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Dor pós-treino: Bom ou ruim para o corpo?
Ciência e Saúde

Dor pós-treino: Bom ou ruim para o corpo?

O desconforto após uma prática esportiva é normal, mas é preciso saber a diferença entre as dores "boas" e "ruins"
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Iniciar um ano, além das expectativas pelas boas novas, é também tempo para cumprir antigas promessas, como a busca por uma vida mais saudável. Para isso, pode-se recorrer a inúmeras atividades físicas, que, apesar das diferenças, carregam algo em comum: as dores pós-treino. E elas podem se originar de modos distintos, em uma ou mais partes do corpo, conforme a prática escolhida. Contudo, há que se tomar um mesmo cuidado na execução dos exercícios: evitar que as ditas dores "boas" se agravem, acarretando, por exemplo, alguma lesão.

 

"A dor muscular tardia - delayed onset muscle soreness (Doms) - é causada por danos de pequena escala (microtraumas) às fibras musculares. Essas rupturas são lesões microscópicas na linha Z do sarcômero (célula) muscular", explica Pedro Lima, professor e chefe do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (Famed/UFC).

 

Conforme o especialista, os danos musculares, em geral, duram de 24 a 72 horas após a realização do exercício, e podem ser originados pelas contrações (concêntricas, excêntricas e isométricas), podendo também serem potencializadas pela carga do treino, número de repetições, intervalo de repouso, alimentação, entre outros.

 

A gerente comercial Joyce Fontenele, 30, comenta que gosta de se exercitar desde a Educação Física nos tempos de colégio. Após a musculação, Joyce decidiu conhecer o crossfit, e adianta que no início sentiu muita dor. "Toda vida que você muda um exercício ou alguma prática física, você sente mais (dor) até se adaptar. Até mesmo na musculação, se você muda o cronograma, fazendo atividade, você percebe", compara Joyce.

 

A designer editorial Sarah Rêgo, 27, pratica rúgbi desde os 17. Há aproximadamente dois anos, ela resolveu entrar também no crossfit para melhorar o rendimento físico no rúgbi e afirma ter se "apaixonado" pelo esporte.

 

Como as duas modalidades são de alta intensidade, a designer afirma já estar acostumada com a dor. "Se não dói é porque você não treinou", brinca. "A dor acaba sendo uma companheira de treino. Depois de um campeonato, nossa, parece que passou um caminhão em cima de você. Mas eu, particularmente, aprendi a lidar com a dor. Posso até falar que eu gosto de sentir dor depois do treino, depois de um campeonato, porque significa que eu dei meu máximo, que eu tô evoluindo, de certa forma, no esporte", dimensiona Sarah.

Contudo, Pedro lembra que a dor é uma experiência desagradável, que também serve como um alerta para o corpo, informando que algo está ou pode estar acontecendo.

 

"A dor induzida pelo exercício é uma sensação já esperada por quem pratica atividade física. É o resultado esperado após um treino realizado corretamente. Com o passar do tempo o condicionamento físico vai melhorando e a percepção da dor pós-exercícios vai diminuindo", explica o fisioterapeuta sobre o que são as chamadas "dores boas".

 

Já quando o exercício é realizado sem adequada orientação e supervisão profissional sobre o controle de carga, número de repetições, intervalo de repouso etc., o praticante poderá sofrer um dano excessivo em outros tecidos, como articulação, tendão, e até no próprio músculo, causando as "dores ruins", explica Pedro.

 

Para diferenciá-las, o fisioterapeuta explica que essas dores têm intensidade e duração dos sintomas mais prolongadas, e podem vir acompanhadas de outros sinais clínicos, como hematoma, edema etc. A recomendação, nestes casos, é buscar um especialista para consulta e avaliação.

 

As áreas do corpo mais propensas às dores, a depender da atividade praticada, em geral, são os grandes grupos musculares como: quadríceps (anterior da coxa), isquiotibiais (posterior da coxa), panturrilha, bíceps e tríceps (braço), e peitoral.

 

Sobre conviver com as dores, a designer diz que aprendeu a aceitá-las. "Sei que, por exemplo, se eu passar uma semana sem treinar e voltar, vou ficar muito dolorida. Já venho para o treino sabendo que algum músculo, que eu nem sabia que existia, vai sair doendo. Então é muito do psicológico e do cuidado pós. Você não apenas conviver com a dor, mas cuidar, porque ela sempre vai estar presente", resume.

 

BOM SABER

 

ÁCIDO LÁTICO

 

definitivamente não é o causador da dor muscular tardia, é o que diz Pedro Lima, professor e chefe do Departamento de Fisioterapia da UFC. O composto costuma ser associado às dores musculares, provenientes da atividade física, e ocorre devido ao estresse metabólico proveniente das microlesões na célula do músculo (inflamação local), contribuindo para o incômodo.


MÚSCULOS PROFUNDOS

 

Menos visíveis (esteticamente) são responsáveis por garantir a estabilização das articulações durante a realização dos movimentos, bem como na manutenção das posturas estáticas. Por isso, é fundamental exercitar essa musculatura.

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