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A insanidade
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A insanidade

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As coisas mais asquerosas da história da humanidade foram feitas em nome de pátrias e patriotismos. O que de positivo se fez, por outro lado, é muito pouco e restrito. Estados nacionais são construções históricas, importante não esquecer. Para defender um status social e econômico, governos são capazes de contrariar qualquer princípio ético, de violentar qualquer ideal de humanidade.

O governo dos Estados Unidos decidiu que imigrantes ilegais adultos devem responder a processos criminais. Para tanto, eles estavam sendo levados a centros de detenção e separados de seus filhos menores de idade. Alegava-se que os imigrantes cometeram ilegalidade, mas qual o crime maior? Em nome de combater a infração a uma norma, o governo da mais poderosa nação do planeta respondeu com uma ignomínia incomparavelmente maior. É uma derrota para a humanidade que questões como essa perdurem em plena aurora da terceira década do século XXI.

Mesmo entre os republicanos, a medida foi recebida como afronta do tamanho que tem. “Esta política de tolerância zero é cruel. É imoral. E isso quebra o meu coração”, afirmou Laura Bush, mulher do ex-presidente George W. Bush. O senador conservador John McCain, candidato derrotado na primeira eleição de Barack Obama, foi mais enfático. Classificou a medida de “afronta à decência do povo americano e contrária aos princípios e valores nos quais a nação foi fundada”.

Uma das manifestações mais contundentes veio do papa Francisco, que classificou a medida de imoral e “contrária aos valores católicos”. Ele acrescentou, em entrevista à agência Reuters, que “populismo não é a solução”.

No Twitter, o pontífice compartilhou a hashtag #WithRefugees (com os refugiados). “Encontramos Jesus no pobre, no rejeitado. Não deixemos que o medo nos impeça de acolher o próximo necessitado”, escreveu. E completou: “A dignidade da pessoa não depende de ela ser cidadã, migrante ou refugiada. Salvar a vida de quem foge da guerra e da miséria é um ato de humanidade”.

Diante das pressões, Donald Trump - fato raro - recuou. Decidiu então que as crianças devem ser enviadas junto com os pais ao mesmo centro de detenção. A medida teria tido influência da primeira-dama Melania Trump, conforme a agência Associated Press.

A política de Trump, em todas as áreas, tem a ilusão de manter os Estados Unidos protegidos das mazelas de um mundo em crise. Ele vende o discurso de que os males do País têm causas externas. Chega ao disparate de dizer que os demais países se aproveitam do coitadinho e inocente dos Estados Unidos. O discurso do inimigo externo é simplista e rasteiro o suficiente para convencer quem espera soluções fáceis para questões complexas.

Ocorre que o País sonhado por Trump é uma impossibilidade. A forma como o mundo foi organizado - conforme idealizado por Winston Churchill, em execução que teve a Casa Branca como protagonista - não possibilita ilhas de prosperidade cercadas de miséria, guerras e doença por todo lado.

A intenção de delimitar um espaço no qual os benefícios fiquem dentro e os problemas fiquem fora não é apenas espúria. É também idiota e inútil.

DIAGNÓSTICO TRONCHO

A ideia de colocar militares para dirigir escolas parte do mesmo princípio equivocado de colocá-los para governar. Eles podem, sim, candidatar-se a cargos públicos e serem eleitos. Assim como podem ser bons gestores de escolas. Mas, isso porque podem ter outros atributos, para além daqueles exigidos pela carreira militar.

O problema da educação não é falta de disciplina. Os estudantes têm dificuldade em aprender a ler e escrever. Mais ainda em matemática. É preciso enfrentar questões de aprendizado, com ciência e técnica. Não com discurso fácil para viralizar em grupos de WhatsApp de gente pouco disposta a refletir sobre qualquer coisa, à procura apenas de textos “lacradores”.

Também não é falta de Deus o problema. Tenho minhas crenças, mas isso definitivamente não é problema dos políticos ou das políticas públicas. Algumas das maiores mentes dos últimos 100 anos, como Stephen Hawking e Sigmund Freud eram ateus. Não consta que tenham sido propriamente maus alunos.

O general Guilherme Theophilo (PSDB) ainda engatinha na apresentação de uma plataforma, mas tem tido problemas em diagnosticar os problemas reais e ainda mais em apresentar soluções concretas.

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