Logo O POVO+
O desafio de Alckmin
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O desafio de Alckmin

NULL (Foto: )
Foto: NULL


Quando Dilma Rousseff (PT) sofreu impeachment, o PSDB parecia a mais óbvia alternativa de poder para a eleição seguinte. Afinal, tucanos e petistas se alternam há 23 anos. Nenhum outro partido venceu ou foi ao segundo turno nas últimas seis eleições presidenciais. O PSDB personificou a oposição a Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Foi a força mais determinante para derrubar Dilma. Com a derrocada do PT, seria a opção previsível.

Porém, as opções tucanas ruíram uma a uma. Aécio Neves, o “primeiro a ser comido” no dizer de Sergio Machado. Depois José Serra. Até Fernando Henrique Cardoso se viu enrolado. Alckmin também. Mas, com a força de seguidas administrações em São Paulo e o controle da máquina partidária, se impôs muito pela falta de alternativa.

Porém, Alckmin não deslanchou até agora. O impeachment vai completar dois anos e ele mal consegue chegar a dois dígitos nas pesquisas. Com histórico de quem governou quatro vezes o maior estado do Brasil e já concorreu a presidente, tem desempenho de nanico nas pesquisas.

O PSDB se enrola nas ambiguidades e se complica nas denúncias de que é alvo e para as quais não responde convincentemente. A Justiça não deve deixar Lula ser candidato. Salvo reviravolta, é provável que o País rompa a polarização tucano-petista depois de duas décadas e meia.

Será ótimo se isso ocorrer. Ruim apenas que o motivo não seja a ascensão de novas alternativas, mas a decrepitude das velhas forças hegemônicas.

CRIME REINCIDENTE CONTRA MARIELLE

Há uma semana, o Brasil entrou em discussão doentia. Parcela significativa — barulhenta, pelo menos — da opinião se dedica a buscar motivos pelos quais uma vítima de assassinato foi morta. É intrigante, porque essas pessoas acusam a vítima, a vereadora Marielle Franco, de defender bandido. Mas são essas pessoas que ficam procurando motivos para explicar a ação dos criminosos. Procuram entender o que eles fizeram, as motivações.

Essas pessoas não param aí. Têm também se dedicado fortemente a reclamar e repreender as pessoas que estão tristes e impactadas pelo assassinato de Marielle. Que tipo de pervertido fica indignado com a tristeza ou comoção alheia? Com que direito recriminam o choro de alguém?

As pessoas dizem que a mesma comoção deveria ocorrer com todo mundo. Já expliquei por que o caso de Marielle não é igual a todos os outros. Você pode ler aqui, na coluna de sábado: bit.ly/marielleperguntas

[FOTO1] 

Porém, o que querem não é que todo mundo seja tratado igual. O incômodo não é com a falta de comoção com as outras mortes. É com o que consideram excesso com Marielle. Só no Ceará, foram mais de cinco mil homicídios em 2017. É hipocrisia ou delírio imaginar que a mesma repercussão da morte da vereadora ocorrerá em todos os casos.

Então, consciente ou inconscientemente, quem reclama do destaque à morte de Marielle deseja o silêncio sobre todas as vítimas. Que não haja protesto, clamor, revolta, comoção com nenhuma delas. A quem interessa isso? Quem ganha com isso?

Mas ainda não é só isso. Há os que se dedicam a inventar e propagar mentiras sobre ela. É doentio, criminoso, canalha. Só há três interesses possíveis em quem age assim:

1) Justificar ou atenuar o crime. Ou seja, defender e fazer o jogo dos bandidos.

2) Desviar a atenção dos culpados, tentando vincular a vítima a alguém, como forma de camuflar a autoria do crime. Ou seja: fazer o jogo dos bandidos.

3) Fazer politicagem barata e rasteira ao desqualificar uma pessoa assassinada.

Quem inventa mentira para vilipendiar vítima de assassinato já saiu do patamar de defender bandido. Essa pessoa se tornou, ela própria, criminosa.

 

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?