Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
No debate deste domingo, promovido por TV Gazeta e Estado de S.Paulo, a violência no Ceará foi usada para atingir Ciro Gomes (PDT). Vários candidatos mencionaram o tema, a começar por Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB), adversários mais próximos de Ciro. Nada mais previsível. Ciro governou o Ceará já se vão 24 anos, mas seu irmão esteve no poder até 2014. Seu grupo controla a máquina estadual há 12 anos. E o próprio Ciro coloca o Estado como referência, ao citar educação. É óbvio que o Ceará passa a ser observado com lupa. E nenhum problema mais visível que a segurança.
É bom para o Estado esse protagonismo no debate nacional. São holofotes a mais, pressão extra para resolver o problema. Não que tenha faltado visibilidade até aqui. A insegurança no Ceará é assunto nacional e internacional desde o começo da década. Mas nada como pautar o assunto - negativamente - durante campanha eleitoral para acelerar providências.
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Sem dúvida, segurança é o problema mais sério. Mas há outros a serem observados pelos candidatos. Saúde, saneamento
Onde a esquerda tem voto e onde não tem
Em sabatina ontem no Grupo de Comunicação O POVO, Mikaelton Carantino explicou o porquê de seu PCO não se aliar a partidos como Psol e PSTU. São todos bem pequenos. Caso se aliassem, seguiriam pequenos. Separados, ficam menores. Ele afirmou que o Psol é partido "pequeno burguês", que não tem voto na periferia. Mas, e o PCO, onde tem voto? Ele respondeu: "O PCO não tem voto é em canto nenhum". Uma verdade. E ele deve achar uma vantagem.
Contexto internacional
Pela prosa de Mikaelton, deu para entender que a principal divergência, por exemplo, com o PSTU tem a ver com as posições no movimento socialista internacional. Como se posicionam em relação a Cuba, Venezuela, Espanha. São diferentes grupos no âmbito mundial. Em função disso, os partidos não se unem na eleição para governador do Ceará. Aparentemente, acreditam estar acumulando forças para a revolução global.
Nova cara do velho populismo chinfrim
João Amoêdo (Novo) usou alguns de seus primeiros e poucos segundos no horário eleitoral para dizer que, se for eleito, irá acabar com... o horário eleitoral gratuito. Pode soar iconoclasta ocupar espaço para dizer que acabará com ele. Mais ou menos como candidatos de extrema esquerda que pretendem destruir o sistema por dentro. Ocorre que, para alguém de partido denominado novo, a proposta é populista, do arco da velha. Pretende dialogar com eleitor que fica incomodado com a programação televisiva interrompida pela propaganda política. Subestima a população, ao imaginar que alguém escolheria presidente por uma bobagem dessas.
É pouco
Na tumultuada semana passada, acabei deixando passar assunto sério. Sobre o gravíssimo vídeo de policiais praticando tortura contra um adolescente, o secretário da Segurança Pública e Defesa Social, André Costa, afirmou: "Não é a orientação dada aos policiais, os policiais não são treinados para nenhuma conduta que fira as regras constitucionais e legais".
É pouco, muito pouco. Tímido demais. Diante de crime horrendo, praticado contra menor de idade, por parte de seus subordinados, o secretário não pode apenas dizer que não é a orientação. Faltou indignação com um absurdo. Faltou agir como gestor para corrigir algo muito grave. Feito com a naturalidade que sugere não ter sido coisa isolada.
Do gestor, espera-se que seja capaz de orientar os subordinados, determinar padrões de conduta e corrigir o que está errado. Trata-se, provavelmente, do mais claro atestado de tortura cometido por policiais cearenses. Não pode ser recebido com a tranquilidade de quem toma chá com rosquinha.
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