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Não sabe? Peça ajuda!

01:30 | 01/07/2019

Uma das preocupações profissionais que me tirava o sono, ainda como acadêmico de educação física, era como lidar com tantos clientes com status de saúde tão diferentes? Conclui que não bastava apenas conhecimento e experiência, eu precisava me conectar com outros profissionais que também estavam envolvidos com a saúde dos meus clientes e também com especialistas de áreas afins que poderiam me fornecer informações complementares sobre situações que, apesar de envolver exercício físico, extrapolavam minha área de conhecimento. Agregando essas informações, certamente tomaria decisões de prescrição mais coerentes e fundamentadas.

Assim fiz e venho fazendo ao longo de mais de 30 anos. Uma das consequências dessa prática é uma coleção de amigos e parceiros nas ciências da saúde, mais especialmente na fisioterapia, nutrição e em muitas especialidades da medicina. Essa boa convivência não significa concordância de ideias, muito pelo contrário. Nesse tempo todo, participei de muitos debates acalorados sobre conceitos e ideias relacionados ao exercício, mas a vontade de aprender e ensinar é muito maior que a de vencer uma discussão.

Sabemos que nas profissões que compõem a área da saúde também há vaidade, mas é possível construir uma espécie de "blindagem" contra polêmicas ou ciúmes sobre qual área é mais importante. Para isso, o profissional precisa estar seguro das intervenções profissionais que está legalmente habilitado para aplicar, ter conhecimento suficiente para adotar meios e métodos baseados em evidências de boa qualidade, acumular experiência para realizar ajustes e adaptações de acordo com as condições individuais, além de muito respeito pela profissão alheia.

Fico muito confortável ao consultar um profissional de outra área sobre um tema que lhe seja mais familiar ou indicar alguém que esteja habilitado para dar um diagnóstico sobre uma determinada queixa que compromete a segurança do treinamento. Pedir ajuda não desvaloriza, pelo contrário enobrece e faz aumentar as probabilidades de um desfecho satisfatório. Nesse contexto, gostaria de dar duas sugestões para você, que por conta de sua atividade profissional, precisa recomendar atividade física para seu paciente:

1 - pratique atividade física! Garanto que será muito mais fácil você convencer seu paciente da importância de aderir ao programa de exercícios se ele souber que você acredita tanto nessa ideia que a incorporou para sua vida. Estudo de 2017 desenvolvido pelo Institute of Lifestyle Medicine demonstrou que médicos ativos fisicamente recomendam atividade física para seus pacientes com mais frequência e entusiasmo;

2 - não recomende a prática de exercícios físicos baseado apenas nas suas preferências pessoais ou no senso comum, também não se limite ao que foi discutido nos bancos da universidade há tanto tempo. Faça o seguinte: se esse tema não faz parte de sua leitura ou do seu interesse, peça ajuda a um profissional de educação física responsável e competente, certamente há alguém habilitado próximo de você ou mesmo do seu paciente.

Profissionais de saúde deveriam dimensionar, de uma forma imparcial, as limitações de suas respectivas intervenções, o que envolve compreensão sobre a globalidade do ser humano, algo difícil em uma sociedade que hipervaloriza a especialização e inflaciona os egos de seus profissionais. Sigamos com esperança.

Bons treinos!

 

Rossman Cavalcante

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