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A tabelinha entre Camilo e Eunício
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A tabelinha entre Camilo e Eunício

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A partida de futebol disputada na noite de sábado para marcar a inauguração da areninha em Limoeiro do Norte é uma das mais contundentes demonstrações da aliança eleitoral entre Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (MDB). O governador segue dizendo que a parceria é administrativa, que pode ou não se tornar em aliança eleitoral. Todavia, os gestos são mais significativos que as palavras. Já houve casos de aliados que juravam parceria eterna e estavam se digladiando logo depois? Sim, e não são poucos. Ainda assim, será muita desfaçatez se os políticos que fazem tabelinha para marcar gol durante pelada de sábado à noite estiverem trocando insultos e fazendo acusações mútuas dentro de um mês e meio. Verdade que eles estavam assim há quatro anos, mas as idas e vindas só agravam a situação.

A aliança entre Camilo e Eunício já é real, palpável, escancarada. É visível e, mais que isso, feita para ser vista. Há ainda resistências importantes e poderosas à aliança dentro do grupo do governador. Partem da família Ferreira Gomes. Não é pouca coisa e, portanto, é capaz de a aliança formal nem sair. Isso é relevante e tem grande impacto político.

Entretanto, não é o fundamental. Há aliança na prática. No sábado, Eunício estava na inauguração de obra feita em parceria do Estado com Município. Não tinha nada a ver com Governo Federal, muito menos com o Senado que o emedebista preside. A parceria administrativa não justifica o comparecimento.

Em 2016, em Fortaleza, Camilo não fez campanha para Roberto Cláudio (PDT) durante todo o primeiro turno. O PT, afinal de contas, tinha candidata. Porém, todo mundo sabia que a aliança existia. A sinalização para apoiadores - e financiadores — está dada. O recado é claro. Isso vale mais que alianças formais, mas sem convergência na prática.
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Em 2002, por exemplo, o PT se aliou ao PL, atual PR. Os candidatos a senador eram Mário Mamede, petista, e Gelson Ferraz, então no PL. Porém, na campanha - e na contabilidade dos votos - os petistas votaram em peso em Eudoro Santana, então no PSB e coincidentemente o pai de Camilo.

Não significa que a eventual ausência de coligação formal seja algo tranquilo para Eunício. Os laços se tornam, obviamente, mais fluidos e menos firmes. O surgimento de candidatura adversária forte pode ameaçá-lo. O empresário Luís Eduardo Girão (Pros) tenta ser este nome.

O RETORNO DE DOMINGOS

Domingos Filho (PSD) buscará voltar à Assembleia Legislativa na próxima eleição, num movimento para refazer seu projeto político. Na metade da década passada, ele iniciou uma ascensão atrapalhada pelo rompimento com a base do governo. Com a eleição de Cid Gomes (PDT), virou presidente da Assembleia Legislativa e aliado dos sonhos para os Ferreira Gomes. Na reeleição de Cid, virou vice-governador e não criou contratempos visíveis a olho nu. Mas tinha ambição de virar governador. Os Ferreira Gomes o paparicavam e queriam como coadjuvante. Mas não cogitavam entregar a ele a condução. Contrariado, negociou com os Ferreira Gomes vaga no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

Sem mandato, manteve mulher, filho e primo como atores na cena pública política. A família atraiu apoio de muitos prefeitos e ex-prefeitos. Enquanto isso, Domingos se lançou candidato a presidente do TCM. Mais que nunca, a eleição ganhou todas as cores de disputa entre partidos políticos. A ponto de contaminar a eleição para presidente da Assembleia Legislativa.

Domingos venceu e a maioria governista do Legislativo decidiu retaliá-lo. Mudou a Constituição e extinguiu o TCM. A briga foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a posição da base aliada prevaleceu.

Então, Domingos conseguiu na Justiça permissão para se candidatar, fez acordo com o governo Camilo, e buscará vaga na Assembleia. Deverá conseguir sem grande dificuldade. De lá, irá reconstruir trajetória que chegou perto das mais altas posições do Estado, mas foi cortada quando contrariou os Ferreira Gomes. A ambição dele é grande e não parece ter sido abandonada - apenas adiada.

ISTO IMPORTA

Nas noites de sexta-feira, sábado e domingo, entre as principais atrações do Festival Vida&Arte estavam artistas negros: Elza Soares e Lineker na sexta, Milton Nascimento e Kléber Lucas no sábado, IZA no domingo. Negros foram protagonistas como atrações e grande parte do público.

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