Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O cenário que o Ibope apresenta para a eleição no Ceará é favorável para o governador Camilo Santana (PT) de maneira que não tem precedente. Aparece com 64% das intenções de voto. Tome-se como referência a campanha de reeleição de Cid Gomes (PDT). Na primeira pesquisa daquela eleição, feita pelo Datafolha em julho de 2010, o padrinho de Camilo tinha 47% das intenções de voto, numa campanha muito mais longa, de três meses. Já era um absurdo de voto. Camilo está melhor muita coisa. Os adversários têm um mês e meio para tentar mudar o quadro.
Marca histórica
Em votos válidos, Camilo tem 86% das intenções de voto. É até uma extravagância. Voltemos ao parâmetro do padrinho: Cid nunca passou perto de patamar assim. Nunca. É aprovação rara de se vê em qualquer nível.
Para efeito de comparação: a maior vitória eleitoral da história do Ceará ocorreu em 1982, com Gonzaga Mota. Era a última eleição da ditadura militar e, embora o sistema estivesse ruindo no Brasil, os coronéis estavam na plenitude do poder no Ceará. Pois, naquela eleição e naquele contexto, Gonzaga Mota venceu com 70,16% dos votos válidos.
Os coronéis não elegeram candidato com o patamar de que Camilo larga. Tasso Jereissati (PSDB), no auge do poderio tucano, não atingiu essa marca. Cid Gomes (PDT), no ápice da hegemonia, não chegou a tanto.
E se a pesquisa estiver errada?
Claro, a pesquisa pode estar errada. Essa hipótese sempre existe. Porém, se Camilo tiver a metade do percentual registrado, ainda será oito vezes a pontuação do segundo colocado, que tem 4%. Oito vezes.
Se o adversário mais bem colocado tiver 100% a mais de intenções de voto - o General Theophilo (PSDB) chegaria a 8% - ainda seria distância enorme para a metade do que tem o governador.
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Camilo vai cair e isso é certo
É praticamente certo que Camilo vai cair até a eleição. Parte de patamar tão sem precedente que só tem espaço para descer. Até porque os demais candidatos ficarão conhecidos, deverão arranjar uns votos a mais.
Todavia, o governador larga de patamar tão elevado que tem gordura para cair muito e ainda ganhar com tranquilidade.
Os outros podem subir muito, muito mesmo, e ainda estarão a distância significativa de forçar um segundo turno.
Sobretudo por um complicador: a campanha será a mais rápida de todos os tempos. Nunca um candidato largou tão forte e nunca houve tão pouco espaço para mudar.
Para completar, a rejeição de Camilo ainda é a menor. O que não deixa de ser meio óbvio para quem é a opção de 86% dos que escolheram candidato.
A história das eleições não recomenda imaginar que algo está decidido de véspera. A democracia e o eleitor costumam dar lições. Então, a resposta à pergunta que abre a coluna é: não.
Porém, que Camilo parte de patamar melhor que qualquer antecessor, disso não há dúvida.
Perspectiva de WO
Há pouco mais de mês, Tasso Jereissati disse: "Não vamos deixar acontecer WO aqui. Além de estar fazendo um serviço à democracia do Ceará, nós não vamos deixar o Ceará passar essa vergonha. Aqui não tem só políticos acomodados e aproveitadores do poder, existem homens sérios e valentes".
Era modo de dizer que a intenção não era bem ganhar, mas ao menos estabelecer algum nível de competitividade.
Não está fácil para alcançar o objetivo.
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