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Novo governo com a marca do camilismo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Novo governo com a marca do camilismo

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A eleição no Ceará foi a vitória do camilismo. Camilo Santana (PT) terá condições para compor novo governo de modo diferente do primeiro. Em 2014, ele era o que se convenciona chamar na política de "poste". Passados quatro anos, tem o maior percentual de votos do Brasil e, também, o maior do Ceará em todos os tempos.

 

Há quatro anos, ganhou pela força dos Ferreira Gomes. Nesse período, imprimiu marca no jeito de fazer política mais forte que qualquer outra no mandato. Conciliador, agregador radical, até a contragosto de Ciro Gomes (PDT), que não engoliu a aliança com Eunício Oliveira (MDB).

 

Camilo virou governador por obra e graça dos Ferreira Gomes, mas deve se eleger pela força da própria base que construiu, hoje bem maior que a herdada de Cid.

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O governador reeleito é bem mais forte que o eleito em 2014. Será interessante observar como irá conduzir a própria sucessão. A que ponto ele e os Ferreira Gomes se entenderão. Cada vez mais, Camilo consolida seu próprio grupo. Não conheço precedente de governador forte que tenha aberto mão da palavra final sobre a indicação do sucessor.

 

A escolha do novo secretariado indicará o que muda em relação ao governador que tomou posse em 1º de janeiro de 2015. A sucessão de Roberto Cláudio (PDT) em Fortaleza será outro teste.

 

Um caminho para a oposição

Camilo teve vitória avassaladora, com 79% dos votos. Em Fortaleza também venceu com folga, mas um pouco menos. Como é tradição, a Capital tem inclinação oposicionista, ao menos na comparação com o resto do Estado.

Camilo teve 62% dos votos de Fortaleza. Não é pouco, longe disso. Mas, é 17 pontos percentuais a menos que a média do Ceará. Já a oposição passou de um terço dos votos. Diante da conjuntura, é até alguma coisa.

 

General Theophilo (PSDB) alcançou 22%. O dobro dos 11% do Estado inteiro. Hélio Góis (PSL) alcançou 9,89% - 50% a mais que o de todo o Ceará. Ailton Lopes (Psol), 5% - mais que o dobro de sua média estadual.

 

Mas a força emergente da oposição estadual é o Pros. Elegeu Eduardo Girão, na grande surpresa da campanha. Emplacou Capitão Wagner como deputado federal mais votado.

 

A oposição teve a campanha mais difícil no Ceará desde a redemocratização. Uma grande derrota. Mas sai com alicerces para construir um caminho. Eles estão em Fortaleza e no Pros.

 

Futuro incerto para Camilo

O governador reeleito tem todos os motivos para fazer campanha por Fernando Haddad (PT). Se ganha Jair Bolsonaro (PSL), precisará encontrar canais. No Senado, terá em Cid Gomes (PDT) um grande aliado. Mas sem perspectiva de trânsito num governo Bolsonaro. Não se sabe a posição de Tasso Jereissati (PSDB) num eventual mandato do capitão do PSL. Sabe-se que o tucano está enfurecido com o governador após troca de críticas no fim da campanha. Eduardo Girão (Pros) declarou voto em Bolsonaro e seria o melhor elo, na teoria. Mas os dois já se desentenderam.

 

Camilo não gostou de críticas do senador eleito e o respondeu que o senador eleito começou errado. Questionou o apoio a Bolsonaro, uma vez que o Pros apoia Haddad.

 

Girão respondeu de forma dura, mas algo conciliadora. Em nota da assessoria, deixou canal aberto. Lamentou a "postura derrotista" de decretar que o Estado perde com a eleição do senador. "Não acredito que o Ceará precise de autoridades que desistam de seus representantes tão cedo, antes de qualquer tentativa de diálogo. Da minha parte, o Estado e o governador podem ter certeza que encontrarão um representante aberto a ajudar no que for possível para melhorar a vida do povo".

 

Se Bolsonaro for eleito, é provável que o canal seja acionado.

 

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