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Aquela peça...

2017-01-17 01:30:00

Não adianta o motorista na estrada achar que espanta o sono, pois acabará irremediavelmente nocauteado por ele: não é por acaso que alguns automóveis mais modernos e sofisticados detectam sua sonolência e acendem um aviso no painel, acompanhado de uma xícara de café... Motoristas mais experientes nem tentam: quando percebem o sono chegando, encostam no primeiro lugar seguro, como um posto, para uma cochilada. Uma soneca de meia hora costuma reabilitar o motorista para mais algumas horas ao volante.


Outro vicio é o péssimo hábito do pé apoiado no pedal da embreagem e a mão na alavanca de mudanças. Quando alertados, juram que só encostam o pé (ou a mão) sem acioná-los. Engano: qualquer trepidação ou pequeno solavanco é suficiente para que sejam acionados imperceptivelmente. Não é à toa que muitos automóveis são projetados com um apoia-pé à esquerda da pedaleira.

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Motorista nem imagina o risco que corre ao dirigir com o braço esquerdo dependurado fora da porta: muitos já sofreram ferimentos graves e foram parar no pronto-socorro por esta inexplicável mania. Outro perigo é dirigir na estrada com os vidros abertos: além de outros riscos, se o carro se envolve num acidente e capota, é frequente o braço (esquerdo) do motorista ou (direito) do passageiro se movimentar para fora e serem atingidos ou até esmagados pela carroceria. É por isto que modelos mais modernos e sofisticados, ao detectar a possibilidade de um capotamento, entre outras providências fecham o teto solar e os vidros.


Quantos carros já desceram sozinhos ladeira abaixo sem motorista ao volante e provocaram acidentes graves? Logo depois, a cena habitual: o dono do carro que chega apavorado jurando ter puxado o freio de mão. Mas, se o carro desceu sozinho é porque se esqueceu de engatar primeira ou ré. E, se puxou o freio, não o fez com muita força, como manda o figurino. Mas, por que exagerar o esforço ao puxar a alavanca do freio de estacionamento? Porque, ao ser estacionado, os componentes do freio estavam aquecidos e dilatados. Minutos depois, quando esfriam e “encolhem”, não travam mais as rodas caso a alavanca não tenha sido acionada com muita força.


Ar condicionado está se popularizando, pois além do conforto virou item de segurança e permite manter os vidros fechados. Um de seus comandos é um botão que tem desenhado um círculo com uma seta. Ele bloqueia a troca do ar ambiente com o externo e deve ser acionado em locais com muita poeira ou fumaça, ou atrás de um caminhão expelindo uma nuvem preta de fuligem. Ou para acelerar a refrigeração do carro muito aquecido. Entretanto, a maioria dos motoristas não percebe o perigo de manter este comando acionado durante horas: com as janelas fechadas e a troca entre os ambientes externo e interno bloqueada, o ar do habitáculo ficará viciado e contaminado com o gás carbônico expelido pelos passageiros, nocivo à saúde.


Motorista que faz uso de remédio “tarja preta” (ansiolíticos, antidepressivos e outros) pode ter prejudicada sua atenção ao volante, perder concentração, rapidez de reflexos, coordenação motora e avaliação de riscos. O mais grave - e que poucos imaginam - é que remédios simples e vendidos sem controle (antigripais, antialérgicos e analgésicos) também causam reações adversas, pois contêm anti-histamínicos que causam sonolência e tonturas.


Tem motorista que se sente um ás ao volante (ou “asno”?) por sua extraordinária coordenação motora. Ao parar numa subida, controla a embreagem e o acelerador para manter o carro parado sem pisar no freio. Depois vai à concessionária exigir garantia do disco de embreagem que se desgastou na metade do tempo previsto...


Adriano Nogueira

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