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Assembleia: Todo mundo junto (de novo)

2019-02-04 09:39:24
Carlos Mazza (Foto: Fabio Lima/O POVO)
Carlos Mazza (Foto: Fabio Lima/O POVO)

Mais que simplesmente alçar Sarto Nogueira (PDT) ao comando do Legislativo estadual, eleição da Mesa Diretora da Assembleia na última sexta-feira também deixou transparente como está configurada a nova correlação de forças do poder no Ceará. Além do próprio novo presidente da Casa - vitorioso após “virada de mesa” protagonizada por Cid e Ciro Gomes (PDT) na base aliada - demais seis membros da Mesa mostram uma composição diversa, selando de vez a reaproximação de gente que era oposição a Camilo Santana (PT) até poucos meses antes da eleição passada.

Neste sentido, se destaca principalmente a presença de Danniel Oliveira (MDB), eleito 2º vice-presidente de Sarto, na nova “elite” do Legislativo. Sobrinho do ex-senador Eunício Oliveira (MDB), o deputado foi um dos líderes da oposição de Camilo no mandato passado e protagonizou diversos embates com a base do governo. Costurada de dentro da base aliada, a presença de Danniel simboliza que nem a derrota do tio nem seus posteriores embates com outros governistas afastaram a reaproximação entre emedebistas e Camilo no Ceará.

Outra presença curiosa no comando do Legislativo é da deputada Patrícia Aguiar (PSD), eleita 3ª secretária da Assembleia. Ela é esposa do ex-presidente do extinto Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Domingos Filho (PSD), que entrou em rota de colisão direta com o governismo depois da última eleição para o comando da Assembleia, em 2017. Na época, Domingos apoiou candidatura rebelde de Sérgio Aguiar (PDT), que acabou derrotado pelo candidato oficial do governo e dos irmãos Ferreira Gomes, Zezinho Albuquerque. A briga foi feia, com o TCM acabando extinto. A mesma Mesa Diretora que separou o clã de Domingos e a base, no entanto, agora os une de novo.

Por último, também foi eleita para a Mesa a deputada Aderlânia Noronha (SD), que assumiu como 2ª secretária da Assembleia. Ela é esposa do deputado federal Genecias Noronha (SD), outro que migrou para a oposição após a eleição de 2014. Genecias, que chegou a defender publicamente uma candidatura de Tasso Jereissati (PSDB) contra Camilo ainda no ano passado, volta agora mais uma vez para o ninho da base aliada.

A maioria das reaproximações já havia ocorrido pouco antes de outubro passado, e a alta taxa de votos de Camilo Santana - reeleito com mais de 79% dos votos do Estado - ajudam a explicar o por quê da “saudade” dos ex-opositores do ninho aliado. Agora, com a eleição da Mesa da Assembleia, a parceria fica selada - ao menos pelos próximos dois anos. Confuso fica o eleitor

Mas é como dizem: a política é dinâmica.

A cota Camilo

Mesmo com "cabeça" ditada por Cid e Ciro Gomes, também chama a atenção na nova composição da Mesa a forte presença de gente de confiança do governador Camilo Santana (PT). Entre os nomes, se destaca a eleição de Evandro Leitão (PDT) para 1ª secretaria da Casa - o segundo cargo mais importante do Legislativo estadual.

Líder do governo na Assembleia durante o 1º mandato de Camilo, Evandro chegou a ser o preferido do governador para assumir o comando do Legislativo, mas manteve, mesmo preterido por Sarto, posição de destaque na Mesa. A outra posição camilista vem com Fernando Santana (PT), 1º vice-presidente da Casa.

Ex-integrante do antigo Gabinete do Governador, Fernando é concunhado de Camilo e homem da mais proximidade e confiança do petista. Acabou sendo a “surpresa” da eleição, uma vez que o próprio presidente do PT no Ceará, Moisés Braz, já havia dito que seria ele o integrante do partido na Mesa Diretora. Acabou deixado de lado.

Papa-tudo

Curiosa a iniciativa entre PDT e PSD em formar bloco na composição da Assembleia. Caso vá para frente a iniciativa, o “blocão” juntaria um terço de todos os deputados da Casa, tendo direito a presidir pelo menos seis comissões do Legislativo e indicar três membros em cada grupo de trabalho. Uma presença e tanto.

Outra proposta curiosa é de bloco entre PT e MDB na Casa. Teriam petistas e emedebistas superado o trauma do impeachment de Dilma Rousseff (PT) no Ceará?

O Povo