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Eleição federal muda a política do Ceará
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Eleição federal muda a política do Ceará

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A eleição em banho-maria no Ceará caminha, conforme as pesquisas, para recorde de votação do governador Camilo Santana (PT). Tão emocionante quanto ler um catálogo de telefone. O que não significa que nada está em jogo para a política estadual nestas eleições. Na disputa presidencial reside muito do futuro político do Estado.

 

O provável segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) deve colocar Camilo Santana (PT) na campanha nacional. Não haverá mais motivo para a ambiguidade entre Haddad e Ciro Gomes (PDT). Aliás, a posição de Ciro no provável segundo turno será outro motivo de curiosidade. Ficaram sequelas do primeiro turno. Mágoas, sobretudo da interferência petista para evitar a aliança do PSB com Ciro, mesmo que para não apoiar ninguém. Ciro disse que não tem condição de apoiar Haddad no segundo turno. É provável que a situação mude no eventual segundo turno. Ciro seria o mais natural aliado de Haddad, junto com Guilherme Boulos (Psol).

 

O futuro de Ciro é grande interrogação, a se confirmarem as pesquisas. Ele mesmo já demonstra desânimo. E indicou que não voltará a ser candidato. O primeiro passo de qual trajetória irá seguir será dado no segundo turno.

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A eventual vitória de Haddad reposiciona Camilo no jogo político nacional. Por outro lado, se Bolsonaro vence, haverá muitas mudanças na política local. Para começar, bolsonaristas como Heitor Freire e Hélio Góis (ambos PSL) tornam-se protagonistas locais na arena nacional. Na teoria, ao menos.

 

O fator federal tem determinado o rumo da política estadual há décadas. A chegada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao poder foi o fator que determinou a aliança entre os Ferreira Gomes e o PT no Estado. Quando Michel Temer (MDB) se tornou presidente, Camilo passou por maus lençóis. Essa conjuntura levou à aliança entre o governador e Eunício Oliveira (MDB) e, portanto, o desenho atual da política local.

 

Se der Bolsonaro, forças emergem no Ceará e Camilo, caso confirme a reeleição, precisará encontrar pontes. O cenário que se desenha no caso de o hoje líder nas pesquisas se eleger presidente é bem complicado para um governador do PT.

 

Mercado escolheu Bolsonaro

Escrevi, em 18 de setembro, que o establishment brasileiro caminhava para ficar sem candidato no segundo turno. Nem Jair Bolsonaro nem Fernando Haddad, nem mesmo Ciro Gomes (PDT) são candidaturas ao feitio do que esperariam o mercado e os círculos que tradicionalmente governam a sociedade. Geraldo Alckmin (PSDB) seria o mais provável. João Amoêdo (Novo) seria o sonho. Ou Henrique Meirelles (MDB). Mesmo Marina Silva (Rede) seria melhor para eles. Mas, como disse àquela altura, se tivesse de escolher entre Haddad e Bolsonaro, esse último seria a opção. Assim foi.

 

A queda do dólar acumulada nesta semana é a maior desde antes de o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) ser aberto. A Bolsa de Valores também acumulou alta na semana.

 

Na rádio O POVO/CBN, Miriam Leitão resumiu a situação. O mercado vê duas coisas e apenas duas: quem é reformista e quem não é. Haddad não é reformista. Bolsonaro sinaliza que será. Miriam - que muitos hoje chamam de comunista, a que ponto chegamos - destaca que o mercado não entende a complexidade do Brasil e do que está em jogo, que vai muito além disso. E, segundo ela, o mercado quer também se enganar.

 

Na história política de Bolsonaro, ele nunca foi reformista. Nem dele nem de quem é próximo a ele. O candidato já anunciou Onyx Lorenzoni (DEM-RS) como seu ministro-chefe da Casa Civil em caso de eleição. Lorenzoni foi um dos críticos mais contundentes da proposta de reforma do governo Michel Temer (MDB).

 

Como muitos eleitores, o mercado escolhe Bolsonaro para derrotar o PT. Sabe o que não quer. Em nome disso, faz opção incerta.

 

Foto do Érico Firmo

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