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Há futuro para a oposição no Ceará?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Há futuro para a oposição no Ceará?

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Nos 12 dias até a eleição, o papel que as pesquisas colocam para a oposição no Ceará é construir um futuro. Algum futuro. Salvo se os números estiverem errados de forma como nunca se viu no planeta, ou se houver uma hecatombe em menos de duas semanas, Camilo Santana deverá ser reeleito no primeiro turno. Isso era previsível. Uma coisa é a derrota, no primeiro turno que seja. Muito diferente é a oposição sair das urnas relegada a tamanho menor do que jamais teve.

 

Desde a redemocratização, a oposição nunca saiu tão pequena quanto indicam as pesquisas. Antes da eleição, Tasso Jereissati (PSDB) afirmou que não permitiria WO. Bom, falta de adversário não houve, mas a derrota se desenha um 7 a 1. Ou pior. No Ibope de ontem à noite, Camilo tinha 86% dos votos válidos. O General, 8%. Proporção de quase 11 para um. Um WO simbólico. Tasso também disse que nunca se sentiu tão só. Pode piorar.

 

O papel de Tasso

Tasso fará 70 anos em dezembro. Ao final do mandato de senador, terá 74. Para muitos políticos, é a flor da idade. Mas, para quem foi governador aos 39, é trajetória longeva. Em algumas ocasiões, ele já disse que não disputará outras eleições. Mudou de ideia várias vezes. Porém, se em 2018 mais uma vez ele foi cotado para concorrer a governador, essa hipótese será muito mais remota em 2022. Tasso ainda é símbolo para a oposição. Caso se retire de cena, não resta muita coisa.

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O novo protagonista

O futuro que se prenuncia para a oposição é Capitão Wagner (Pros). É fortíssimo, sem dúvida. Deverá ser eleito deputado federal. Porém, sozinho ou quase, não é capaz de muito. Com um complicador: sai da cena local. Há mais de 30 anos, nenhum protagonista da política estadual se projeta a partir de Brasília. Maria Luiza, Ciro Gomes, Juraci Magalhães, Luizianne Lins e Roberto Cláudio todos atuavam no dia a dia do Estado. O mais próximo de exceção foi Lúcio Alcântara (PSDB). Era senador quando se elegeu governador. Mas, contava com o apoio do então todo-poderoso Cambeba. E quase perdeu.

 

A oposição à esquerda

À esquerda do governismo há o Psol. Tem um nome de força: Renato Roseno, que deve ser dos mais votados e cuja eleição não é certa ainda assim. De resto, o partido tem problema nacional: com o PT na oposição, o Psol é ofuscado, engolido. A olho nu, não consegue se diferenciar do PT perante a maioria da população.

 

O pendor ao governismo

A configuração política do Ceará tem inclinação ao governismo. Mais que isso, à perpetuação. Ciclos de poder duram até a exaustão. Até caírem de maduros. Foi assim com a oligarquia Accioly, o triunvirato dos coronéis, a era Cambeba, a era Juraci. Todos períodos que persistiram até o esgotamento.

 

Isso ocorre pelo perfil de partidos e parlamentares que não sabem fazer política sem o poder ao seu lado. A essência do trabalho é agir nos corredores palacianos em busca de benesses dos governos. Obviamente, não é saudável.

 

Quando oposição, o PT ainda resistia à adesão ao governo. E por pouco. Em 1994, a aliança com Tasso no Ceará chegou a ser firmada, com a bênção de Lula. Melou de última hora.

 

Ocorre que, quando o PT se tornou governista, no governo Cid Gomes (PDT), não ficou quase ninguém disposto a fazer oposição. O próprio Tasso aderiu ao cidismo, no começo. Ficaram o Psol de um lado e o então derrotado Lúcio Alcântara do outro. O Psol persiste, o PSDB rompeu a fórceps e surgiu Wagner. E Heitor Férrer (SD), que há algum tempo não brilha como nos velhos tempos na Assembleia Legislativa.

 

A esse punhado se resume a oposição na última década. Não é bom para ninguém. Sai caro até para o governo.

 

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