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A menos valia do corpo
Ciência e Saúde

A menos valia do corpo

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Tipo Notícia

Interno e externo se interligam. Ou se digladiam. No meio do fogo cruzado ? sofrimentos e predisposições internas ante as pressões da sociedade ? o corpo é vítima. Conforme Joana de Vilhena Novaes, professora da Universidade Veiga de Almeida e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), é inegável que "o fator ambiental e uma cultura como a nossa fomenta em grande maneira que a pessoa entre nesse tipo de caso". "A questão da severidade, a disciplina e o rigor estão em consonância com valores contemporâneos. O corpo como fonte de investimento e capital", avalia.

 

Nesse contexto, as redes sociais são uma forma de disseminação e reprodução das normas do "bem viver". De acordo com a psicóloga, as redes sociais ditam a forma de se comportar e alimentar, cumprindo uma função que já foi da televisão, jornais e rádios. "Uma superexposição e massificação de corpos".

 

Já pode se observar, no entanto, espaços de fuga e resistência. "Comunidades onde tem o bodypositive no tocante a uma maior aceitação. Nesse sentido é uma mídia muito mais democrática, não gosto de uma ideia de que as redes os sociais são prejudiciais. Depende do uso que você faz, as páginas que você frequenta. Nesse sentido, você cria um espaço para uma diversidade maior de indivíduos antagônicos. Pode ser um espaço de acolhimento".

 

Isso está relacionado a uma menos valia e falta de aceitação, relaciona Karine Benevides, psicóloga do Centro de Tratamento dos Transtornos Alimentares (Cetrata) do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). "A pessoa começa a ter condutas que vão trazer um sofrimento orgânico. Como se vê mais gorda, toma purgante para emagrecer, come e vomita. Deixa de comer porque sempre está se vendo gorda, muito acima do que na verdade tem. Esse tipo de atitude está associado a uma menos valia, não aceitação de si. Quando dentro da gente existem esses fatores, no externo tem esses padrões de beleza, existe uma fragilidade emocional".

Ana Rute Ramires

 

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