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Ciro, Camilo e o voto dos cearenses
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Ciro, Camilo e o voto dos cearenses

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Ciro Gomes (PDT) concedeu interessante entrevista a Carlos Holanda, aqui do O POVO. Parte das declarações foi publicada na terça-feira, 6, no O POVO Online, sobre o cenário nacional. Entre outras coisas, ele disse haver “centro estratégico de intriga” que tenta afastá-lo do PT. “Infelizmente, uma parte da burocracia do PT faz esse jogo”. Ele chamou críticas que faz ao partido de “constatação fraterna”.

Outra coisa que ele falou foi que não acredita que nenhum candidato se apresente na campanha como representante da base do governo Michel Temer (MDB). “Eles sentem que defender um governo que afrontou de tal forma os interesses populares, dos mais velhos, dos mais pobres, é alça de caixão”.

E ressaltou que nenhum dos pré-candidatos tem a experiência dele, Ciro. “Mesmo um cara mais experiente como (Geraldo) Alckmin (PSDB) não conhece o Brasil, porque nunca saiu de São Paulo para nada”. Leia mais neste link: bit.ly/cirofala1

Outra parte da entrevista foi publicada no O POVO de ontem, na qual ele trata de assuntos locais. Sobre a relação com Eunício Oliveira (MDB), ele afirma: “Distensionou bastante”, e completa: “Não serei eu a criar um obstáculo”. Mas, ressaltou que a aliança eleitoral terá de passar pelo PDT nacional que, por sua vez, é contra. Leia mais neste link: http://bit.ly/cirofala2

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Mas, o que me chamou atenção foi uma fala que pode ser praticamente protocolar, mas que embute importante mensagem sobre o lugar do Ceará na estratégia.

 

O PAPEL DE CAMILO

Carlos Holanda perguntou a Ciro sobre o apoio de Camilo Santana na eleição presidencial. O pedetista respondeu que o governador é do PT e “é muito natural que o Camilo apoie o candidato do seu partido”. Ressaltou que nunca exigiria nada de diferente dele, embora saiba que o petista é um grande amigo, por quem tem respeito e estima. “Mas, eu não vou constranger o Camilo obrigando-o a uma contradição dessa natureza”. Até aí é protocolo puro. O que diz na sequência, porém, é revelador.

“Aqui no Ceará, minha candidatura tem de pertencer ao conjunto da população. Porque não é um voto a mais ou a menos. É o Ceará, meu lugar, meu Estado, minha comunidade. Depois do que aconteceu com o Lula, que por isso eu creio que não será candidato, minha responsabilidade cresceu muito mais. Não vou enfrentar essa violenta resistência que eu vou atravessar no Brasil sem unir o povo do Ceará”.

O que ele está dizendo é o seguinte: para ter chance de bom desempenho no Brasil, ele precisa ter votação massiva no Ceará. Isso sem dúvida. Ele afirma isso para dizer que não é um voto a mais ou a menos - o de Camilo - que fará diferença, mas um apoio massivo.

Porém, como ter candidatura apoiada pelo “conjunto da população” sem respaldo do governador em busca da reeleição? Ora, Ciro será candidato sem um palanque no Ceará? Sem um candidato a governador que o defenda? Isso, pelo raciocínio de Ciro, inviabilizaria a candidatura dele.

Então, a conclusão lógica é que o discurso é mera formalidade e Camilo obviamente irá apoiar Ciro. Há, todavia, problema extra. A costura do entendimento entre o governador e Eunício partiu de Lula. Não é uma operação simples ter o ex-presidente costurando a aliança e, depois, dar as costas a ele e ao partido.

Camilo terá de caprichar no equilibrismo.

Foto do Érico Firmo

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