Com a oficialização de Fernando Haddad candidato do PT, Ciro Gomes (PDT) intensificou a artilharia contra ele. Afirmou que o petista não tem experiência, não conhece o Brasil e, se é eleito, governaria por procuração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "O Brasil não aguenta outra Dilma".

Ciro também disse que Lula, "preso e cercado de puxa-sacos", perdeu noção da realidade. Até o Ceará foi citado nessa briga. Ciro disse que repudia e denuncia o apoio a Eunício Oliveira (MDB) - chancelado pelo governador Camilo Santana (PT) e pelo irmão de Ciro, Cid Gomes (PDT). O pedetista reclamou que Haddad visitou o Ceará e se abraçou com Eunício.

Um dia antes, Ciro havia desfeito do desempenho do petista na eleição em São Paulo, em 2016. Na ocasião, era prefeito, concorria à reeleição e perdeu feio de João Doria (PSDB), no primeiro turno. Na ocasião, Ciro o apoiou e diz ter tido "decepção profunda". Bateu também na direção petista.

Antes da campanha começar, o PT jogou pesado contra Ciro. Articulou para tirar o PSB do palanque dele, mesmo que não fosse para apoiar a candidatura petista. Ciro agora reage de forma dura e pública. Tipo de briga que pode causar prejuízo às duas candidaturas. E deixar sequelas em um eventual segundo turno. Se algum dos dois lá estiver.

Haddad e Eunício

Agora oficialmente candidato a presidente, Haddad justificou, em entrevista publicada ontem pelo site da Carta Capital, o apoio do PT a Eunício Oliveira. Ele disse que o emedebista, assim como Renan Calheiros (MDB-AL), defendia a candidatura de Lula no plano nacional e estava aliado aos governadores do partido. "No Ceará, Eunício apoia o Camilo Santana, que tem mais de 70% das intenções de voto".

Há, porém, algumas diferenças. Eunício defende Lula, assim como Renan. Mas, o alagoano foi uma das mais veementes vozes contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Eunício votou pela derrubada da ex-presidente - favorita para ser colega dele no Senado, por Minas Gerais. Quanto aos apoios estaduais, Eunício está engajado com Camilo. Mas, em Alagoas, o candidato a governador é o filho de Renan Calheiros. Não há de ter sido pelo apoio ao filho que o PT decidiu apoiar o emedebista.

Construção da maioria

Ao justificar o apoio, Haddad fala também sobre a configuração da política brasileira e a formação de uma base majoritária. "Há um realinhamento de forças. Se não houver uma grande mudança de perfil do Congresso, precisamos ter a responsabilidade de criar uma maioria para implantar o programa de Lula".

Ou seja, a aliança com Eunício e outros membros do MDB é sinalização da forma como Haddad pretende construir a governabilidade no caso de ser eleito. 

Candidato do DEM dá apoio a Girão

Um dos principais expoentes do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri gravou vídeo em apoio ao candidato ao Senado no Ceará, Eduardo Girão (Pros). Kim ressalta o histórico de Girão contra o aborto e afirma que ele irá abrir mão de privilégios, como auxílio paletó, carro e motorista. Destaca ainda projetos sociais do postulante a senador.

Kim é candidato pelo DEM, partido que, no Ceará, integra a coligação de Cid Gomes (PDT) para o Senado. Sigla que, informalmente, apoia também Eunício Oliveira (MDB). Mas, Kim se refere a Girão como "meu candidato ao Senado" no Ceará.

Embora a maior parte dos candidatos do MBL estejam no DEM, o grupo tem organização que transcende partidos. Lembra a forma como, até os anos 80, os partidos clandestinos comunistas atuavam dentro das legendas formalizadas.