A primeira pesquisa Ibope após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar o veto à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - e após o início do horário eleitoral - tem três grandes fatos, não necessariamente nesta ordem:

 

1) A estagnação de Marina Silva (Rede). Todos os principais adversários se movimentam mais ou menos na mesma toada, para cima. Ela fica onde está.

 

2) Ciro Gomes (PDT) é quem mais sobe. É pouca coisa de diferença, quase nada. Três pontos percentuais, enquanto Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT) subiram dois pontos, cada. Dois pontos percentuais é a margem de erro. Ciro foi o único que cresceu além disso. Uma coisinha de nada, mas cresceu. Numa eleição de poucas oscilações, o movimento tem impacto, inclusive, psicológico.

 

3) Brancos, nulos e indecisos somam 28%. Venceriam qualquer candidato.

Algumas conclusões: se a pesquisa captou o real sentimento do eleitor, será difícil para Marina ir ao segundo turno. Ciro e Alckmin estão chegando, com mais tempo de TV e estrutura que ela. Ciro está vivo nessa briga. Mas Alckmin está perto, e com muita força. Bolsonaro sobe após o início do horário eleitoral, mesmo quase sem tempo. Tem posição mais ou menos cristalizada. O quadro pode mudar e ele tem fragilidades, mas hoje a briga é para ir ao segundo turno contra ele.

 

Os 6% de Haddad, que nem anunciado candidato foi, não devem ser subestimados. A transferência de votos de Lula e a maior visibilidade que passará a ter podem colocá-lo no bolo.

 

Perdeu sim, Ciro

Questionado sobre o fato de o governador Camilo Santana (PT) estar se dividindo entre a candidatura do PT - partido dele - e a do PDT, Ciro Gomes, candidato pedetista, disse que não precisa de palanque no Ceará. Ele próprio se basta. "Quem tá aqui é o Ciro Gomes, não tá reconhecendo não? O palanque do Ceará sou eu. Nunca perdi uma eleição lá, nenhuma vez".

 

Ciro, de fato, é de força impressionante. Nas duas eleições presidenciais que disputou, venceu no Estado. Nas duas, o segundo colocado entre os eleitores cearenses foi Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Quando estreava em eleições nacionais, Ciro deixou o então presidente e candidato à reeleição Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na terceira posição. E, na época, FHC tinha apoio do então governador Tasso Jereissati (PSDB). Ciro passou anos ligado a Tasso, mas, quando bateram de frente, levou a melhor.

 

Porém, não é bem verdade que não tenha perdido eleição "nenhuma vez". Na primeira eleição que disputou, para deputado estadual, em 1982, obteve 17.841. Ficou como segundo suplente do velho PDS. Como o partido era governo, ele acabou sendo convocado para assumir o mandato. Mas, no voto mesmo, não foi eleito.

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E ainda acha bonito

Governador Camilo Santana (PT) promoveu carreata em Caucaia, na noite de terça-feira, 4. Segundo a assessoria da campanha, participaram mais de mil veículos. Mil!

 

Gente, carreata é das formas mais antiquadas, cafonas, atrasadas de fazer campanha. É, além de tudo, arrogante. Mera demonstração de força. É provinciano.

 

Imagine o destroço, o transtorno que não foi causado em Caucaia com a aglomeração de mais de mil veículos. O engarrafamento, o barulho, a poluição, a sujeira. Sério, qual motivo de alguém votar em um candidato porque ele enfileirou carros?

 

Falo de Camilo, mas é a regra entre os candidatos que têm apoio e estrutura para isso. Raros renegam esse modelo.

 

Como em tudo mais em campanha, as campanhas fazem isso porque dá retorno em voto. Pelo menos, eles acreditam isso. Cabe ao eleitor passar a repudiar esse atraso de vida, essa boçalidade degradatória a pretexto de pedir voto.