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O general na estratégia da oposição
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O general na estratégia da oposição

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A oposição no Ceará não tem nome para ser candidato. Então, escolheu um perfil. A estratégia faz sentido. Se não tem alguém competitivo, busca-se perfil mais à feição do que se acredita que deseje o eleitor. Fosse definir por nome, haveria dois competitivos: Tasso Jereissati (PSDB) ou Capitão Wagner (Pros). Um não quer de jeito nenhum. Outro poderia se viabilizar. Mas, fez movimentos que desagradaram o bloco. E oscilou entre as declarações de que seria candidato e de que não seria. Publicamente falou mal dos possíveis aliados. Não ficou clima para Wagner ter apoio real dos demais.

Sem o capitão, o bloco caminha para escolher o general. O motivo e o mote são claros: segurança. Essa será a tecla na qual o candidato de oposição a Camilo Santana (PT) irá bater. Quando Tasso estava no segundo mandato de governador e explodiu a crise na Polícia, ele recorreu a um general para ser secretário. De lá para cá, outros dois passaram pelo cargo. Agora, pelas mãos de Tasso, um general pode concorrer ao governo.

Não deixa de ser irônico que o homem responsável por derrotar os antigos coronéis venha a lançar um general a governador. A carga embutida é repleta de simbolismos. A imagem de militares na política agrega componentes que agradam muita gente: ideia de eficácia na segurança, de força, ordem. Por outro lado, é uma imagem pesada, carregada, associada a autoritarismo - dado o histórico das Forças Armadas no poder. É uma imagem conservadora.

Não é necessariamente ruim, mas é algo que a oposição estadual nunca se assumiu. Para não ir longe, em 2014, Eunício Oliveira (MDB) disputou com Camilo o posto de candidato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Estado. O Capitão Wagner que flertou, ou flerta, com Jair Bolsonaro (PSL) já quis se filiar ao Psol.

Há militares de esquerda, obviamente. Generais inclusive. E capitães - vide Luís Carlos Prestes e Carlos Lamarca. Não parece o caso de Guilherme Theophilo, herdeiro de uma tradicionalíssima, sesquicentenária, família de militares. De todo modo, o fato de a oposição assumir uma candidatura conservadora sem disfarces ajuda a deixar as coisas claras para o eleitor.

A chance de a empreitada ser vitoriosa me parece remota. Não me parece que o general imagine que vai estrear na política, num estado que não é o seu, e se veja eleito governador de cara. Também a oposição não se move como quem espere a vitória. Para o grupo de partidos, um resultado honroso já estará de bom tamanho. Assim como, para Theophilo, desempenho capaz de projetá-lo para eleições futuras será bastante proveitoso. O que vier além disso será muito lucro.

ACORDO ROMPIDO E A VERSÃO MAIS DURA DE UMA POLÊMICA REFORMA

Com o fracasso da reforma da Previdência, a reforma trabalhista se confirma como a mais polêmica medida aprovada pelo governo Michel Temer (MDB). Para um setor da sociedade - notadamente entre empresários - trata-se do que de melhor fez o emedebista. Para outro setor - grande parte dos trabalhadores - é a pior iniciativa da administração. Os defensores afirmam que a medida é boa para empregadores e para empregados, embora muitos desses últimos discordem e não vejam vantagem, pelo contrário.
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Pois bem. Para a reforma ser aprovada, em julho do ano passado, foi feito acordo com senadores para que mudanças ocorressem por medida provisória. Explico: os senadores não concordavam com vários pontos aprovados na Câmara. Porém, se houvesse mudanças, o texto teria de voltar para nova votação entre os deputados. Então, foi feito acordo assim: aprovava-se do jeito que estava e se mudava por medida provisória. Um arranjo, um arremedo.

Agora, o acordo caiu. A medida provisória, parte do acordo para aprovar a reforma, perdeu validade. O governo está fraco, esquálido. Não consegue fazer valer sua palavra. Nem sei se tem lá esse interesse todo nisso.

A MP atenuava pontos complicados — para não dizer indefensáveis — da reforma. A controversa legislação trabalhista que entrou em vigor em novembro está pior desde ontem, pelo misto de malandragem, gambiarra e fraqueza.

Foto do Érico Firmo

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