Um emaranhado de sintomas, com origens diferenciadas, comorbidades (combinação de mais de uma doença) das mais variadas e tratamentos específicos. O maior sinal de alerta da insuficiência cardíaca é a fração de ejeção do coração diminuída. Quando o órgão perde a força para bombear sangue, afetando diretamente todo o organismo, com destaque às funções renal, cognitiva e hepática.
Na grande maioria das vezes, o paciente busca ajuda com um perfil clínico descompensado. Com problemas no bombeamento há uma ativação neurohormonal, que provoca estimulações nocivas como o aumento das catecolaminas, que são hormônios liberados na circulação sanguínea. "Pode provocar vasoconstrição periférica, diminuição da pressão arterial e da função renal. É uma cascata de coisas", explicou o médico João David.
A fração de ejeção afetada é o centro das suspeitas, mas há subtipos de insuficiência cardíaca que não exibem o problema. De acordo com o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Denilson Albuquerque, esses casos acontecem normalmente com pacientes com doenças autoimunes, idosos e com hipertensão não controlada. "Uma velhinha chega na emergência com os sintomas, mas com a fração de ejeção preservada ela acaba sendo diagnosticada com água na pleura ou pneumonia", explica.
Uma tabela de pontos pode ser utilizada para o diagnóstico correto. Pontos para falta de ar, pressão alta, inchaço nas pernas. "Vai somando, se ultrapassar o limite, de 7 ou 8 pontos, você pode diagnosticar. É importante a gente saber que existe paciente que não tem o perfil totalmente esperado", ressalta Denilson. As causas para a insuficiência cardíaca também variam.
Um infarto, onde um vaso entupiu, não mandou sangue para determinada região do coração, o músculo morre e perde capacidade. Pessoas que tiveram febre reumática, com danos à válvula mitral, fazendo o coração ter que compensar esse estímulo da válvula, vai dilatando e perde força contrátil. Tem ainda infecção do músculo cardíaco por vírus ou bactéria, que também afeta a capacidade do órgão.
"Uma doença que tem sido diagnosticada em relação à insuficiência cardíaca é a amiloidose. A amilóide é uma proteína anormal que se deposita nas fibras do coração e o deixa mais duro", explica o médico do Hospital de Messejana João David. Conforme ele, é uma doença genética, hereditária, que possibilita a prevenção e o diagnóstico precoce da insuficiência cardíaca. (Sara Oliveira)
Medição
Uma tabela de pontos pode ser utilizada para o diagnóstico correto da insuficiência. Pontos para falta de ar, pressão alta, inchaço nas pernas. A partir de 7 ou 8 pontos, já se pode diagnosticar.