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Violência passa por corrupção em presídios
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Violência passa por corrupção em presídios

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A operação que prendeu dirigentes do sistema penitenciário, cujos áudios reveladores foram divulgados pelo Ministério Público, ataca um problema crucial para resolver a crise da segurança pública. Os líderes do crime organizado estão presos e comandam de dentro dos presídios mesmo. A liberdade de ação de que desfrutam no cárcere jamais poderia ocorrer se não com a conivência de gente de dentro do aparelho prisional. Para desmontar a estrutura das facções, é imprescindível garantir que quem estiver preso não continuará a se envolver em ações criminosas, participar delas, planejá-las e comandá-las. Os sujeitos são presos, mas não deixam de realizar ações criminosas de grande porte. Faz-se enorme esforço para pegar os caras, mas com pouquíssimo resultado.

Para impedir que o crime seja cometido e coordenado por quem está preso, é necessário atacar a corrupção existente entre quem está com a custódia dos presos. Claro que não são todos, nem mesmo a maioria. Porém, a engrenagem do crime não anda se não tiver colaboradores graduados na estrutura do aparato penitenciário. Por isso a operação batizada de “Masmorras Abertas” é alentadora.
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Aliás, a colaboração não é imprescindível apenas dentro do dos presídios. Isso é uma ponta. Mas, investigações no Judiciário evidenciaram como havia na magistratura colaboração para deixar em liberdade homicidas e grandes traficantes. O esquema foi descoberto quando as organizações criminosas estavam menos estruturadas e atuantes por aqui. Verdade que a vigilância ficou maior, sobretudo sobre estranhezas em plantões. Mas, será que justo mais recentemente, no auge do poder, os criminosos organizados deixaram de corromper magistrados? Não sei.

Não se improvisa colapso na segurança pública tal qual se instaurou desde o início da década. Os criminosos dependem, necessariamente, de colaboradores dentro da estrutura de Estado. São poucos, mas estratégicos auxiliares dentro das forças de segurança, do sistema prisional, do Judiciário, do Ministério Público. Do poder político, como não?

Por isso e em defesa até da maioria de profissionais sérios que há na Polícia, na gestão penitenciária, na Justiça, no Ministério Público, é preciso combater punir os focos de corrupção nessas estruturas.

O Rio de Janeiro é exemplo emblemático de como se constrói colapso - e, no caso de lá, generalizado, em todas as áreas. O afunilar das investigações apontou a junção de políticos corruptos, diretores de estatais, grandes empresários, parlamentares, policiais corruptos e envolvidos em milícias, Judiciário e órgãos de fiscalização. A corrupção se tornou sistêmica e o envolvimento de diversos atores foi fundamental para que o crime ocorresse naquelas condições.

O resultado é conhecido: servidores sem salário, universidade pública falida, saúde aos pandarecos e por aí vai.

Por isso, é motivo para otimismo que o combate à violência no Ceará tenha avançado para um dos pilares dentro do Estado, imprescindíveis para dar sustentação aos grupos criminosos.

AS CHANCES DE BARBOSA E DO PSB

O PSB está empolgado com as chances de Joaquim Barbosa na sucessão presidencial e, como a coluna disse ontem, tem motivo para isso. Ocorre que o partido já deu sinal de que poderia eleger presidente e se deu mal no fim. Foi em 2014. Quando Eduardo Campos morreu, Marina Silva - cuja Rede Sustentabilidade está abrigada na legenda - assumiu a candidatura e disparou. Parecia que deixaria Aécio Neves (PSDB) fora do segundo turno e, no embate direto com Dilma Rousseff, venceria com os votos dos críticos do PT. Era factível. Mas, Marina se enrolou na vacilação e falta de clareza.

Marina estava longe de ser novata na política. Joaquim Barbosa tem muitos atributos para vencer a eleição, mas não foi testado na arena da política. O temperamento é explosivo, o posicionamento político é, de modo geral, uma incógnita. O que ele pensa sobre economia? Sobre educação? Sobre saúde? A visão sobre segurança pública? A opinião sobre Previdência. Duvido que os até 10% de eleitores que cogitam escolhê-lo saibam de forma minimamente profunda o que ele propõe para algum desses campos.

A falta de posições públicas em temas delicados pode ser uma vantagem na saída: evita rejeição. Porém, caso tente se esquivar de tomar posição para não desagradar, pode se perder no mesmo erro que vitimou Marina em 2014.

 

Foto do Érico Firmo

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