Era um incômodo pela falta de defesa mais firme de Ciro em relação ao julgamento e à prisão de Lula.
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