A MRV no Salão do Automóvel
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A MRV no Salão do Automóvel

2018-11-15 01:30:00
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Já imaginou um prédio de apartamentos com um carro elétrico na garagem para ser compartilhado pelos moradores? Pois esta é uma das novidades anunciadas no Salão do Automóvel de São Paulo, aberto até domingo. Fruto de parceria entre a MRV (maior construtora residencial da America Latina) e a Renault, dois elétricos (Zoe) serão utilizados experimentalmente em seus prédios de apartamentos em construção com células fotovoltaicas para geração de energia elétrica. É uma síntese perfeita das tendências do setor: o elétrico e o compartilhamento substituindo a posse do automóvel.

Elétricos

 

Alias, híbridos e elétricos nunca marcaram presença tão destacada. A maioria não é de carros-conceito, mas tampouco terão volumes significativos no mercado a curto ou médio prazo. Assim como o Renault Zoe (R$ 150 mil), outras marcas apresentaram elétricos com vendas previstas para 2019, mas preços ainda amargos. Entre eles, o Chevrolet Bolt (R$ 175 mil) e o Nissan Leaf (R$ 178 mil). A japonesa foi a única a mergulhar "de cabeça" no carro a bateria, pois o Leaf é o elétrico mais vendido no mundo. Outras asiáticas apostam nos híbridos, e a Lexus, por exemplo, marca de luxo da Toyota, vai oferecer apenas estes veículos no Brasil a partir de 2019.

 

Raro encontrar um estande sem pelo menos um híbrido ou elétrico. Além disso, vários deles estão disponíveis para uma "voltinha" numa pista externa preparada para test-drive. Fenômeno em todo o mundo, o elétrico vai atrair o brasileiro e conquistar significativos volumes de vendas? O mais provável é de o híbrido assumir essa posição, pois não enfrenta as mesmas barreiras que o elétrico. Em primeiro lugar, pelo seu elevado preço, provocado pelo custo da bateria que encareceu (ao invés de baratear) para aumentar sua autonomia para 350 a 400 km.

 

Outra dificuldade do elétrico é sua recarga. Ainda são poucos os postos nas rodovias com tomadas específicas. Mesmo o reabastecimento doméstico pode ser complexo: existem tomadas suficientes na garagem do prédio de apartamentos? E se todos decidirem recarregar simultaneamente, o circuito elétrico do edifício suportaria a demanda de carga da garage?

 

Autônomos

 

Também marcam presença na exposição. Mas, se há dificuldades para os elétricos, ainda vai correr muito mais água sob a ponte até chegarem aqui os carros que dispensam motoristas. Alguns dos dispositivos de segurança dos autônomos podem ser utilizados, pois independem de vias públicas preparadas: um deles é o alerta para não ultrapassar na estrada pela presença de um carro logo atrás na outra faixa, outro é o sistema de freios emergenciais que evitam bater no carro da frente ou atropelar um pedestre. Já equipam carros premium como Audi, Mercedes, BMW ou Volvo. Mas, o autônomo que dispensa a atenção constante do motorista (Nível 3) ainda está sendo homologado na Alemanha. E as fábricas imaginam mais 10 a 15 anos para se chegar ao nível 5, o carro sem comandos.

 

Utilitários

 

Os "queridinhos" do público não poderiam faltar na festa: também difícil um estande sem pelo menos um novo utilitário esportivo, segmento que mais cresce no mercado brasileiro. E tem SUV, acreditem se quiser, até entre os mais sofisticados e caros automóveis do mundo: Lamborghini Urus, Maserati Levante Trofeo e... Rolls Royce Cullinam. Esse pela bagatela de R$ 4,4 milhões! Cabe perguntar, pois é mistério - para mim - esta estapafúrdia preferência do consumidor pelo SUV: o prezado levaria um Rolls para chafurdar na lama?

 

Esportivos

 

Carros de sonho com preços de pesadelo são a cereja do bolo de qualquer salão. No de São Paulo, o MacLaren Senna por R$ 8 milhões não é o mais caro: ainda tem o Mercedes One por R$ 10 milhões. Os três que o encomendaram devem ter se esquecido do custo adicional de chamar o Lewis Hamilton para pilotá-lo?

Boris Feldman

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