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A perspectiva da Reforma da Previdência ficar para 2019
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A perspectiva da Reforma da Previdência ficar para 2019

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Terminou o Carnaval e chegou o momento considerado limite para o governo Michel Temer (MDB) aprovar a reforma da Previdência. O presidente colocou como sete, numa escala de zero a dez, de chances de aprovação. Cálculo otimista. Quem conhece os bastidores da Câmara dos Deputados aponta que a possibilidade não chega a 50%.


A reforma estava prestes a ser votada em dezembro. A impressão é de que, neste período nebuloso entre Natal e Carnaval, quase nada avançou. Faltavam dezenas de votos e ainda faltam.


Para complicar, o Palácio do Planalto não se entende com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). E menos ainda com o presidente do Senado, Eunício Oliveira. O cearense é do MDB, mas não está gostando de os senadores serem tratados como coadjuvantes nas negociações. A votação no Senado parece mais simples, mas a aprovação não será automática.

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Quanto a Maia, ele disputa com Temer os louros da aprovação, que está seriamente ameaçada de não acontecer. O governo tem força, poder de barganha. Mas, precisará fazer em seis dias o que não conseguiu em 60.


O quadro pode mudar em uma semana, mas hoje parece mais provável a reforma ficar para 2019. O que significa para o próximo presidente.


O FUTURO DA REFORMA

No caso de Temer não conseguir aprovar a reforma da Previdência, a perspectiva para a reforma muda muito. A trajetória será outra. Será mais legítima. O assunto estará na pauta da campanha e os candidatos terão de ter posições claras sobre esse assunto.

Em 2014, ninguém falou em mudar as aposentadorias. No seu ocaso, Dilma Rousseff (PT) pensou em reforma e Temer consumou o projeto. A população foi iludida. O eleitor deve ter a palavra final numa democracia e, mais do que nomes, é muito ruim que a principal política de um governo não passe pelo crivo popular. Não é democrático, não é correto, não é legítimo, não é justo, não é ético.


Portanto, que bom que o tema possa estar na pauta de uma campanha e seja debatido de forma transparente com o soberano do poder de decisão. Não esse debate furreca que se pretende, no qual o povo é comunicado sobre o que se decide lá em cima. O eleitor poderá conhecer projetos e decidir.

 

O GRITO E A PERSPECTIVA DO GOVERNO

Gritos de “fora, Temer” voltaram a ser uma constante no Carnaval deste ano. Se em outro momento já foi manifestação real pela saída do presidente, agora representa uma forma de demonstrar a rejeição a Michel Temer (MDB). A essa altura, porém, não é factível imaginar a saída dele e, cá pra nós, nem faria sentido.

Temer vai se agarrar na cadeira até dezembro, embora seja muito duvidosa sua capacidade de aprovar qualquer coisa. Em Brasília, cada vez menos gente acredita que passe a reforma da Previdência, prioridade máxima deste governo. Mesmo sem norte, o emedebista vai ficando. O presidente consumiu muito de seu capital político para arquivar as denúncias e a margem de barganha ficou rala.


Mas, não fosse o apego ao cargo pelo qual tanto articulou, talvez a grande sacada que Temer pudesse fazer pelo bloco governista seria renunciar. Pense bem: o presidente é muito impopular. Se sai, Rodrigo Maia (DEM) assume por três meses e convocaria eleição indireta. A chance de o deputado do DEM ficar para mandato tampão seria enorme. Com chance de tentar a reeleição.


Bom, Maia é menos conhecido e, portanto, menos impopular. Não ficou com a pecha de Temer de quem conspirou para derrubar a colega de chapa. Com isso, ao menos a rejeição imediata ao Planalto diminuiria e daria um pouco mais de perspectiva a um candidato governista. O tempo para votar qualquer coisa está praticamente esgotado, mas o eventual novo presidente ainda poderia fazer uma recomposição ministerial, o que sempre rende crédito político. Além de “zerar a fatura” que Temer já consumiu.


Nada disso vai acontecer de jeito nenhum. É apenas uma conjectura. Mas, diante da impopularidade extrema e da falta de rumo do governo para tocar suas prioridades, talvez o que de melhor poderia ocorrer para o bloco governista seria o presidente atender os pedidos de “fora, Temer”.


Foto do Érico Firmo

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